Para David Stival, PT se afastou dos movimentos sociais







Para David Stival, PT se afastou dos movimentos sociais
Com uma capacidade de autocrítica rara entre dirigentes do partido, o presidente regional recém eleito do PT, David Stival, lamenta o afastamento do governo das bases sociais responsáveis por sua eleição em 1998. Stival admite, ainda, o mérito de algumas das críticas feitas pelo vereador José Fortunati ao partido, bem como condena a moderação de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha à presidência.

Sobre esse tema, lamenta a "terceirização" do programa nacional de governo ao Instituto da Cidadania, recomendando a consulta às bases para motivar o militante a fazer a campanha e garantir a sustentação da administração, em caso de vitória. Stival foi eleito até o final de 2004, mas pode ter o mandato prorrogado até o início de 2005, devido às eleições municipais.

Jornal do Comércio
- A realização de prévias pode provocar um racha profundo entre os petistas do Estado?
David Stival
- Em 1998, nós não saímos muito bem do processo de prévias. Houve uma divisão em cima de clichês sobre Olívio e Tarso que hoje não se sustentam mais, como um ser de esquerda e o outro mais moderado ou um ser socialista e o outro mais social-democrata. É um equívoco político fazermos uma disputa entre nossos dois maiores quadros. Não podemos concentrar a discussão em nomes. Somos um governo que disse a que veio e estamos implantando programas que havíamos prometido. Queremos, até o final do mandato, ter todas nossas promessas programáticas iniciadas, senão concluídas. Se não cumprimos tudo é porque enfrentamos uma disputa política muito acirrada, que temos que respeitar. Defendemos um programa radical para tornar possíveis as metas impossíveis, através da luta política e da mobilização popular permanente. Não conseguimos, até agora, apoio suficiente para atacar questões estruturais do Estado.

JC - O senhor se refere a apoio popular ou da Assembléia Legislativa?
Stival
- De ambos os setores. Só nos tornaremos alternativa de poder se estivermos permanentemente vinculados à luta popular e à institucional. Para a escolha do candidato, precisamos priorizar o projeto estratégico e as tarefas históricas de um partido democrático e popular no governo de esquerda que somos e pretendemos ser. É bom que tenhamos dois bons nomes para a condução do projeto.

JC - Como será feita a escolha se Olívio pleiteia a reeleição e Tarso tem números mais expressivos nas pesquisas, além de uma rejeição bem inferior à do governador?
Stival
- Não é possível fazer uma análise a partir desses resultados, porque Olívio é o governador e está exposto ao desgaste natural da função. Tarso, mesmo estando na prefeitura, não enfrenta essa avaliação mais rigorosa. Não poderemos nos pautar pelas pesquisas e por questões pessoais. O mais importante é o projeto coletivo. A prévia é um método, mas não é o único para fazermos a escolha.

JC - Não seria o mais democrático?
Stival
- É um método democrático, mas existem outros. A partir de uma avaliação aprofundada de nosso governo e do cenário dos adversários, podemos estabelecer uma metodologia de discussão interna sem processo de prévias. Não devemos, em um momento importante do governo, gastar energias, forças e recursos para definir um nome, quando isso não é o principal. Antes de três de março, data marcada para a prévia, queremos ter um nome de consenso. Desse processo interno podem resultar feridas que não cicatrizarão durante a campanha, talvez nem depois. A campanha está em um processo avançado. O PPB já tem candidato e os outros partidos definirão até o final do ano. Nós não temos necessidade de retardar a definição.

JC - Seus companheiros contrários ao início do debate argumentam que prejudicaria o andamento da administração estadual. É verdade?
Stival
- Busco a unidade para que, em 2002, tenhamos um acerto. Se até a inscrição dos candidatos, em dezembro, não tivermos um acordo, partiremos para a prévia e a discussão interna das forças. Mas unidade significa pluralidade, ou seja, todas as principais tendências devem estar contempladas na composição do governo e da direção estadual. Estamos construindo o diretório levando isso em conta.

JC - A falta de pluralidade foi a principal falha na composição do governo do Estado?
Stival
- O problema começou na prévia. O PT Amplo colheu o que produziu no processo quando Tarso, por razões pessoais, não aceitou a vaga de vice. Havia consenso em torno do nome dele. Em função disso, criou-se um impasse e a campanha foi assumida pelo conjunto de tendências que apoiaram Olívio.

JC - O Amplo indicou José Fortunati para a função. Visando a pluralidade, o nome dele não deveria ter sido aceito?
Stival
- Fortunati cometeu um equívoco ao questionar o resultado a partir de uma afirmação que não era verdadeira. Por conta disso, o nome dele não foi respaldado para vice. Mas aceitávamos outras indicações, que não foram apresentadas pelo Amplo.

JC - Falando em Fortunati, como encara as críticas dele ao partido?
Stival
- Há mérito em suas críticas e precisamos estar atentos a elas. Lamentamos a perda de alguém da envergadura e estatura do Fortunati, porque não produzimos um quadro de 20 anos de militância de uma hora para outra.

