Papaléo cobra "choque de qualidade" contra mau desempenho de estudantes brasileiros



Com base nos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgados no início de julho, o senador Papaléo Paes (PMDB-AP) disse que -é imprescindível e inadiável um choque de qualidade na educação brasileira-. Os estudantes brasileiros ficaram em penúltimo lugar em três áreas avaliadas pelo programa - interpretação de textos, matemática e ciências.

O Pisa, programa desenvolvido conjuntamente pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura) e pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e avaliou o desempenho de estudantes de 15 anos de 41 países. A ênfase foi sobre a capacidade de leitura, item em que os estudantes brasileiros ficaram pouco acima dos jovens da Macedênia, Indonésia, Albânia e Peru.

Entre as possíveis razões para o mau desempenho dos estudantes do Brasil, Papaléo Paes citou a pouca prática de leitura e o lento avanço do país na alfabetização em massa de sua população. Mas o senador considerou que outras correlações talvez sejam ainda mais decisivas como explicação para o baixo desempenho estudantil.

- No Brasil, o gasto acumulado por aluno até os 15 anos é mais de sete vezes inferior ao dos países que mais investem em seus alunos, como a Áustria e os Estados Unidos - apontou o senador.

Além disso, acrescentou, o programa de avaliação internacional mostra que o desempenho dos alunos decai à medida que os países apresentam maior concentração de renda.

Outra razão destacada por Papaléo estaria no início do ensino fundamental, que no Brasil e em outros quatro países começa aos sete anos, enquanto a maioria dos países dá início à alfabetização das crianças aos seis anos.

- Antecipar em um ano o início do ensino fundametnal pode ser uma medida de considerável impacto - afirmou o senador, citando também a Política Nacional do Livro, instituída por projeto já aprovado pelo Senado, de autoria do presidente da Casa, José Sarney.

Mas, antes de tudo, cabe ao Ministério da Educação responder à gravidade da situação revelada pela avaliação do Pisa, afirmou o senador. No entanto, continuou, tanto o ministério como os sistemas estaduais e municipais de ensino só poderão assegurar inclusão e qualidade de ensino -se houver o compromisso decidido dos governantes em priorizar a área de educação-.

- Ainda não tivemos provas cabais de que este será o comportamento do governo federal, o que não deixa de trazer inquietações quanto ao futuro da educação nos próximos anos.



26/09/2003

Agência Senado


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