PAÍSES QUE PROIBIRAM PUBLICIDADE REDUZIRAM CONSUMO DE TABACO
José Kogut citou também a Finlândia, que proibiu a propaganda de fumo em 1978 e obteve uma redução de 37% no consumo. A Nova Zelândia proibiu os anúncios comerciais de cigarros e outros derivados de tabaco em 1990, alcançando uma redução de 21%. A França foi o último país a adotar a proibição total, em 1993, e já chegou a uma diminuição no consumo de 14%.
O representante da Associação Médica Brasileira, José Rosemberg, complementou a informação, dizendo que os países que adotaram restrições parciais na publicidade não tiveram uma redução tão significativa no consumo. O representante do Instituto Nacional do Câncer lembrou que a propaganda de cigarro foi proibida nos Estados Unidos em 1995.
Rosemberg disse que, para ele, os Estados Unidos são a nação mais livre do mundo, e por isto não se pode falar em restrição à liberdade de informação com a proibição. Ele trouxe documentos dos fabricantes de cigarros americanos segundo os quais é preciso incentivar o consumo entre os jovens, pois são eles que garantirão a demanda por derivados de tabaco nas próximas décadas. Por fim, lembrando as lágrimas do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, na exposição contra o tabaco realizada pelo instituto, pediu a proibição total da propaganda, "para que nossos netos não sejam atingidos".
Já o presidente da Associação Brasileira de Cardiologia, Aristóteles Comte de Alencar, afirmou nunca ter visto uma propaganda de cigarro que mostrasse os reais efeitos desse produto. Ele defendeu a proibição total da propaganda de cigarros nos meios de comunicação.
O médico afirmou não concordar com os argumentos de que proibir a propaganda é cercear a liberdade de expressão. Para ele, a proibição da propaganda de cigarros deve ser encarada como um problema de saúde pública. Lembrou que os efeitos colaterais do cigarro afetam até mesmo os membros inferiores, podendo levar a amputações e vários tipos de câncer, além da enfisema pulmonar, que também pode provocar morte dolorosa.
Aristóteles de Alencar acha que não se deve separar a publicidade do produto. Para ele, a publicidade induz ao vício e, posteriormente, à morte. Por isso defendeu a total proibição da publicidade.
Outra convidada da audiência, a coordenadora geral da Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh), Mara Régia di Perna, afirmou que a organização não-governamental que representa apóia incondicionamente o projeto de lei que limita a publicidade do tabaco.
18/10/2000
Agência Senado
Artigos Relacionados
CCJ examina propostas que limitam publicidade de tabaco e bebida alcoólica
CCJ VOTA PROJETO QUE LIMITA PUBLICIDADE DE TABACO E BEBIDAS ALCOÓLICAS
CCJ APROVA RESTRIÇÃO A PUBLICIDADE DE PRODUTOS DERIVADOS DO TABACO E DO ÁLCOOL
Anvisa inicia debate sobre regras mais duras para a publicidade do tabaco
Consumo de tabaco cai pela metade em 20 anos
Brasil poderá ter fundo para reduzir produção e consumo de tabaco