JC - O que foi discutido em sua audiência com o governador Olívio Dutra, na semana passada?
Stival
- Conversamos sobre a composição da executiva, as próximas tarefas visando o debate sobre a construção do programa, além dos cenários políticos nacional e internacional. Olívio se colocou à disposição para melhorarmos a relação entre partido e governo, e entre o governo e a base. Estamos no Executivo pela primeira vez e enfrentamos um processo de aprendizado. É importante termos a grandeza de aprender com os erros. A relação tem melhorado, mas ainda falta um aproximação, principalmente com os diretórios municipais.

JC - O PT se afastou dos movimentos sociais que o elegeram?
Stival
- No início, sim. Isso foi conseqüência de nossa inexperiência em administrar a máquina. Não nos demos conta da importância de manter uma relação mais profunda e permanente com quem deu sustentação e elegeu este governo. Isso não significa atender todas as reivindicações dos movimentos sociais, que são históricas e seculares, bem como não esperar que os movimentos deixem de cumprir seu papel para avalizar tudo o que o governo faz. Há um espaço onde é possível estabelecer uma agenda comum. Somos um partido dos trabalhadores e não estamos aqui para enganá-los. A relação deve ser dialética, onde um reforça o outro. Assim nos tornaremos alternativa de poder porque, do contrário, cairemos na vala comum dos partidos tradicionais. Não podemos perder nossa marca de esquerda, classista.

JC - A decisão final sobre a candidatura ao governo caberá à Articulação de Esquerda?
Stival
- Nós não temos posição definida. Decidimos fazer a discussão após as eleições internas. A tendência está dividida, com uma pequena propensão pró-Olívio. No final de novembro, teremos uma posição que pode não ser unânime. Várias correntes apostam na nossa decisão. Hoje, não há somente duas grandes forças no PT, mas quatro: a Articulação, a Democracia Socialista, o PT Amplo e a Ação Democrática, ou seja, ninguém tem a pedra chave para dar o xeque-mate em ninguém.

JC - O senhor diria que Luiz Inácio Lula da Silva está exagerando em sua moderação na campanha à presidência?
Stival
- Sim. Não adianta ganharmos a eleição somente com uma visão tática. Precisamos apresentar uma estratégia definida sobre o que queremos, que é acabar com esse modelo e construir um projeto novo de desenvolvimento para o País. Um governo do PT precisa dar conta da reforma agrária, da reforma urbana, da saúde gratuita, da escola pública de qualidade e de botar comida na mesa. Não se faz isso com o atual orçamento e dependência da política internacional. Devemos ter clareza e radicalidade no programa. Num primeiro momento, parece impossível suspender o pagamento das dívidas interna e externa e os acordos com o FMI e o sistema financeiro internacional, mas isso é possível através da luta política. Tornaremos possíveis essas ações se discutirmos com nossa base. Não aceito que nosso programa venha através de um pacote pronto e terceirizado ao Instituto da Cidadania. Com o debate, o militante se sentirá motivado a fazer campanha e dar sustentação ao governo. O povo na rua pode mudar a correlação internacional de forças, bem como os acertos com os outros países que enfrentam os mesmos problemas.

JC - Qual sua avaliação sobre a possibilidade de uma aliança com o PL, na vaga de vice do PT à presidência?
Stival
- Do ponto de vista político de alianças no primeiro turno, sou contrário, porque o PL está fora do campo democrático e popular e ainda é dominado pelo bispo Edir Macedo. Podemos ganhar a eleição se fizermos aliança com a classe trabalhadora e mobilizarmos todos os setores sociais para desgastar o Fernando Henrique e nos colocarmos como alternativa de poder. Não adianta buscar apoios em setores que têm influência eleitoral mas que, estrategicamente, nos prejudiquem.

JC - Como ficará a aliança estadual com o PSB em 2002, já que o partido concorrerá à presidência com o governador Anthony Garotinho?
Stival
- Nossa relação com o PSB no Estado é excelente, já que temos identidade político-ideológica. Queremos contar com eles na Frente Popular no ano que vem. Precisamos resolver o problema em nível nacional, mas não gostaríamos de caminhar separados em função das questões nacionais. Não há espaço político para isso aqui.

JC - Beto Albuquerque (PSB) tem chances de obter uma das vagas da Frente Popular ao Senado?
Stival
- Há vários pretendentes e teremos que discutir. É uma pretensão legítima e Albuquerque tem estatura para isso, tanto ele, como a senadora Emília Fernandes, o deputado Paulo Paim e o ex-prefeito Raul Pont. Na busca da unidade, incluiremos o debate para o Senado. A saída de (José) Fogaça do PMDB facilitará a eleição dos dois candidatos da Frente Popular, porque ele perdeu uma base importante.

JC - A saída dos dissidentes do PMDB facilitará a vitória do PT em 2002?
Stival
- No Rio Grande do Sul, pelo alto grau de politização, quem não trabalhar com muito afinco na base não se estabelece mais. O partido que está mais organizado na base com contornos ideológicos mais definidos de um projeto que se contrapõe ao nosso é o PPB. É um forte candidato ao segundo turno. O ingresso dos dissidentes do PMDB no PPS deixa dúvidas sobre qual programa o candidato vai defender. Os projetos não estão definidos, diferente de 1998, quando eram claramente antagônicos. Sobre Celso Bernardi, ele incorpora um discurso anti-PT muito articulado. Seu nome será construído na campanha, através do projeto. Será um adversário forte.


