Para CPI gaúcha, cresce suspeita de associação ilícita







Para CPI gaúcha, cresce suspeita de associação ilícita
A CPI da Segurança Pública, que apura supostas contribuições do jogo do bicho para o PT e para obras sociais do governo petista no Rio Grande do Sul, concluiu ontem, no dia seguinte ao interrogatório mais importante até agora, que ""crescem as suspeitas de dinheiro com origem ilícita".
O relator da CPI, Vieira da Cunha (PDT), refere-se ao Clube de Seguros da Cidadania ao falar desses recursos, mas relaciona a entidade ao PT. ""O PT e o Clube de Seguros da Cidadania são irmãos siameses", disse ele.

A CPI é dominada por inimigos políticos do PT. O relator Vieira da Cunha é um dos principais seguidores do presidente nacional do PDT, Leonel Brizola. O presidente da CPI, Valdir Andres, é do PPB, adversário do PT.
O presidente do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes de Oliveira, depôs durante oito horas anteontem. A sessão foi suspensa às 23h porque ele teve pressão alta e taquicardia. Foi, então, levado em uma cadeira de rodas para o Instituto de Cardiologia, onde permanecia internado ontem. Seu quadro de saúde era descrito como "estável".

Na prova mais importante conseguida até agora pela CPI, Oliveira aparece conversando com o ex-chefe de polícia Luiz Fernando Tubino sobre um relacionamento entre o governo petista e os bicheiros. Na gravação, Oliveira diz estar falando em nome do governador Olívio Dutra (PT). Ao depor na CPI, disse, sob juramento, que deu ""um falso carteiraço" para convocar Tubino e que Olívio não sabia da conversa.
As diferenças constatadas no caixa do Clube da Cidadania levaram Vieira da Cunha a estranhar alguns fatos.

O principal foi que a entidade quitou, sem ter todo o dinheiro, a compra de um prédio que depois foi cedido em comodato ao PT em dezembro de 1998. Oliveira afirmou que o dinheiro que faltava (R$ 80 mil) foi arrecadado com amigos, mas não nomeou quem seriam esses amigos.

Ontem, os deputados chegaram a cogitar a possibilidade de continuar a ouvir Oliveira no hospital. Os médicos do Instituto de Cardiologia, porém, vetaram.
Para Vieira da Cunha, a captação de recursos é ""nebulosa".
O PT considera a atuação da CPI meramente política, com o objetivo de atingir o governador Olívio Dutra.


Prefeito diz que vai processar "covardes"
O prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, divulgou ontem nota oficial, por meio de sua assessoria, informando que vai tomar "medidas judiciais" contra a acusação de que sua campanha à reeleição em 2000 utilizou caixa dois.
"As medidas judiciais cabíveis com relação à falsa acusação e aos seus covardes autores já estão a cargo de advogados", afirma o pefelista na nota. Segundo o texto, "há uma única prestação de contas referente à campanha eleitoral de 2000, entregue ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) no prazo legal e integralmente, registre-se, aprovada sem ressalvas".

Taniguchi afirma ainda que a prestação de contas esteve a cargo de um comitê financeiro composto por três membros, que oficialmente se responsabilizaram pelas informações prestadas ao TRE.
O governador Jaime Lerner (PFL), padrinho político de Taniguchi e defensor da candidatura dele ao governo, não quis se pronunciar ontem sobre o assunto.
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo prefeito Taniguchi:

"A propósito da matéria publicada na edição do jornal "Folha de S. Paulo" desta terça-feira, 6 de novembro, páginas 6 e 7, o prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, vem a público para manifestar o que segue:
Há uma única prestação de contas referente à campanha eleitoral de 2000, entregue ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) no prazo legal e integralmente, registre-se, aprovada sem ressalvas.
A condução e a prestação de contas da campanha estiveram a cargo de um comitê financeiro legalmente constituído perante o TRE-PR e por ele reconhecido. O referido comitê era composto por três membros que oficialmente se responsabilizaram pelas informações prestadas ao TRE.

