Papaléo quer conscientização da sociedade sobre doação de órgãos



O senador Papaléo Paes (PMDB-AP) defendeu nesta quarta-feira (28) a conscientização urgente da sociedade para a necessidade de doação voluntária de órgãos destinados a transplantes. Segundo ele, esta é uma tarefa de longo prazo e deve ser iniciada nas escolas.

- A incorporação da temática dos transplantes nos conteúdos curriculares dos diversos níveis de ensino será determinante para se lograr uma atitude crítica que favoreça o debate e a análise dos avanços científicos que influenciam a nossa saúde e determinam o rumo da nossa existência - afirmou.

Papaléo explicou que o Brasil está bem posicionado no mundo em termos de qualidade técnica, mas o mesmo não se aplica à quantidade de transplantes realizados. - Realizamos apenas cerca de 120 transplantes de coração a cada ano, o que corresponde a um terço do que se executa na França, mesmo sendo nossa população três vezes maior do que a daquele país - comparou.

De acordo com o senador, há uma grande deficiência na captação de órgãos no país e isso contribui para que a lista de pacientes à espera de transplantes esteja em constante crescimento. Ele citou dados do Ministério da Saúde, de janeiro passado, segundo os quais há 51.760 pessoas na lista de candidatos a transplantes.

- Ainda pior. Estimativa do médico José Medina Pestana, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), aponta que metade das pessoas que estão na lista morrem esperando por esse gesto maior de altruísmo dos familiares que perderam um ente querido - acrescentou o senador. Na sua opinião, muitas famílias deixam de concretizar a doação por desconhecerem qual era a vontade do potencial doador e, na dúvida sobre o desejo do falecido, muitos parentes optam por não permitir a retirada dos órgãos.

Outro ponto classificado pelo senador como -entrave relevante- à realização de transplantes é a baixa notificação de possíveis doações. Segundo ele, apenas um em cada 12 potenciais doadores é notificado às centrais de transplantes. Em São Paulo, informou, são captados nove órgãos por milhão de habitantes, quando o número estimado de órgãos disponíveis chega a 60. No Rio de Janeiro, continuou, os hospitais e clínicas particulares respondem por menos de 20% dos comunicados de morte cerebral, embora tenham mais da metade dos leitos de UTI.

- A contenção de custos é o torpe motivo para a subnotificação por parte das clínicas particulares, pois lhes caberiam, nos transplantes, os custos de manter artificialmente as funções vitais do doador e de uso do centro cirúrgico para a captação dos órgãos - explicou.

Papaléo salientou ainda que o valor total desses procedimentos não chega a R$ 4 mil, que são posteriormente ressarcidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda assim, o senador disse que as direções desses hospitais exercem pressão sobre as equipes médicas para que não avisem a ocorrência de mortes cerebrais. -Há notícias de médicos que foram ameaçados de demissão caso comunicassem a existência de um possível doador-, afirmou.



28/05/2003

Agência Senado


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