Paim: ruralistas estão querendo entregar terras mediante indenização
O presidente em exercício do Senado, senador Paulo Paim (PT-RS), disse que proprietários rurais brasileiros estão pedindo para entregar suas terras para a reforma agrária em troca de indenização da União. O senador disse ter recebido esta informação do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, com quem almoçou nesta quinta-feira (31), no ministério.
- O ministro me disse que há muita gente alegando que a terra pode ser produtiva, mas não dá o lucro esperado. Então essa gente tem interesse em que a terra seja desapropriada e o dono indenizado para efeito de reforma agrária. E se há vontade de inúmeros proprietários de terra em fazer essa negociação com o governo, se há vontade do governo em fazer a reforma agrária e se os sem-terra estão na porteira para entrar, só falta o aporte de recursos - afirmou o senador.
Rossetto, que almoçou com Paulo Paim depois de reunir-se no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e nove outros ministros, teria dito ao presidente que não há recursos para essas indenizações. De um orçamento de R$ 480 milhões para a reforma agrária, disse Paim, o ministério ficou com R$180 milhões.
- Ele [Rosseto] disse que, com R$180 milhões, não faz reforma agrária nem no Rio Grande do Sul, o que dirá no Brasil - relatou Paim.
Paim disse ainda que, antes de viajar para a África, o presidente Lula prometeu ter uma nova conversa para discutir com Miguel Rossetto a definição de recursos para a reforma agrária.
- O ministro me disse que o presidente Lula está sensível ao problema da reforma agrária e que vai aprofundar esse debate para mover a máquina do governo - relatou.
Durante o almoço, Paim foi informado sobre a invasão da fazenda do senador José Agripino (PFL-RN), uma área produtora de melões, a 41 quilômetros de Natal, e sobre a proposta do Ministério do Desenvolvimento Agrário no sentido de que a fazenda fosse entregue para a reforma agrária mediante indenização.
- Isso é bom para o proprietário e bom para o governo, que quer fazer a reforma agrária acontecer - disse Paim.
O senador disse ainda que, em razão dos entendimentos anteriores à ocupação, o Incra manterá a vistoria já programada. Ele considerou precipitada a ocupação, disse que ela não ajuda em nada e considerou importante a decisão do ministro Rossetto de manter o processo de vistoria para que a fazenda seja negociada com o estado e destinada ao assentamento de trabalhadores sem terra.
Na mesma entrevista, Paim foi questionado sobre a hipótese de o acirramento do movimento dos sem-terra ser uma conseqüência da falta de ação do governo nesse assunto.
- Em nenhum país do mundo um governo com sete meses pode atender toda a demanda da sociedade. Isso é um processo que estamos a construir e que ainda acontecerá. No momento, é preciso muita tolerância, entendimento e bom-senso para que consigamos fazer uma reforma agrária pacífica, ordeira e nos limites da lei - disse o senador.
31/07/2003
Agência Senado
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