Repudio as iniciativas, de caráter unicamente político, que têm o objetivo torpe de macular a honra de quem, ao longo de 30 anos de dedicação profissional e pessoal à causa pública, sempre se portou com lisura, correção, dignidade e moralidade.
As medidas judiciais cabíveis com relação à falsa acusação e aos seus covardes autores já estão a cargo de advogados.
Curitiba, 6 de novembro de 2001
Cassio Taniguchi
Prefeito de Curitiba"


Oposição precisa de um nome para CPI
A bancada de oposição na Câmara Municipal de Curitiba pretende criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar a suposta existência de um caixa dois na campanha de reeleição do prefeito Cassio Taniguchi (PFL), conforme reportagem publicada ontem pela Folha.
A oposição contabiliza a falta de apenas uma assinatura para a criação da CPI, que poderia levar ao impeachment do prefeito.

São necessárias pelo menos 12 assinaturas -de um total de 35 vereadores- para o pedido de instalação da CPI. A bancada de oposição reúne 11 parlamentares, que vão tentar convencer a vereadora Arlete Caramês (PPS) a ser a décima segunda signatária do pedido de investigação.
A vereadora disse que, antes de decidir se assina ou não o pedido, vai consultar seu partido.
Ainda que a oposição consiga a instalação da CPI, precisará de provas e convencimento para conseguir alguma eventual penalização do prefeito ou dos responsáveis pelo suposto caixa dois do PFL. Para aprovar relatório final na comissão, a oposição teria de conseguir a adesão de metade dos vereadores mais um.
Taniguchi nega as irregularidades e diz que vai tomar as "medidas judiciais cabíveis com relação à falsa acusação".

Na Justiça
O líder da oposição, Paulo Salamuni (PMDB), disse que vai encaminhar cópias dos documentos sobre o suposto caixa dois do prefeito ao Ministério Público Estadual e ao Federal. A oposição diz estar reunindo documentos que apontariam que o montante movimentado irregularmente pode chegar a R$ 60 milhões -o dobro do relatado pela Folha.
O Ministério Público Federal vai instaurar hoje investigação administrativa para apurar se empresas que teriam doado para o caixa dois teriam cometido sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
O deputado estadual Angelo Vanhoni (PT), candidato derrotado por Taniguchi no segundo turno das eleições, com diferença de apenas 26.541 votos, classificou os gastos supostamente irregulares do PFL como "uma soma escandalosamente grande".

"Se não aperfeiçoarmos o sistema de controle sobre isso (campanhas eleitorais), por meio do Ministério Público ou do Judiciário, a democracia vai ficar cada vez mais debilitada", disse.
Segundo ele, o departamento jurídico do PT deve anunciar hoje que medidas tomará no caso.
O presidente do diretório municipal do PT, Roberto Salomão, defendeu que a Justiça "investigue até o fim" o episódio. Ele defende o afastamento do prefeito. "Acho que, moralmente, ele não tem mais condições de governar", afirmou Salomão.


Deputados aprovam emenda que fixa limites à imunidade
A Câmara dos Deputados aprovou ontem em primeiro turno a emenda constitucional que limita a imunidade parlamentar a palavras, opiniões e votos proferidos no exercício do mandato.
O texto do deputado Ibrahim Abi-Ackel (PPB-MG), negociado com os partidos políticos, foi aprovado com 412 votos a favor, 9 contra e 4 abstenções. Eram necessários 308 votos.
O projeto ainda será votado em segundo turno pela Câmara. Como alterou a proposta já aprovada pelo Senado, a emenda terá de ser votada novamente pelos senadores em dois turnos.

O crescimento da pressão contrária de deputados governistas ao projeto levou o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), a antecipar a votação para ontem. A estratégia foi imped ir que houvesse mais tempo para que fossem apresentadas novas propostas de modificação do texto negociado pelos partidos.
Reunião da bancada do PMDB mostrou que havia dificuldade de os deputados admitirem o fim da necessidade de licença da Câmara e do Senado para que o STF (Supremo Tribunal Federal) processe os deputados e senadores.

A resistência demonstrada na reunião levou o líder do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA), a liberar os peemedebistas para votarem como quisessem.
"Votar isso aí, me desculpem os colegas, é pôr o rabinho entre as pernas. Não vai valer nada ser deputado neste país. O projeto está mal escrito", disse o deputado Roland Lavigne (PMDB-BA). Ele votou a favor da proposta.
O fim da licença da Câmara e do Senado para que o STF processe congressistas no caso de crimes cometidos sem vinculação ao mandato é a principal alteração da lei. Atualmente, eles só podem responder a inquéritos com autorização da Câmara ou do Senado. Com a promulgação da emenda, os processos poderão ser abertos e o partido político terá a iniciativa de sustar, com os votos da maioria da Casa, o andamento do inquérito se julgar que é caso de exploração política.

