Para caminhoneiros, excessiva carga de trabalho da categoria é um crime



A excessiva carga horária de trabalho imposta aos caminhoneiros é um absurdo e tem que ser vista como crime. O alerta foi feito por presidentes de entidades representativas da categoria que participaram, nesta quinta-feira (26), de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) para discutir as condições de trabalho, salário, segurança e saúde dos motoristas de transporte coletivo e de carga.

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Segundo o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Porto Alegre (Sindicam), Marco Antônio Ferreira de Carvalho, a excessiva carga horária de trabalho é hoje um dos principais problemas enfrentados pelos motoristas. Em sua exposição, ele explicou que, para cumprirem o horário, muitas vezes de 17 a 18 horas seguidas dirigindo, os motoristas de caminhão e ônibus acabam recorrendo a remédios e comprometendo, assim, a própria segurança nas estradas.

- Para cumprir esse horário, o motorista acaba fazendo uso do Rebite, uma vitamina que dá a ele um maior tempo acordado, mas o deixa psicologicamente apagado, sem reflexo para dirigir - explicou Marco Antônio.

O presidente da Cooperativa dos Transportadores Autônomos do Rio Grande do Sul (Cootargs), Telmo Saraiva Lopes, lembrou ainda que a excessiva carga horária deixa o motorista estressado, sem dormir, sem comer e, ainda, preocupado com o tempo previsto para chegar ao local de destino.

- Toda essa situação gera uma série de problemas, que vão desde gastos desnecessários com remédios até acidentes nas estradas. Muitas pessoas dependem dos motoristas de estrada, uma categoria que está muito desvalorizada, mas merece carinho e valor - destacou o presidente da Cootargs.

Já na opinião do presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUB), Nélio Botelho, todos os problemas da categoria estão relacionados à questão do frete.

- [Enfrentamos] esta famigerada condição de livre negociação pela qual o caminhoneiro é totalmente explorado por um lado pelo embarcador da carga e, por outro, pela empresa que o está contratando. Soma-se a isso uma frota envelhecida, chegando aos vinte anos - ressaltou o presidente do MUB.

Nélio Botelho reclamou ainda das matérias veiculadas pela mídia, que sempre colocam o caminhoneiro como o grande culpado pelos acidentes nas estradas. Segundo explicou, os motoristas de carros de passeio são, em geral, os maiores causadores dos acidentes, pois desconhecem regras básicas de trânsito e convivência nas estradas, e, assim, acabam envolvendo caminhões em acidentes.

- O caminhão é um veículo pesado, que tem dificuldade de frear instantaneamente, se comparado ao carro de passeio. Assim, muitas vezes o motorista do carro provoca o acidente e sequer pára na estrada, deixando o problema para o caminhoneiro resolver - denunciou Nélio Botelho.

Valéria Castanho / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)



26/06/2008

Agência Senado


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