PARA DUTRA, MEDIDAS MORALIZADORAS DO GOVERNO SÃO UM "FACTÓIDE"



O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) definiu como um "factóide" as medidas anunciadas pelo governo para moralizar a administração pública e evitar o desvio de recursos do Estado. "Na verdade, o governo está tentando gerar fatos positivos, já que não tem capacidade para resolver os problemas que afetam diretamente os interesses da população", disse Dutra. Na opinião do parlamentar, o que o governo está apresentando como uma grande novidade já deveria ser uma prática na administração pública, independentemente de leis.
- É mais uma tentativa de estabelecer a ilusão de que, a partir da aprovação desse pacote, vai-se acabar com a corrupção e ter mecanismos eficazes para combatê-la - declarou o senador.
Uma das medidas analisadas pelo parlamentar foi a quarentena que se exigirá do servidor público que deixar o governo antes de assumir um cargo na iniciativa privada. Dutra disse que essa é uma exigência pela qual a oposição já se bate há muito tempo. Ele lembrou que, no caso dos dirigentes do Banco Central, existe um projeto de Itamar Franco aprovado no Senado há mais de dez anos e até hoje aguardando deliberação da Câmara.
O senador observou que, se o governo realmente quer agora aprovar a quarentena para os servidores da administração direta, incluindo os dirigentes de agências e detentores de cargos no Banco Central, a oposição espera que Fernando Henrique Cardoso use sua maioria na Casa para aprovar aquilo que aguarda votação há tanto tempo.
Na opinião de Dutra, o governo não quer resolver problemas como taxa de juros e desemprego, preferindo inventar fatos que dêem a entender que está agindo. "Agora, o que salta aos olhos é que o governo resolveu colocar o cadeado depois da porta arrombada", comentou ainda o parlamentar. Ele lembrou que esse mesmo governo vem fazendo tudo para abortar a idéia de instalar-se uma CPI para investigar as relações do ex-juiz Nicolau dos Santos com o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge.
Para o senador, o principal problema do governo é não preocupar-se em investigar as denúncias de irregularidades que "são feitas em seu seio e não preocupar-se, consequentemente, em punir os responsáveis". No seu entender, o governo está tentando lançar uma cortina de fumaça sobre as denúncias de superfaturamento da obra do fórum trabalhista de São Paulo.

23/08/2000

Agência Senado


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