Se esse texto for promulgado, a necessidade de licença para os processos que estão em andamento no Congresso também cai. No total são 42 pedidos de investigação que envolvem 31 deputados, sendo dois ministros.
Partidos de oposição e o PSDB ficaram juntos na defesa do projeto e o PMDB, o PPB e o PFL tentavam reverter as dissidências.
O PC do B apresentou ressalvas. "Nós queremos discutir no segundo turno mudança no texto, incluindo a proteção a atos e ações dos congressistas. A imunidade para nós é preciosa. No passado, nós perdemos neste parlamento todos os comunistas", argumentou o líder do partido, Inácio Arruda (PC do B-CE).
Deputados governistas ensaiaram propor modificações no texto para ampliar a imunidade. Uma delas mantinha a necessidade de licença, estabelecendo prazo para que a Câmara ou o Senado respondesse ao pedido do Supremo. Passado esse prazo, que poderia ser de 45 dias, o Supremo seguiria com o processo.


TSE cassa mandato de Mão Santa
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu ontem por unanimidade cassar o mandato do governador do Piauí, Francisco de Assis Moraes Souza (PMDB), o Mão Santa, em processo no qual ele é acusado de abuso do poder econômico e político na campanha à reeleição, em 1998.
Mão Santa ainda pode recorrer ao próprio TSE e ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas, se não conseguir liminar suspendendo os efeitos da condenação, deverá deixar o cargo imediatamente.
Nessa hipótese, ele será substituído pelo senador Hugo Napoleão (PFL), que ficou em segundo lugar na disputa ao governo por uma diferença de 23 mil votos.

O advogado e ex-ministro do TSE Eduardo Alckmin, que representa o governador, disse que aguardará a notificação do seu cliente e informou que estuda o recurso a ser apresentado.
Não há registro de cassação de mandato de governador por abuso de poder. A condenação também atinge o vice-governador, Osmar Ribeiro de Almeida Júnior (PC do B). Os dois são acusados de 22 irregularidades, das quais 9 foram consideradas válidas pelo TSE. Algumas delas são distribuição de remédios a eleitores, anistia de contas de água e promoção pessoal por meio da divulgação de programas sociais com nomes associados a seu apelido, a exemplo do "Sopa na Mão".

Eles haviam sido absolvidos pelo Tribunal Regional Eleitoral, mas Hugo Napoleão recorreu ao TSE. A decisão do TSE considerou que esses abusos tiveram o potencial de influenciar no resultado da eleição.
O relator do recurso, ministro Nelson Jobim, foi deputado pelo PMDB do Rio Grande do Sul. Como os outros, votou pela cassação. O procurador-geral eleitoral, Geraldo Brindeiro, havia recomendado a condenação, em parecer concluído em abril deste ano.

A Justiça Eleitoral só opta pela condenação em situações consideradas excepcionalíssimas. Foi o caso de dois senadores: Humberto Lucena (PMDB-PB), em 1994, e Ernandes Amorim (PPB-RO), em 2000. Lucena havia usado a gráfica do Senado para confeccionar calendários de campanha. Ele só não perdeu o mandato porque foi anistiado por uma lei aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1995.

Amorim foi condenado por abuso na campanha de 1994, quando era prefeito de Ariquemes e teria sido beneficiado com inauguração de uma obra de eletrificação rural no interior, chamada "Linhão".
Tanto Mão Santa quanto Hugo Napoleão serão representados no TSE por ex-ministros do tribunal que exerceram mandato temporário em vagas destinadas a advogados. Eduardo Alckmin, primo do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defenderá o governador. Torquato Jardim defenderá o senador.


