País ainda precisa de ‘esquerda política’ para promover as mudanças, diz Cristovam
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu em Plenário, nesta sexta-feira, a tese de que o país necessita repensar o conceito de progresso, adotando padrão de desenvolvimento sustentável, inclusivo e inovador no campo tecnológico. Além disso, Cristovam sustentou que o país continua precisando de uma “esquerda política” para conceber e promover as transformações.
- Quem vai formular isso, não importa de que partido ou sigla seja, vai ser de esquerda, porque vai trazer o novo – afirmou.
De acordo com Cristovam, para avançar, o país depende de políticas capazes de igualar o acesso de cada cidadão a educação, saúde e justiça. Na sua visão, ser de esquerda é exatamente desejar e ser capaz de propor formas de garantir essas três conquistas essenciais.
- Não é possível que continuemos tolerando que os cérebros sejam queimados por falta de escola, porque o pai não tem dinheiro, ou porque a cidade em que nasceu e vive não tem escolas boas – observou.
Para o senador, também não pode ser considerado “decente” um país em que um uma “pessoa vive mais ou vive menos” conforme o dinheiro que tenha ou não para pagar um bom plano de saúde. Usou o mesmo raciocínio para destacar a necessidade de igual acesso à proteção da Justiça, ao reprovar o fato de uma pessoa ser tratada de modos diferentes dependendo da disponibilidade de recursos para pagar um bom advogado.
O senador observou que sua intenção inicial era falar da recente morte de “dois gênios”, os humoristas Chico Anísio e Millôr Fernandes. Porém, disse que se sentiu estimulado pelas reflexões anteriores do senador Roberto Requião (PMDB-PR), sobre o esvaziamento dos partidos que se intitulavam de esquerda, para ligar os dois assuntos: a seu ver, os humoristas foram exemplos de pensadores rebeldes que agora vão fazer falta ao país, a mesma lacuna que existe em termos de um pensamento de esquerda engajado com uma nova visão de progresso.
Conforme o senador, o progresso depende ainda de inovação tecnológica, e não apenas de medidas para preservar o antigo modelo industrial. Observou que o desenvolvimento também deve ser associado ao aproveitamento sustentável da biodiversidade. Cristovam lembrou que, ao discutir o novo Código Florestal, o país tratou apenas sobre “quanto deve ser permitido derrubar ou não florestas”, e não do próprio valor da biodiversidade.
- Ser de esquerda hoje é incorporar a proteção ao meio ambiente, a biodiversidade como parte do progresso. Ser de esquerda é não ficar apenas na assistência social do Bolsa Família e dizer que este País não terá mais exclusão social – destacou.
30/03/2012
Agência Senado
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