Para Jereissati, a maior qualidade de ACM era a paixão, em especial, pela Bahia



O senador Tasso Jereissati, presidente do PSDB, optou por fazer um discurso de improviso na sessão em homenagem ao senador Antonio Carlos Magalhães, morto em 20 de julho vítima de complicações renais e cardíacas. Entre suas inúmeras qualidades, destacou a paixão que o caracterizava em tudo o que fazia. Ressaltou, em especial, a paixão que o senador cultivava pela Bahia, seu estado natal, onde se tornou, conforme Jereissati, mais que um político respeitado, "uma verdadeira instituição".

- Antonio Carlos não era um homem comum. Tudo nele fugia ao ordinário. Nada nele era moderado, comum, trivial. Que homem forte, que homem fantasticamente forte. Como pôde, eu me pergunto, aquele coração suportar tamanha paixão? - indagou o parlamentar pelo Ceará.

Jereissati dirigiu-se ao neto do senador, deputado ACM Neto, para descrever uma atitude comum em Antonio Carlos: a de polemizar mesmo quando se tratava de um pequeno detalhe, se para ele o assunto merecesse sua atenção, ele o discutiria por não aceitar, conforme Jereissati, "viver sem riscos" e por não aceitar a mediocridade.

Outra de suas qualidades descritas pelo presidente do PSDB foi sua fortaleza de caráter, demonstrada numa ocasião em que já com a saúde debilitada teve uma indisposição em Plenário. Em vez de aceitar o conselho dos colegas parlamentares de sentar-se em cadeira de rodas e ir para o hospital, teria caminhado resoluto "como a dizer, com pressa e altivez, eu ando ainda melhor que vocês todos".

Jereissati descreveu dois momentos de Antonio Carlos que ilustram seu amor pela Bahia. Em um deles, ao sobrevoar em sua companhia a cidade de Salvador, Antonio Carlos teria dito "Como é linda essa Bahia". Para Jereissati, esse comentário breve sintetizou todo o amor que o parlamentar baiano tinha por sua terra. Em outro episódio, presenciou Dona Canô, mãe do cantor e compositor Caetano Veloso, beijar as mãos de Antonio Carlos, gesto a que ele teria estendido as mãos com a mesma naturalidade com que ela se oferecera para beijá-las. Essa cena, disse Jereissati, é exemplar da transformação de Antonio Carlos em uma instituição em sua terra.

- Ele acabou se transformando no imaginário popular brasileiro em um personagem de Jorge Amado, uma música de Caymmi, uma pintura de Caribé - comparou o senador.

O presidente do PSDB lembrou ainda a emoção que sempre tomava conta de Antonio Carlos quando, em uma conversa, era mencionado o nome de seu filho Luís Eduardo, morto vítima de ataque cardíaco em abril de 1998.

- Uma dor que o senador e pai soube dominar de forma corajosa ao longo dos últimos anos - disse Jereissati, que, como católico, disse esperar que Antonio Carlos tenha reencontrado os filhos Luís Eduardo e Ana Lúcia, também falecida prematuramente.

Jereissati disse ainda que ACM era uma "presença marcante" que fará muita falta no Plenário do Senado. Para ele, "demandará muito esforço suprir a lacuna por ele deixada".

- Tal era seu carisma, que sua presença, sua entrada, era imediatamente percebida - disse.



08/08/2007

Agência Senado


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