Para governistas, entrada no Mercosul permitiria 'evolução democrática' da Venezuela



Mesmo fazendo restrições ao presidente Hugo Chávez, vários senadores da base do governo reiteraram, nesta quarta-feira (9), seu apoio à entrada da Venezuela no Mercado Comum do Sul (Mercosul). Entre os argumentos apresentados por eles estão o do "enquadramento" democrático que o bloco exigiria daquele país e o da importância das relações comerciais entre Brasil e Venezuela.

Ao afirmar que a integração da Venezuela garantiria a consolidação democrática desse país, Aloizio Mercadante (PT-SP), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Eduardo Suplicy (PT-SP), João Pedro (PT-AM) - e, inclusive, Pedro Simon (PMDB-RS), que não é da base do governo - citaram as recentes declarações do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, durante audiência realizada no Senado.

Apesar de ser um dos líderes da oposição venezuelana, Ledezma defendeu a entrada de seu país no Mercosul. Ele disse que a medida, se realizada com condicionantes, pode limitar as ações arbitrárias de Hugo Chávez e contribuir para a evolução democrática da Venezuela. Segundo o prefeito de Caracas, "Chávez é muito mais perigoso isolado". Nesse contexto, Mercadante declarou que "não se transmite valores democráticos para outros países por meio da exclusão ou do isolamento, mas sim com diplomacia e tolerância".

Simon disse que, "se fosse apenas por Hugo Chávez", ele não seria favorável à entrada da Venezuela, mas o senador ressaltou que "o presidente passa, ao contrário dos países que compõem a América Latina". O mesmo raciocínio foi apresentado por Osvaldo Sobrinho (PTB-MT) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).

Mozarildo, aliás, declarou que dará seu voto "com pouquíssima convicção, pois o ingresso da Venezuela trará complicações enquanto Chávez for presidente". Mas ele ressaltou que, como senador por Roraima (estado que faz fronteira com aquele país), não pode ser contra a integração. Segundo Mozarildo, a população de Roraima "compra energia elétrica e até comida da Venezuela". Jefferson Praia (PDT-AM) também disse que preferiria não votar pelo ingresso, "mas o povo do Amazonas quer a integração".

Comércio

Francisco Dornelles (PP-RJ), Sadi Cassol (PT-TO), Wellington Salgado (PMDB-MG), além de João Pedro e Mercadante, destacaram a importância econômica da entrada da Venezuela no bloco. Segundo Mercadante, 20% do superávit comercial brasileiro no ano passado (o equivalente a US$ 4,6 bilhões) deveu-se ao comércio com aquele país. Ele ressaltou ainda que a Venezuela é atualmente a terceira economia da América do Sul e o sétimo maior parceiro comercial do Brasil.

- Vendemos celulares, automóveis, carne bovina e frango para a Venezuela. Vamos perder esse mercado? - indagou.

Mercadante lembrou que, apesar do discurso de Chávez sobre o governo norte-americano, "os Estados Unidos nunca mexeram nas relações comerciais com a Venezuela, pois 15% das importações americanas de petróleo e gás provêm daquele país".

Também manifestaram apoio à entrada da Venezuela no Mercosul os senadores Augusto Botelho (PT-RR), Cristovam Buarque (PDT-DF) Gerson Camata (PMDB-ES) e Renato Casagrande (PSB-ES).



09/12/2009

Agência Senado


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