Gestão fiscal provoca polêmica entre prefeitos
A divulgação da análise de gestão fiscal dos municípios gaúchos, promovida pelo presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) na semana passada, causou polêmica em boa parte das cidades que não tiveram as suas contas aprovadas pelo relatório. Descontentes com a forma utilizada pelo TCE, os prefeitos desses municípios estarão reunidos hoje, a partir das 14h, na sede da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) para discutir o tema.

Segundo o prefeito de Teotônia, Ricardo Bronstrup, que preside a Famurs durante a licença de Pipa Germano, a maioria dos prefeitos foi pega de surpresa com as informações do TCE à imprensa. Segundo Bronstrup, eles alegam não ter recebido qualquer notificação comunicando as irregularidades apontadas, inclusive, desconhecendo os pontos da LRF que foram descumpridos, "muitos dos quais passíveis de recurso", destacou o prefeito. Ele afirmou os prefeitos avaliarão hoje qual será a posicão da entidade frente o constrangimento criado.

De acordo com a análise do TCE, pelo menos 139 das 467 prefeituras do Rio Grande do Sul poderão ter os repasses voluntários da União e do Estado suspensos por descumprirem a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). De acordo com o parecer do tribunal, 29,76% dos Executivos municipais estão em desacordo com a lei e não receberão a certidão de regularidade fiscal referente a 2000.
Os principais motivos são a falta de prestação de contas, o excesso de gastos com pessoal e a realização de despesas nos últimos dois quadrimestres de 2000 sem dinheiro em caixa. O órgão avaliou ainda as contas das câmaras municipais e encontrou irregularidades em 35,12% delas.

De qualquer forma, o TCE identificou que 77% das prefeituras gaúchas e 87% das câmaras gastam abaixo do teto legal. Dos 66 municípios em que o tribunal percebeu excesso de despesa com pessoal, apenas 19 estavam nessa situação em 1999, e outros 47 excederam o limite em 2000 das gestões dos ex-prefeitos. Em Bagé, por exemplo, o gasto com pessoal pulou de 58,43% em 1999 para 82,05% em 2000, no último ano do mandato do prefeito Carlos Azambuja (PPB).


Governo perde para oposição em votos brancos e nulos
O governo do presidente Fernando de la Rúa e toda a classe política argentina receberam ontem um duro recado que expressou a desconfiança dos argentinos. Segundo as sondagens bocas-de-urna das eleições parlamentares, nos principais distritos eleitorais do país - a província de Buenos Aires e a cidade de Buenos Aires - os votos em branco e nulos obtiveram proporções nunca antes vistas.

De acordo com as pesquisas de bocas de urna, na cidade de Buenos Aires os votos em branco e nulos passaram de 4% na eleição anterior para 42% neste domingo. Desta forma, teriam ultrapassado o candidato ao Senado da coalizão de governo, Aliança UCR-Frepaso, Rodolfo Terragno, que ficou em primeiro lugar com somente 20% dos votos.

Na província de Buenos Aires, os votos em branco e nulos teriam ultrapassado 20%. Mas o vencedor foi o Partido Justicialista (peronista), da oposição, que elegeu para o Senado o ex-vice-presidente da República e ex-governador, Eduardo Duhalde. Com 43% dos votos, Duhalde inflingiu um duro golpe ao segundo colocado, o ex-presidente Raúl Alfonsín, candidato pela Aliança UCR-Frepaso, que obteve 18%.

Apesar da obrigatoriedade do voto, segundo os primeiros dados divulgados pela Justiça Eleitoral, a abstenção teria alcançado até 40% em algumas províncias. Uma das pesquisas de boca de urna indicava que entre as várias variedades de voto-protesto, 20% dos argentinos teriam votado em heróis da independência, como o general San Martín, e até em personagens de desenhos animados.

Estas eleições confirmaram o que a popularidade do presidente De la Rúa está no pior momento desde sua posse, há quase dois anos. Enquanto que em dezembro de 1999 possuía 75% de aprovação pública, hoje não passa dos 20%.
Para a analista Graciela Romer, esta proporção de "votos-raiva", como estão sendo denominados, foi causada pela decepção e a irritação dos argentinos com os políticos, tanto do governo como da oposição. Além disso, teriam pesado em contra a recessão que dura mais de três anos, os quase 17% de desemprego e a errática política econômica do ministro Domingo Cavallo.

Prevendo uma grande proporção de votos para a oposição e de "votos-raiva", pouco depois de votar, De la Rúa afirmou que "nestes momentos difíceis para o país é preciso que o governo escute com humildade a mensagem das urnas".
Mas De la Rúa escapará por alguns dias do clima de derrota do governo para viajar hoje à noite à Esp anha. Em seu retorno anunciaria mudanças ministeriais. De todo o gabinete, somente estariam garantidos em seus postos os ministros da Economia, Domingo Cavallo, o chanceler Adalberto Rodríguez Giavarini e o chefe do gabinete de ministros, Chrystian Colombo.

