Heloísa Helena: PT não deve gastar "capital eleitoral" com o FMI



A propósito da chegada da delegação do FMI ao Brasil, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) criticou o que chamou de -receituário decadente- daquela instituição, que fragiliza as economias dos países em desenvolvimento ao exigir superávit primário, privatizações e liberdade para entrada e saída de capitais estrangeiros.

- Antes de mais nada, esta receita é danosa para a soberania brasileira, cujos preceitos estão descritos com precisão na Constituição de 1988 - afirmou.

Heloísa Helena lembrou que nas últimas eleições uma maioria expressiva votou contra o governo Fernando Henrique Cardoso e, por conseqüência, contra seu atual relacionamento com o FMI.

- O povo quer mudanças estruturais e o novo governo do PT precisa implementá-las, sob pena de comprometer seu capital eleitoral - advertiu.

Heloísa Helena criticou os credores internacionais do Brasil que querem ganhar dinheiro sem produzir sequer um prego ou mesmo correr os riscos próprios do capitalismo.

- Qualquer ventinho de mudança e logo surgem as advertências: precisamos acalmar o mercado, evitar a contaminação, afastar o pesadelo - disse.

A senadora lembrou as expectativas dos brasileiros, que -querem é aumentar a produção e as vendas no varejo, gerar empregos, ampliar programas sociais de combate à fome e à falta de moradia e melhorar o atendimento à educação e à saúde-, ressaltando que, -infelizmente, essas metas não interessam ao Fundo Monetário Internacional-.

Heloísa Helena disse ainda que não há mais sentido em negociar a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), depois que o Congresso norte-americano listou 340 produtos para ficarem -de fora- das negociações para proteger a indústria norte-americana. Entre eles, evidentemente, aqueles que interessam ao Brasil como têxteis, produtos agrícolas, açúcar, álcool e calçados, frisou.



11/11/2002

Agência Senado


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