Peemedebistas querem ressuscitar a Sudene
Governadores e parlamentares do Nordeste, com o apoio do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), articulam a ressurreição da Sudene, extinta pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 2 de maio passado.
Em reunião ontem na residência oficial da Câmara, Aécio recebeu os governadores peemedebistas Jarbas Vasconcelos (PE), Francisco de Assis de Moraes Souza (PI) -o Mão Santa-, Garibaldi Alves (RN), o futuro ministro da Integração Nacional, Ney Suassuna, e parlamentares do Nordeste.
A pauta foi a articulação para derrubar a medida provisória 2.145 que acabou com a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste).

Na mesma medida provisória, FHC também fechou a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) e criou agências de desenvolvimento para as duas regiões.
A intenção da articulação da Câmara e dos governadores é recriar apenas a Sudene, devolver-lhe o antigo nome, remodelar alguns de seus pontos e aprovar um projeto de lei e uma emenda constitucional para lhe dar poderes e verbas. Aécio e Suassuna ficaram encarregados de convencer FHC a aceitar a fórmula do Congresso.

A principal modificação na Sudene deverá ser a substituição dos recursos que a sustentam, segundo o relatório do projeto de lei do deputado federal Pinheiro Landim (PMDB-CE). Os programas da Sudene foram bancados durante quatro décadas por recursos provenientes de incentivos fiscais. Agora, seus programas deverão receber recursos orçamentários.
Com medo do tradicional contingenciamento (não liberação de verbas que constam do Orçamento da União), os defensores da ressurreição da Sudene querem aprovar na Câmara uma emenda constitucional que obriga o governo federal a liberar os recursos. Prevê-se uma verba de R$ 770 milhões em 2002 e de R$ 1 bilhão em 2003.


Tasso manobra e terá controle de CPI do BEC
O governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), conquistou ontem vitória que pode ser decisiva na recém-instalada CPI do BEC (Banco do Estado do Ceará): presidência, relatoria e vice-presidência ficaram nas mãos de deputados da base governista.
Um acordo do governo com o PPS do presidenciável Ciro Gomes definiu o perfil da CPI, que terá como presidente o deputado Mauro Filho, que também preside o partido no Estado.
Com a iminência da instalação da CPI, o governador nomeou, na última sexta-feira, o deputado federal Antônio Cambraia (PSDB) secretário de Turismo do Estado. A nomeação beneficiou diretamente o suplente Mauro Benevides (PMDB), pai de Mauro Filho.

Com o apoio de Mauro Filho, o governo conseguiu eleger relator Manuel Veras (PSDB), apesar da veemente reclamação da oposição -que ficou com 4 dos 9 postos na comissão-, em especial de João Alfredo Telles (PT), autor do requerimento da CPI.
"O governo deu a Coca-Cola para a pizza", disse o deputado Carlomano Marques (PMDB). A fábrica da Coca no Ceará pertence a Tasso.
"A presidência tem uma posição de independência", afirmou Mauro Filho, que foi interventor do BEC na primeira gestão Tasso.

A CPI do BEC irá investigar possíveis empréstimos irregulares concedidos pelo banco entre 1995 e 1998 -segunda gestão de Tasso no governo do Estado. O rombo seria de R$ 1 bilhão, o que levou o banco a ser federalizado em 1999.
A oposição contava com o apoio do PPS, que havia sinalizado um rompimento com o governo logo que Tasso começou a ser cotado como pré-candidato à Presidência da República.
O partido do presidenciável Ciro Gomes, inclusive, chegou a votar contrariamente ao governo na análise de alguns vetos de Tasso, de forma a demonstrar seu descontentamento.


Crise tucana faz Planalto admitir aliança sem PFL
A crise do PSDB levou ontem o Planalto e os tucanos a admitirem disputar a eleição presidencial sem a companhia do PFL. Trata-se de uma tentativa para desviar a atenção do acirramento da disputa entre José Serra e Tasso Jereissati pela indicação da sigla e forçar os pefelistas a diminuir suas exigências para a reedição em 2002 da aliança eleitoral vitoriosa em 1994 e 1998.

Em conversa no Palácio da Alvorada, o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), concluíram que o governo "tem de começar a admitir com naturalidade o PFL ter a sua própria candidatura", conforme disse Aécio, à saída.
Os três também concordaram que a data ideal -um dos motivos de divergência entre os tucanos- para a definição do nome do candidato é o início de março.

