Paim cobra medidas inovadoras para crise e critica bancos por quererem manter ganhos "abusivos"
Depois de apontar indicadores que mostram o avanço da crise financeira internacional sobre a economia brasileira, o senador Paulo Paim (PT-RS) cobrou nesta sexta-feira (13), em Plenário, rapidez nas soluções para o enfrentamento do quadro recessivo. Segundo ele, o país precisa inovar, não se limitando a "copiar" medidas adotadas por outros governos. No diagnóstico da situação, Paim dirigiu pesadas críticas ao setor financeiro.
- As taxas de juros são uma verdadeira agiotagem. Os bancos não querem abrir mão de seus lucros abusivos. Agora, apesar da crise, querem manter os mesmos ganhos, mandando a conta para os trabalhadores e a população - disse.
Paim disse não ter dúvidas de que a crise "bateu às portas" do país e "só não vê quem não quer". Depois de observar que os trabalhadores são "as primeiras vítimas", ele destacou que houve um aumento na taxa de desemprego em janeiro de 7,7% em comparação com igual mês do ano passado, já havendo previsão de que o percentual deve ficar entre 9% e 10% em 2009. Na indústria de calçados, disse, fala-se em dez mil demissões.
- Desde o início da crise, grandes projetos de investimentos foram cancelados ou adiados. A demanda se retrai diante da escassez de crédito e as taxas de desemprego só podem subir. O sentimento da população é de total incerteza e desconfiança no futuro - lamentou.
Aposentadoria voluntária
O senador salientou que o Congresso não pode ficar de fora do debate sobre medidas para reduzir os efeitos da crise e adiantou que pretende propor amplo debate na Subcomissão de Trabalho e Previdência Social, que funciona no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Entre as medidas sugeridas pelo senador, está um programa de aposentadoria voluntária para aqueles trabalhadores que já possuem tempo para se retirar - e que, como disse, só permanecem trabalhando para evitar perder parcela de seus ganhos por causa da aplicação do chamado fator previdenciário.
- Se construíssemos um grande entendimento e acabássemos com o fator previdenciário, poderíamos trabalhadores nesse programa e, desde que aceitassem a aposentadoria voluntária, esses aposentados estariam fortalecendo o consumo e ainda abrindo vagas de emprego para os jovens - explicou.
Paim disse que outros países já adotaram soluções semelhantes em tempos de crise, como a França e a Itália. Em favor da ideia, ele argumentou que essa é umaproposta com mais potencial para acionar o mercado do que determinados auxílios diretos às empresas e ofertas de recursos para os bancos ativarem o crédito, pois nem empregos são preservados nem o crédito chega às empresas.
Paim se disse tranquilo em relação a eventuais críticas às suas ideias, apontadas como "sonhadoras e irrealistas", pois muitas vezes elas acabam se concretizando. Como exemplo, registrou que antes de o governo fazer programa de bolsas universitárias para estudantes de baixa renda (Prouni), ele, Paim, já havia sugerido a medida por meio de projeto de lei. Para o senador, não vale o argumento de que faltam recursos para iniciativas que favoreçam a sociedade, quando o dinheiro está sempre disponível para atender pleitos que interessam a poucos, como seria o caso, agora, da proposta de reajuste de 13% para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que ganham o teto salarial do setor público.
Pano velho
Em apartes, os senadores Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Marina Silva (PT-AC) apoiaram Paim. Mozarildo disse que o governo precisa de fato agir com rapidez contra a crise e para isso pode contar com o mecanismo das medidas provisórias, nesse caso para questões de fato "urgentes e relevantes". Para Marina, o mundo enfrenta também uma crise ambiental e a necessidade de medidas rápidas não deve ser desculpa para soluções sem sustentabilidade ecológica. Como disse, pressões desse tipo cercam projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e ceder a elas significaria "colocar remendo velhos em pano velho".
13/02/2009
Agência Senado
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