Antes de partir, De la Rúa anunciaria parte do novo pacote de medidas econômicas para reativar a economia do país, abalada por três anos de recessão. Exatamente dois anos depois de seu esmagador triunfo sobre o peronismo, o presidente Fernando de la Rúa e a coalizão de governo Aliança UCR-Frepaso sentiram neste domingo o amargo sabor da derrota, inflingida por aqueles aos quais haviam vencido em 1999.
As primeiras de boca de urna da primeira eleição argentina do século 21 indicavam que o peronismo havia vencido nas principais províncias.

Desta forma, este partido recupera-se das derrotas das duas últimas eleições e começa a preparar-se para obter o poder nas eleições presidenciais de 2003.
Com este novo mapa do poder, que além do aumento da presença do peronismo no Congresso Nacional inclui o surgimento de novas forças na arena política - como o centro-esquerdista ARI - o governo De la Rúa terá que sobreviver até o fim de seu mandato, em dezembro de 2003.
A técnica para atravessar a segunda metade de seu mandato será o de aprimorar as negociações com a oposição peronista. Desde que tomou posse, De la Rúa - que nunca teve maioria parlamentar - precisou negociar com o peronismo, além de tentar controlar as amplas alas de rebeldes e dissidentes internos do próprio governo. A mesma situação continuará daqui para a frente, mas em uma versão mais dura, que exigirá de De la Rúa maior capacidade de consenso.

Os candidatos que venceram neste domingo foram os que utilizaram o ministro da Economia, Domingo Cavallo, como saco de pancadas. A crítica ao modelo econômico foi uma constante em todo o leque político, embora sem discutir a conversibilidade econômica.
Esse foi o discurso do candidato peronista ao senado na província de Buenos Aires, Eduardo Duhalde. Buenos Aires é a província fundamental no cenário político argentino. É a mais importante do país, já que ali se elegeram mais de 25% dos novos deputados do Congresso Nacional.
Na cidade de Buenos Aires, o ex-chefe do gabinete de ministros
Rodolfo Terragno, considerado o principal intelectual da UCR, realizou sua campanha criticando Cavallo.

Mas, ao contrário do que havia feito até agora, neste domingo evitou polemizar com o ministro.
Depois de votar, Cavallo disse que os próximos dias e meses serão fundamentais para "o futuro da Argentina".


Suspeita de antraz causa susto no Brasil
A paranóia sobre a contaminação por armas biológicas chegou ao Brasil. Ontem, um vôo da Lufthansa que saiu de Frankfurt para o Rio de Janeiro causou apreensão no Aeroporto Internacional Tom Jobim. A empresa alemã confirmou, em comunicado oficial, que foi encontrada ontem uma pequena quantidade de pó branco de origem suspeita a bordo do avião que fazia o vôo número LH 500 da Alemanha para o Rio.

A substância - que a Polícia Federal verificou não ser cocaína - foi encontrada duas horas depois do desembarque dos 210 passageiros e 15 tripulantes, que chegaram no vôo LH-500. Uma funcionária da limpeza da empresa terceirizada Globe Ground achou o material (três gramas) numa folha de jornal deixada debaixo de um dos assentos da classe econômica.

Os 13 funcionários da equipe de limpeza foram retidos dentro da aeronave por mais de cinco horas, por medida de segurança, mas as informações da Polícia Federal e da Vigilância Sanitária ainda eram desencontradas.
Técnicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recolheram a substância para análise. O teste será realizado para saber se o pó está contaminado pela bactéria antraz. O Airbus 340 partiu de Frankfurt no sábado, às 22h05min, e chegou ao Rio de Janeiro ontem, às 6h13min, com 210 passageiros a bordo.

Há suspeitas nos Estados Unidos de que a proliferação de envelopes contaminados por antraz esteja sendo usada por terroristas como arma biológica.
Cinco novos casos de pessoas expostas ao antraz foram constatados no final de semana na Flórida. Tratam-se de funcionários da American Media Inc., que foram submetidos a exames. Os resultados revelaram que eles estiveram em contato com bactéria, que já infectou outras quatro pessoas no país. Na semana passada, um editor de fotografia do tabloide "The Sun", que havia inalado antraz, morreu - a primeira morte do gênero nos últimos 25 anos.


Exportações nacionais aumentaram 104%
Os suinocultores brasileiros estão trabalhando com otimismo neste ano. O País aumentou em 104% o volume da carne exportada no primeiro semestre de 2001, em comparação ao igual período do ano anterior. "Esse número expressa o eficiente trabalho de divulgação do Ministério da Agricultura nos mercados externos e a excelência da qualidade da nossa carne", justifica o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Gilberto Moacir da Silva. O Brasil também tem vantagens competitivas em função do baixo valor gasto com a produção, ocasionado pela desvalorização da moeda brasileira. Enquanto os produtores europeus gastam, cerca de US$ 1,20, os brasileiros têm um custo de US$ 0,45 por quilo de carne produzida.

