PAÍSES QUE PROIBIRAM PUBLICIDADE REDUZIRAM CONSUMO DE TABACO



O presidente do Instituto Nacional de Câncer, José Kogut, disse hoje que os países que proibiram totalmente a publicidade de fumo conseguiram uma grande redução no consumo, como a Noruega, que teve queda de 26% depois da proibição, em 1975. Kogut participou da audiência pública conjunta das comissões de Constituição e Justiça e de Assuntos Sociais, que debateu o projeto de lei que proíbe a propaganda de derivados do tabaco.

José Kogut citou também a Finlândia, que proibiu a propaganda de fumo em 1978 e obteve uma redução de 37% no consumo. A Nova Zelândia proibiu os anúncios comerciais de cigarros e outros derivados de tabaco em 1990, alcançando uma redução de 21%. A França foi o último país a adotar a proibição total, em 1993, e já chegou a uma diminuição no consumo de 14%.

O representante da Associação Médica Brasileira, José Rosemberg, complementou a informação, dizendo que os países que adotaram restrições parciais na publicidade não tiveram uma redução tão significativa no consumo. O representante do Instituto Nacional do Câncer lembrou que a propaganda de cigarro foi proibida nos Estados Unidos em 1995.

Rosemberg disse que, para ele, os Estados Unidos são a nação mais livre do mundo, e por isto não se pode falar em restrição à liberdade de informação com a proibição. Ele trouxe documentos dos fabricantes de cigarros americanos segundo os quais é preciso incentivar o consumo entre os jovens, pois são eles que garantirão a demanda por derivados de tabaco nas próximas décadas. Por fim, lembrando as lágrimas do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, na exposição contra o tabaco realizada pelo instituto, pediu a proibição total da propaganda, "para que nossos netos não sejam atingidos".

Já o presidente da Associação Brasileira de Cardiologia, Aristóteles Comte de Alencar, afirmou nunca ter visto uma propaganda de cigarro que mostrasse os reais efeitos desse produto. Ele defendeu a proibição total da propaganda de cigarros nos meios de comunicação.

O médico afirmou não concordar com os argumentos de que proibir a propaganda é cercear a liberdade de expressão. Para ele, a proibição da propaganda de cigarros deve ser encarada como um problema de saúde pública. Lembrou que os efeitos colaterais do cigarro afetam até mesmo os membros inferiores, podendo levar a amputações e vários tipos de câncer, além da enfisema pulmonar, que também pode provocar morte dolorosa.

Aristóteles de Alencar acha que não se deve separar a publicidade do produto. Para ele, a publicidade induz ao vício e, posteriormente, à morte. Por isso defendeu a total proibição da publicidade.

Outra convidada da audiência, a coordenadora geral da Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh), Mara Régia di Perna, afirmou que a organização não-governamental que representa apóia incondicionamente o projeto de lei que limita a publicidade do tabaco.

18/10/2000

Agência Senado


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