O crescimento de Roseana Sarney (PFL-MA) nas pesquisas e o aprofundamento das divergências entre os dois principais concorrentes tucanos, José Serra, ministro da Saúde, e o governador do Ceará, Tasso Jereissati, compõem os ingredientes da crise por que passa o PSDB.
Esses eram os temas previstos para ser tratados na reunião de ontem da Executiva Nacional da legenda, em Brasília, e que não havia terminado até o fechamento desta edição.
Na origem da reunião esteve a insatisfação de Tasso com o cronograma desejado por Serra e estimulado pelo Planalto para a escolha do candidato do PSDB. Tasso quer pressa e igualdade de condições na disputa. Serra quer deixar a definição do nome para o final de fevereiro ou início de março do ano que vem.
Por igualdade de condições, por exemplo, Tasso entende aproveitar o espaço de TV do partido, cujas inserções começaram ontem e se estenderão até o dia 17, para dar dimensão nacional a seu nome.
A queixa dos "tassistas" é que Serra, por ser ministro da Saúde, tem mídia nacional, tanto já apareceu oito vezes em cadeia nacional e duas em cadeia regional.

Serra, por seu turno, quer aproveitar ao máximo sua atuação no ministério e conta que, daqui a cinco meses, o governo FHC deve estar mais bem avaliado (a avaliação positiva do presidente tem se mantido estável nas pesquisas). Se as coisas se mantiverem como estão, a candidatura cairia em suas mãos quase por gravidade.
"O Serra não pode dar ao processo o ritmo dele. O ritmo é o do partido", diz o senador Lúcio Alcântara (PDSB-CE), espécie de porta-voz de Tasso na bancada cearense no Congresso.
O programa projetado pelo publicitário do PSDB, Paulo de Tarso, segundo dirigentes tucanos, "diluía" os presidenciáveis da sigla, o que só interessaria a Serra. José Aníbal tem opinião diferente. Ele quer expor desde já os presidenciáveis tucanos, que continuam na rabeira das pesquisas, enquanto Roseana Sarney sobe.

De certo, é que FHC vai estrelar o programa de 20 minutos do dia 15, com destaque para a aclamação que teve na Assembléia Nacional francesa, semana passada. Para passar a idéia de que os tucanos são administradores reconhecidos internacionalmente.


PSDB deve liderar chapa, diz Alckmin
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu ontem que um tucano seja o cabeça de chapa para disputar a eleição presidencial ainda que o aliado PFL tenha um candidato mais bem posicionado nas pesquisas quando chegar março de 2002, data que considera a ideal para a escolha do postulante.
"Exatamente", disse Alckmin ao ser indagado duas vezes se, ao reivindicar o "direito natural de o PSDB ter o candidato a presidente porque tem o governo", considerava que essa premissa valeria no caso de um pefelista ter melhor taxa de intenção de voto do que um tucano no momento de fechar uma eventual aliança.
Alckmin disse que "o ideal é fazer uma aliança antes da eleição" para ter mais facilidade de governar no caso de vitória. Mas afirmou que, se as condições políticas não permitirem, o PSDB poderá disputar a eleição sem o PFL, aliado do partido desde 1994.

O governador considerou "irrelevante" a briga de bastidor no PSDB entre os serristas, que defendem que os pré-candidatos tucanos não apareçam no programa de TV do partido, e os tassistas, que julgam que os eventuais postulantes ao Planalto devem participar desde já da propaganda política.
"É bom para o partido que os chamados pré-candidatos participem. Mas aqueles que não quiserem participar devem ser respeitados. É uma questão de foro íntimo", afirmou.

Alckmin disse que não participaria da reunião da Executiva do PSDB, prevista para ontem à noite, na qual se discutiria o imbróglio em que se transformou o programa de TV do partido.
Nos bastidores, o ministro da Saúde, José Serra, é acusado de não querer que os pré-candidatos participem para evitar dar palanque ao governador Tasso Jereissati (CE), seu principal adversário na disputa pela indicação tucana, e ao ministro da Educação, Paulo Renato Souza, que tem chance remota de ser o candidato.
Campeão de aparições em cadeia nacional de rádio e TV, Serra já tem exposição de mídia e evita falar de política. Ontem, por exemplo, encerrou abruptamente uma entrevista coletiva quando indagado sobre sucessão.


