Para especialistas, investimento em defesa tem espaço para crescer



Em debate na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) sobre a Estratégia Nacional de Defesa (END), os especialistas ouvidos consideram relativamente baixo o investimento em defesa, especialmente considerando as riquezas nacionais e o papel crescente do país numa reorganização geopolítica global. No entanto, na audiência presidida pelo senador Fernando Collor (PTB-AL) nesta segunda-feira (17), a questão de defesa foi vista de uma forma ampla, além de uma preocupação estritamente militar.

Segundo o general Aderico Visconte Pardi Mattioli, diretor do Departamento de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, a END tende à centralização de compras, e o ministério se adapta a demandas de produtos de defesa "desafiadores". Em seu ponto de vista, a compra e venda de produtos de defesa contribui com o comércio exterior, mas os militares estão preocupados com a demanda brasileira por produtos de média e alta tecnologia que têm de ser importados - algo que "não é nosso sonho, mas é nossa realidade".

O general elogiou o comprometimento do governo com a END, ressaltando que a questão da defesa permeia todos os ministérios.

Para o professor Gunther Rudzit, coordenador do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), a Constituição de 1988 gerou confusão entre segurança nacional e defesa nacional - citando exemplos, o professor afirmou que a segurança vai muito além da defesa.

Um dos grandes problemas no reaparelhamento das Forças Armadas, segundo Rudzit, diz respeito à educação: há uma dificuldade de compatibilizar a alta tecnologia com o serviço militar obrigatório, e a baixa capacitação limita a capacidade de se absorver tecnologia avançada.

Outro problema apontado foi a série de limitações na transferência de tecnologia para o Brasil, levando em conta as implicações políticas e diplomáticas da necessidade de um longo vínculo com o país fornecedor.

Cláudio Moreira, presidente da Academia Militar Terrestre do Brasil, estimou o mercado mundial de produtos de defesa em US$ 1 trilhão, e o Brasil participa de 0,1% desse montante. Há grande potencial de ampliação da presença brasileira, em sua avaliação, citando a necessidade de estratégias de defesa que levem em conta as questões da Amazônia, Da exploração do petróleo na camada pré-sal e do acesso a alimentos e água. No entanto, Moreira assinalou que o país sofre embargos tecnológicos que acabam gerando efeitos colaterais na capacidade de geração de produtos civis derivados dos militares.

Para Darc Antônio da Luz Costa, presidente da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur), o Brasil está "ficando rico", e riqueza e poder andam juntos; em sua opinião, a nova situação requer um investimento mais compatível com o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Segundo Luz Costa, é preciso levar o Brasil para uma posição mais central no concerto das nações, aproveitando sua posição geográfica para o estreitamento de vínculos com países vizinhos: o Mercosul seria uma integração "inevitável" e uma possibilidade de contestação ao domínio dos Estados Unidos.



17/10/2011

Agência Senado


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