De janeiro a agosto de 2000, o Brasil exportou 78.821 mil toneladas de carne suína. Até agosto deste ano, foram embarcadas 161 mil toneladas, das quais 52% tiveram como destino o mercado russo. O Rio Grande do Sul, apesar de ter sido prejudicado pelos focos de febre aftosa, foi responsável pelo embarque de 26.264 mil toneladas ao exterior no primeiro semestre. "Nesse ritmo, o Estado vai ter um incremento de 35% nessas vendas até o final do ano", comemora Silva. Os suinocultores gaúchos aguardam para esta semana o resultado dos exames sorológicos realizados com o rebanho bovino em sete municípios exportadores de carne suína para a Rússia. Essa é a última de uma série de exigências feitas pelo governo russo para a retomada das vendas.

Para o presidente da Acsurs, o mercado interno também precisa ser impulsionado. Segundo ele, os europeus consomem, em média, 50 quilos de carne suína per capita/ano. No Brasil, este número está em 11 quilos. Apesar disso, o consumo vem aumentando, pois em 1997, o volume per capita era de 9,26 quilos. "Devemos esse aumento à queda de tabus sobre a carne de porco", diz Silva.

Congresso em Porto Alegre vai discutir melhoria da carne
De hoje até quinta-feira, Porto Alegre será sede do 10º Congresso da Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos (Abraves), considerado o maior do segmento na América Latina e o terceiro maior do mundo. O Centro de Eventos da Puc, vai abrigar, além do Congresso, uma área destinada a 60 empresas e 300 expositores especializados em produtos, serviços e equipamentos.
O veterinário e presidente do Congresso, Fernando Bortolozzo, fala que o principal objetivo é discutir técnicas de criação que promovam a melhoria da carne suína. Os painéis estarão concentrados nos fatores sanidade, genética, nutrição, reprodução e comercialização no setor. "A suinocultura está passando por uma grande fase. O consumidor já sabe que a carne de porco, além de ser saborosa, é saudável, pois tem menos colesterol que as carnes bovina e de frango", diz Bortolozzo.
Durante a programação, serão apresentados mais de 200 trabalhos científicos. Entre os palestrantes, estarão representantes dos Estados Unidos, Bélgica, França, Inglaterra e Holanda.


Estado tem desempenho acima da média nacional
O comércio gaúcho obteve crescimento de 6,46% no volume de vendas de agosto sobre o mesmo mês do ano passado, enquanto a média do País caiu 0,28% no período. "O Estado vem se mantendo como destaque nacional dos últimos meses, principalm ente por não sofrer restrições com a crise energética", avalia Nilo Macedo, coordenador da pesquisa mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento revela que, apesar do índice nacional negativo, houve uma redução do ritmo de queda em relação a julho, quando o desempenho foi de -3,90%. A retomada refletiu na melhora do acumulado no ano, que passa de uma taxa negativa de 1,36% no período janeiro-julho para -1,22% de janeiro a agosto. No Rio Grande do Sul, o índice continua positivo em 0,94% nos oito primeiros meses de 2001.
A atividade de móveis e eletrodomésticos, explica Macedo, prova que o Estado não está sendo atingido pelo racionamento. O volume nacional de vendas desse segmento caiu 6,75% comparado a agosto do ano passado.

Os únicos estados que apresentaram variação positiva foram o Rio Grande do Sul (20,18%) e Santa Catarina (3,87%).
O Estado apresentou crescimento em todos os segmentos pesquisados.
Em agosto, o setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo teve o melhor desempenho nacional dos últimos quatro meses (1,99%). Os maiores aumentos foram verificados no Distrito Federal (7,75%), Rio Grande do Sul (6,65%), Santa Catarina (4,26%) e Rio de Janeiro (3,69%).
Os combustíveis e lubrificantes apresentaram em agosto o seu primeiro resultado positivo no volume nacional de vendas, com taxa de variação sobre agosto do ano passado de 4,41%. No Estado, o crescimento foi de 3,49%. Também houve uma retomada na atividade de tecidos, vestuário e calçados. Depois da retração de 6,20% em julho, o segmento voltou a expandir as vendas no Brasil, com aumento de 3,59% com relação a agosto do ano passado. O Estado apresentou um pequeno crescimento no mês (0,3%), mantendo positivo em 0,54% o acumulado do ano.

No setor de veículos, motos e peças, que é avaliado de forma isolada, houve uma retração de 5,5% em agosto. A atividade apresentou a maior redução em termos nacionais no mês de agosto (-13,92%). No acumulado do ano, o número estadual é positivo (15,97%) e fica bem acima da média nacional (2,98%).


Artigos

Uma nova forma de ver
Décio Pizzato

Analistas e investidores têm ficado perplexos com a falta de visibilidade da economia e dos mercados de ações, tanto aqui no Brasil como no exterior. Não é para menos, o volume de negócios na Bovespa tem caído a cada dia, estando hoje em cerca de 50% do volume de anos anteriores, isto em virtude da migração dos negócios para os ADR’s na Bolsa de Nova Iorque, entre outros motivos. Mas, hoje vou comentar sobre formas de ver os atuais acontecimentos. Uma semana que se iniciou, ontem, domingo, dia 14, com eleições na Argentina, cujos resultados políticos terão, sem sobra de dúvida, forte impacto na combalida economia daquele país e seus reflexos aqui no Brasil.