Artigos

A morte de Davos
CLÓVIS ROSSI

GENEBRA - No exato momento em que está em refluxo, por conta dos atentados de 11 de setembro, o movimento contra a globalização poderia festejar hoje sua primeira grande vitória: os encontros anuais do Fórum Econômico Mundial, que há 31 anos ocorrem em Davos, nos Alpes suíços, vão muito provavelmente mudar de localização.
A única informação oficial que o pessoal do fórum está autorizado a transmitir é esta: "O encontro anual vai se realizar". Se na Europa ou na América (especula-se com o Canadá ou Nova York), só hoje se dirá.
Claro que o risco de atentado terrorista pesou na decisão de mudar o local, se ela de fato for tomada.

Dificilmente haveria alvo mais saboroso para um atentado do que o Centro de Congressos de Davos, no momento em que abriga cerca de mil executivos das mais lustrosas marcas do planeta, uns 200 governantes (presidentes, primeiros-ministros, ministros de Economia etc) e outro tanto de acadêmicos de grifes como Sorbonne, Oxford, Harvard etc.

Mas o que pesou mais foi mesmo o custo da segurança.
E este tem que ser debitado ao movimento antiglobalização, pelos protestos que passou a organizar em Davos, desde 1999. Em 98, último ano de "paz", a segurança custou 270,5 mil francos (cerca de US$ 170 mil). Este ano, o custo saltaria para 10 milhões (US$ 6,250 milhões). Nem o fórum nem o governo suíço parecem dispostos a bancar.

Desaparece assim (ou muda de lugar e perde com isso parte de seu charme) um dos símbolos da globalização, pelo menos do ponto de vista dos adversários da maneira como se fez a globalização, "em benefício das corporações".
Fica de pé Porto Alegre, ou seja, a reunião do Fórum Social Mundial, criada este ano exatamente como contraponto a Davos.
Uma boa chance para verificar se o eclipse de Davos e a manutenção de Porto Alegre mudam alguma coisa na tal de globalização.


Colunistas

PAINEL

Ninho inquieto
Preocupados com o crescimento de Roseana Sarney (PFL) nas pesquisas, alguns tucanos estão defendendo a antecipação da definição do nome do candidato do PSDB a presidente. O lançamento é previsto pela cúpula para o mês de março.

Trono ameaçado
Dante de Oliveira (MT) é um dos principais defensores da tese de apressar a escolha. O governador diz que em política não existe espaço vazio. "Quem tem três ou quatro candidaturas não tem nenhuma."

Liberdade de ação
A direção do PFL avalia hoje que a queda de ACM no cenário nacional foi fundamental para a estratégia de lançar Roseana. Com ACM forte, toda decisão passaria por ele. E ninguém esquece que o ex-senador chegou a pensar em lançar seu nome.

Tese botânica
O deputado Xico Graziano (PSDB-SP) recorreu à agronomia, sua especialidade, para ironizar o desempenho de Roseana nas pesquisas: "Uma planta que recebe muito adubo cresce rápido. Mas torna-se frágil, sujeita a pragas e doenças".

Laboratório pefelista
Quando decidiu concentrar esforços no lançamento da candidatura de Roseana, a cúpula do PFL não tinha certeza de que o seu nome emplacaria. Se não desse certo, o partido faria uma nova tentativa com o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia.

Sinais de rachadura
Nem todos os tucanos são irredutíveis quando o assunto é candidatura própria do PSDB. Narcio Rodrigues, vice-líder do partido na Câmara, diz que o importante é vencer a eleição e manter a filosofia do governo FHC: "Com PFL, PMDB ou PSDB na cabeça da chapa".

Plano de pé
O PMDB governista não desistiu de tentar adiar as prévias do partido, marcadas para janeiro. Só não sabe como fazer. Teme que a mudança da data possa ser interpretada como um golpe contra a candidatura Itamar.

Outra hora
Não haverá a reunião entre Michel Temer, presidente do PMDB, e Itamar Franco, prevista para hoje em São Paulo. Temer ficará em Brasília.

Promessa é dívida
Depois de dormir desde abril na gaveta de Geraldo Brindeiro, o caso do senador Luiz Otávio, acusado de desviar recursos do BNDES, pode voltar a andar. A assessoria do procurador-geral diz que o parecer de Brindeiro deverá ser enviado ao Supremo Tribunal Federal na sexta.

