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Esse uso se evidenciaria, como citou, na presença do presidente em inaugurações. Também se manifestaria, segundo ela, em iniciativas "justas" - caso dos reajustes salariais para os servidores autorizados nesta sexta-feira por medida provisória. A senadora, no entanto, condenou o enquadramento dessas ações de forma conveniente no "calendário eleitoral", para render ganhos à candidatura do presidente.

Heloísa Helena relembrou sua experiência de líder petista no Senado, durante o segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, para dizer que tais condutas em ano eleitoral eram condenadas de forma "implacável" pelo partido ao qual estava filiada naquele momento.

- Eram os mesmos procedimentos: três anos de arrocho fiscal e um de libertinagem financeira e eleitoreira. Mas observar no governo Lula a mesma metodologia infame, fria e cínica é algo que me dá, mais do que indignação, uma profunda tristeza - disse.

A senadora afirmou que ainda é possível entender a opção pela continuidade técnica, política e ideológica do atual governo em relação ao período de Fernando Henrique Cardoso. Mesmo que isso tenha significado, a seu ver, uma "traição" à história da esquerda democrática brasileira, ainda assim - ela observou - o governo petista pode argumentar que circunstâncias objetivas exigiram a revisão de rumo.

- Agora, ver o presidente Lula utilizar a mesma cartilha oportunista, demagógica, fria e cínica no processo eleitoral é algo triste de ver - reforçou.

Para a senadora, nada é pior do que a "farsa" de que o governo acabou com a dívida externa. Heloísa também acusou de demagógica a recente declaração do presidente Lula de que governa para os pobres e que estes não lhe criam "problemas" com marchas e manifestações em Brasília.

- O presidente incorporou a visão das oligarquias tradicionais que preferem um povo silencioso, paciente, sem fazer marchas a Brasília para reclamar; omisso, sem reivindicar seus direitos, contente com as migalhas que chegam à sua mesa - disse.

Heloísa Helena afirma ser necessário refletir sobre afirmações do presidente, quando ele, ao mesmo tempo, garante uma "Bolsa-Banqueiro" que assegura a cada família de especulador R$ 610 mil por mês, como resultado dos juros totais pagos ao ano pela dívida púbica - da ordem de R$ 180 bilhões - e, por outro lado, paga, em média, R$ 58 reais a cada beneficiário do Bolsa-Família.

- O presidente conta com a desinformação de parte da opinião pública para ser um mercador de ilusões, copiando comportamento que condenávamos, por ser deseducativo e só levar à desesperança e à desilusão - afirmou.

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