Hoje, dia 15, temos o vencimento de opções na Bovespa, que é sempre uma luta entre os comprados e vendidos nesta modalidade de negócios. Na quarta-feira, dia 17, acontecerá o vencimento do mercado de índices futuro, e nova batalha será travada. Como vêem, é uma semana de fortes emoções, que a análise desses acontecimentos só será digerida lá pelo fim da próxima semana. Mas, passada esta turbulência, podemos dizer que um novo ciclo se apresenta e de forma positiva. A outra forma é vendo os acontecimentos sobre empresas e suas ações, analisando quais as que irão optar, ou não, pela permissão de diluir as perdas com a desvalorização do real frente ao dólar, em um período de até 48 meses, conforme autoriza Resolução da Comissão de Valores Mobiliários. As que assim fizerem mostrarão que estão em uma posição enfraquecida em seus negócios. As que preferirem colocar o impacto da desvalorização em uma só vez mostrarão estarem com seus fundamentos bem fortalecidos. Isto aconteceu em 1999, quando da desvalorização cambial resultante do abandono do regime de bandas pelo câmbio flutuante.

No primeiro momento, os balancetes trimestrais acusaram prejuízos, mas no segundo semestre daquele ano todas apresentaram lucros, e o ano encerrou com uma valorização de 152%. Claro os tempos eram outros.
Assim, não é à-toa que Jayme Ghitnick, um dos melhores analistas brasileiros, que escreve sobre mercado de ações para os maiores portais da Internet, e que mantém uma Carta Semanal, chamada apropriadamente de Verdades e Mentiras da Bolsa, de forma inovadora, criou um novo índice de ações para as suas análises e que é chamado de Média JG, rompendo com o que, tradicionalmente, vem sendo feito. Às vezes, é preciso dizer o óbvio, e é o que vou fazer: desde o dia 1º de janeiro de 2001 estamos em um ano novo, de um novo século, de um novo milênio, e é preciso mudar a forma de ver, pensar e agir.


Colunistas

Começo de conversa - Fernando Albrecht

Sugestão para o lixo
Uma das coisas que causa a pior das impressões é o lixo nas ruas, especialmente quando os sacos plásticos se acumulam à espera do recolhimento. No Centro, então, é um horror, porque além do lixo propriamente dito o chão fica coalhado de sujeira e papéis. No que, aliás, o pessoal que distribui propaganda contribui em torno de 90%. Não tem jeito. Vai daí que a população quer ajudar e não raro surgem sugestões como essa placa na frente de uma empresa na General Câmara. Não parece ser uma solução, salvo a estética, mas bem mostra como o povo se aflige com a sujeira.

Mudanças no JC
O JC muda seus telefones a partir de hoje. O Geral passa a ser (51) 3213-1300; a Redação será 3213.1362; O Comercial será 3213.1331 e a Circulação passará a ser 3213.1313.

FeliPão dos Pobres
Sem fazer questão de nenhum alarde, o técnico Felipe Scolari vem mostrando a sua face solidária quando é convidado a fazer palestras em entidades empresariais. Na última, exigiu que seu cachê de R$ 2 mil fosse depositado na conta do Pão dos Pobres. Outra notícia esportiva. Mauro Galvão está construindo um ginásio na altura da Gonçalves Dias.

Sinal dos tempos
E olhem só como a violência se incorporou à rotina das pessoas, igual à famosa história da rã: se colocada na água fervendo, pula fora; se posta em água fria e aquecendo até o ponto de fervura, ela morre queimada porque vai se acostumando. Nos exames teóricos para obtenção da carteira de motorista da Fundação Carlos Chagas, na Andradas 1234, uma das questões que cai é sobre qual a reação correta de um motorista que se vê na mira de assaltantes em um sinal fechado.

Ainda os pardais
Olha, o que veio de e-mail e fax sobre a questão dos pardais não foi normal. Uma empresa do Interior relatou que três dos seus veículos que passaram por lombadas eletrônicas em velocidade inferior à indicada foram multados por excesso de velocidade. Há dezenas e dezenas de outras reclamações sobre o assunto vindas de todo o Estado.

Problemas da cidade
A EPTC instalou uma sinaleira na Nilo Peçanha com a Marechal Andréa, para a conversão à esquerda. Até aí tudo bem, mas ocorre que o ingresso pela Nilo Peçanha permite um único veículo e, como não há sinalização e barreiras adequadas, ocorrem conflitos entre motoristas por culpa de solução inadequada para o caso.

Lançamento
Biologia da Esperança - O desafio de enfrentar e bem-viver com o câncer, da psicóloga Ana Lúcia Salgado (AGE), será lançado amanhã a partir das 19h na Hilário Ribeiro, 287/2º. Ana Lúcia enriqueceu a obra através de sua experiência como professora da UFRGS e da longa prática de psicoterapia na sua clínica.