Dia seguinte
Erundina (PSB) aguarda há 15 dias uma resposta de Marta sobre um pedido de audiência feito pela ex-prefeita. Na campanha de 2000, diz-se no PSB, a história era outra. "Erundina é uma pessoa muito importante na cidade. O engajamento dela fará diferença, sim", dizia Marta.

Tema de campanha
O programa de TV do PTB, a ser exibido no próximo dia 29, terá como foco a reforma tributária. Um dos temas preferidos de Ciro Gomes (PPS).

40 anos depois
Os jornalistas Paulo Markun e Duda Hamilton lançam hoje na livraria Fnac, em SP, o livro "1961 - Que as Armas não Falem", pela editora Senac-SP. A obra aborda o período que abrange da renúncia de Jânio Quadros à posse de Jango.

Visitas à Folha
Jacques Marcovitch, reitor da USP (Universidade de São Paulo), visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço.

Milú Villela, presidente do Comitê Brasileiro do Ano Internacional do Voluntário da ONU, visitou ontem a Folha. Estava acompanhada de Luís Norberto Pascoal, coordenador estratégico do comitê.

TIROTEIO

Do presidente do PFL de São Paulo, Cláudio Lembo, comparando a candidatura Lula (PT) à do sandinista Daniel Ortega, que foi derrotado em sua terceira tentativa de voltar à Presidência da Nicarágua:
- Lula é o Daniel Ortega do Brasil. E não é o momento dos Ortegas na política mundial.

CONTRAPONTO

Campanha na rua
Há 20 dias, o deputado federal José Genoino (PT-SP), candidato já escolhido pelo partido ao governo de São Paulo, ia de carro a Campinas (SP) para participar de um debate com o então outro pré-candidato do PT, o deputado estadual Renato Simões, quando enfrentou um problema na estrada.
O motor do carro que Genoino dirigia, seu Santana ano 97, pifou no primeiro pedágio da rodovia Bandeirantes. Teve de pedir socorro, pelo telefone celular, a um motorista de táxi de Campinas. O deputado chegou ao local do debate com uma hora e meia de atraso.
Na chegada, os jornalistas cercaram o deputado para saber o que tinha acontecido. Ele explicou, para logo emendar:
- Mas o pior não foi isso. Eu não tinha nem dinheiro para o táxi...
Genoino diz que pagou o motorista dias depois. Setenta reais.


Editorial

FLUTUAR NÃO BASTA

A onda vendedora que se abateu sobre o mercado brasileiro de câmbio nos últimos dias entusiasmou economistas e investidores. O processo coloca em evidência tanto os méritos quanto os riscos do atual regime de câmbio flutuante.
O principal mérito está na maior transparência do sistema de preços. Assim, se o país capta menos dólares que o necessário para honrar seus compromissos, o dólar se valoriza e ocorre um ajuste: caem as importações e também o poder de compra dos consumidores. Também aumentam as pressões inflacionárias, uma das razões alegadas pelo Banco Central para manter tão elevados os juros no país.

Nos últimos dias, o regime de câmbio flutuante mostrou que pode ocorrer o movimento inverso, de valorização do real. Em boa medida, no entanto, trata-se da correção de um exagero anterior. Afinal, se o BC e a Fazenda estivessem de fato convencidos de que os fundamentos da economia brasileira são tão sólidos como apregoam, possivelmente já teriam reduzido as taxas de juros. Com a nova redução dos juros nos EUA, a equipe brasileira tem nova oportunidade para mostrar que confia na estabilidade do real.

Ocorre que as autoridades econômicas não enfrentaram as questões estruturais ligadas à competitividade, por meio de políticas industriais e comerciais adequadas. Assim, a própria valorização do real tem agora um limite, dado pela percepção nos mercados de que a economia brasileira ainda não é capaz de financiar suas contas externas ou gerar saldos no comércio exterior, se o real voltar a se valorizar demais.

Deixar o câmbio flutuar é necessário, pois os ajustes ocorrem e nem sempre o real está condenado a perder valor, principalmente quando os mercados cometem exageros de desconfiança. Mas é insuficiente enquanto a política econômica continuar incapaz de criar horizontes de financiamento sustentável para o crescimento da economia brasileira.


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11/07/2001


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