Magistério irado
Uma espécie de dissidência ou contraponto ao Cpers está mostrando a sua cara nas ruas. Trata-se da Associação Profissional dos Professores Aposentados do Magistério do RS (Appars), que denuncia "o maior arro cho da história do magistério público estadual". A posse da nova diretoria, com Rosabela Flores Almeida na presidência, será hoje às 18h, na Doutor Flores, 307, 3º. É filiada à Fessergs e à central sindical SDS (social democrata), que já é a segunda maior do país.

Ator competente
Na coluna Ponto de Vista da Veja, o economista Cláudio de Moura Castro analisa a excelência do ensino do Senai, mostrando dados impressionantes. Enquanto todos só falam de órgãos como Capes, CNPq e Finep, o Senai toca ficha em grande estilo - o serviço só consegue atender 40% da demanda que chega às empresas. O Senai inspira confiança às indústrias, mas não é ouvido nos fóruns onde se discute política tecnológica, afirma Castro.

Tio Marquinhos
Será lançado dia 18 às 18h, no Variettá Bistrô do Praia de Belas, o livro Tio Marquinhos - Grande Praça (Sulina), a vida vivida do empresário Marcos Rachewsky, da conhecida A Soberana dos Móveis. No livro, que tem texto final do jornalista Kenny Braga, lêem-se poucas e boas do Tio Marquinhos, uma figuraça nascida na Colônia Filipson, Erechim. Entre outras proezas, conseguiu ser fundador da confraria que reúne os donos de restaurantes italianos de Porto Alegre.

Mercado Público
Começa amanhã a Feira de Aniversário dos 132 anos do Mercado Público. A promoção, da Supernova para a Associação dos Permissionários, oferecerá venda direta ao consumidor de produtos da chamada indústria de quintal, como artesanato em cerâmica, prata, metal e palha, artigos para decoração, confecções e até panelas de barro. Enquanto isso, aguarda-se que as lojas dos altos sejam ocupadas. Tem um probleminha: a prefeitura quer de aluguel o preço do CUB da área central, que muitos acham salgado demais.

Miúdas
Abbey Road Studio Pub, de João Antônio Araújo e Júlio Fürst, na Plínio 1185, inaugura dia 18.
Amanhã é Dia do Anestesista. Sociedade de Anestesiologia estará à disposição para consultas sobre.
O Brasil gosta de Democracia? Debate amanhã às 19h, no Teatro do IPE com políticos e estudiosos, mediação de Hélio Gama.
Ministra do STJ, Eliana Calmon, participa do IX Simpósio do Instituto de Estudos Tributários dia 19 na PUC.
Festival Internacional de Publicidade, promoção da ABP, será de 5 a 8 de novembro, no Sofitel Palace Hotel, Rio.
Z Café Bistrô amplia seus negócios e inaugura sua loja no Shopping Praia de Belas.
Bureau de Representações, de Marcos Profes, tem equipamento de gravação em canetas (3231-9886).
IPA/Imec realizam de 24 a 27 o IV Seminário Internacional de Ciências do Movimento Humano.


Conexão Brasília - Adão Oliveira

Bronca do presidente
"Quem não é capaz de civilidade, quem não respeita as normas - até de etiqueta -, não é capaz de entender o mundo moderno, ficou para trás e não percebeu". Essas palavras são do presidente Fernando Henrique Cardoso,na Serra da Canastra, em Minas Gerais, como parte da bronca histórica que existe entre ele e o governador Itamar Franco. FHC ficou uma "arara" com Itamar. O governador não compareceu a uma solenidade em solo mineiro com a presença de Fernando Henrique. O presidente falando aos presentes, acentuou: "É preciso que nós tenhamos a coragem da humildade, a coragem para perceber que estamos prejudicando não só a nós próprios, mas ao povo que nos elegeu".
PPS

Na próxima sexta-feira haverá uma reunião aí em Porto Alegre, em local a ser definido, entre os integrantes da bancada federal e da bancada estadual do PPS. O encontro ficou acertado num jantar na última quarta-feira à noite, no restaurante La Torreta, aqui em Brasília., que contou com a presença do ex-governador Antônio Britto e dos senadores Roberto Freire e José Fogaça. Na reunião da próxima sexta-feira, em Porto Alegre, não está confirmada a presença de Ciro Gomes.

Paranóia
O governo brasileiro vive uma verdadeira paranóia em relação a atentados terroristas. Depois que as duas torres do World Trade Center sucumbiram aos atentados provocados, possivelmente pelos seguidores de Bin Laden, Fernando Henrique "só pensa naquilo". O Brasil parou. O presidente com suas declarações fortes em favor das atrocidades também praticadas pelos americanos, acaba colocando o "alvo nas costas".

Desvio
O ex-consultor-jurídico do ministério dos Transportes, Arnoldo Braga Filho, sumiu, escafedeu-se. Ninguém sabe, ninguém viu. Desde que foi defenestrado da função pelo seu chefe e amigo Eliseu Padilha, acusado de ter muito dinheiro em contas bancárias abertas em seu nome no exterior, Arnoldo tomou Doril. Dona Anadir, a Corregedora Geral da União, já se inteirou do processo. Seus amigos pessoais dizem que ele vai se manter calado. Até enquanto der. Vai acabar protegendo quem não merece.

Sindicalismo
E o sindicalismo de resultados vai ter que prestar contas de seus "negocinhos". O deputado Luiz Antonio Medeiros, do PL paulista, está acuado. Todo mundo a sua volta quer explicações sobre como ele usou o dinheiro arrecadado pela sua central sindical. Tudo indica que houve desvio para contas bancárias no exterior. O próprio deputado está se achando "a bola da vez". O novo Código de Ética da Câmara vai ser inaugurado contra ele. Começou a limpeza.

Britto
O ex-governador Antônio Britto almoçou na churrascaria "Spettus", aqui em Brasília, com Renan Proença, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande e com Nestor de Paula, presidente da Azaléia. Britto, sempre bem humorado, falou sobre a indefinição do momento político brasileiro. E, confirmou que "no momento só estou observando o quadro".

Nomeações
As nomeações de Flávio Vaz Netto, para a Delegacia Regional da Agricultura e de Guilherme Sócias Vilela, para a Superintendência da Conab, deixam bem claro que, tanto o ministro Pratini de Moraes quanto Celso Bernardi, querem ver os novos ocupantes dos dois cargos trabalhando em favor do partido, o PPB. É correta a posição. Afinal, Pratini é candidato à presidencia da República e Celso Bernardi ao governo do Estado.


Editorial

A incrível baixa auto-estima dos brasileiros

As dificuldades estão aí, sem dúvida. Mas não são de hoje, elas aconteceram nos últimos 50 anos, desde que o Brasil começou um vigoroso processo de industrialização, inserindo-se no comércio internacional, eis que a globalização não começou agora, existe há muito e, a rigor, passou por processos semelhantes quando dos descobrimentos na expansão colonialista da Espanha, de Portugal, França e Inglaterra. Se em 1950 éramos 50 milhões de habitantes, em 1970 pulamos para 90 milhões e hoje passamos dos 170 milhões, um salto que, ao mesmo tempo, é bom mas também traz pressões e demandas, especialmente em Educação, Saúde, Emprego e Habitação.

Os problemas existem e são agravados pela tradicional baixa auto-estima dos brasileiros. Ela é comprovada por Pedro Moreira Salles, presidente do Conselho de Administração do Unibanco, que recolheu indicadores sobre o Brasil na última década, apontando quanto há de positivo em diversos campos, sem que seja dado o devido valor. De pleno, ele diz que o País conseguiu acabar com 35 anos de inflação galopante e que, gradativamente, vem eliminando o analfabetismo. A estabilidade permite que sejam praticadas políticas compensatórias, as quais, com a alta inflação de antes, não atingiam os seus objetivos junto às camadas mais pobres. Salles coleciona os bons índices que tivemos, de 1990 a 2000: a mortalidade infantil caiu 30%; o Programa de Saúde da Família está presente em 2.400 municípios; o Programa do Agente Comunitário de Saúde existe em mais de 85% das cidades; o analfabetismo recuou quase 40%, de 22% para 13%; são 96% das crianças entre sete e 14 anos que estão nas escolas; a implantação do Enem e do Provão está qualificando o en sino; neste ano de 2001 o Brasil estará formando seis mil doutores, mais do que a França. Importante também o registro de Salles de que o Brasil tem a maior taxa de crescimento de circulação de jornais no mundo.

O executivo financeiro cita também o aumento de 400% no número de telefones fixos nos últimos sete anos, mais 150% no crescimento dos cartões de crédito, 84% dos lares brasileiros têm geladeiras e mais de 88% têm aparelhos de televisão. Também em 2001 o Brasil atingirá a sonhada safra de 100 milhões de toneladas de grãos. O melhor indicador, no entanto, é aquele que diz que a proporção de pessoas pobres diminuiu 21%, na última década. Todos estes avanços foram obtidos em meio a crises como as do México, Tailândia, Rússia e da Argentina, que continua e teve ontem mais um desdobramento, com as eleições parlamentares, atingindo a dupla Fernando De la Rúa/Domingo Cavallo e, por conseqüência, o Mercosul. Coroando este processo ou sendo mesmo base dele, os superávits fiscais primários, a aplicação da LRF e uma inflação prevista de, no máximo, 6,5%, o equivalente a menos de uma semana de alta dos preços, antes do Plano Real.

O sistema bancário brasileiro, tão criticado como o único setor lucrativo em meio às sucessivas crises, registra 57 milhões de correntistas, 47 milhões de cadernetas de poupança e nele trabalham um milhão de pessoas. Com o Proer, não só foram preservadas as economias de milhares de clientes dos bancos vulneráveis, como houve uma transição dos ganhos inflacionários bancários para as rendas advindas da cobrança de tarifas e empréstimos. Contra fatos e números não há argumentos, o Brasil vê chegar o seu futuro. Se a auto-estima for levantada um pouco que seja, por certo conseguiremos avançar ainda mais, com trabalho e planejamento.
A nova crise derivada dos atentados nos EUA exigirá calma, planejamento e dependerá das ações do G-7, do FMI e da Opep, com certeza.


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10/15/2001


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