Para oposições, Operação Tapa-Buracos é dinheiro "jogado fora"



Durante a discussão do Projeto de Lei de Conversão 7/06, que abre crédito extraordinário no valor de R$ 350 milhões em favor do Ministério dos Transportes para a chamada Operação Tapa-Buracos nas rodovias federais de todo país, o líder do PFL, senador José Agripino (RN), disse que as obras não passam de uma forma de se "jogar dinheiro público fora". Ele observou que as obras já realizadas, com raras exceções, "já foram levadas pelas primeiras chuvas".

- Trata-se de uma irresponsabilidade aliada à incompetência administrativa - resumiu José Agripino, ao lembrar que há três meses já havia alertado, na qualidade de engenheiro civil, que a operação não iria dar certo.

O senador observou que a boa técnica recomenda jamais aliar asfalto novo com asfalto velho, como foi feito. O caminho correto, salientou, seria o completo recapeamento das estradas.

O mesmo pensamento tem a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL). Para ela, a operação representa uma irresponsabilidade administrativa. Mas observou que, apesar de votar contra o projeto de lei de conversão, na prática de nada adiantaria, pois os recursos já foram gastos, uma vez que a medida provisória entrou em vigor no dia 6 de janeiro de 2006, ou seja, na data da publicação. O senador Almeida Lima (PMDB-SE) também fez coro às críticas, afirmando tratar-se de uma obra política.

Para o senador Sibá Machado (PT-AC), o governo resolveu realizar a operação devido ao estado "lastimável" em que as rodovias federais se encontram há anos. Do contrário, notou o senador, o prejuízo seria maior, principalmente para a agricultura. O senador Maguito Vilela (PMDB-GO) concordou, deixando claro que não havia outra saída, a não ser realizar a Operação Tapa-Buracos. Caso contrário, ressaltou, a situação iria piorar.

Elogios a Renan

No decorrer da discussão do projeto de conversão, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) enalteceu o trabalho que vem sendo realizado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. Para ele, Renan "tem sido um grande presidente do Congresso Nacional". No entender do senador baiano, "Renan vem atuando com isenção, além de não ser subserviente ao Palácio do Planalto".

O elogio foi feito após o senador Mão Santa (PMDB-PI) afirmar que votava contra o projeto relativo à Operação Tapa-Buracos "em nome do PMDB autêntico". Renan repreendeu Mão Santa e disse que ele foi infeliz ao usar a expressão, porque poderia ser encarada como uma espécie de indelicadeza para com outros parlamentares filiados ao partido.

Sobre a sua atuação à frente da Presidência do Senado, Renan Calheiros disse que "dorme com a consciência tranqüila", uma vez que sempre tentou usar o bom senso para fazer o correto, incluindo o funcionamento de comissões parlamentares de inquérito consideradas polêmicas, com destaque para a CPI dos Correios.

O presidente disse que lutou para que o relatório final da CPI fosse votado e que estava satisfeito em saber que a Procuradoria-Geral da República, com base no relatório da CPI, remeteu ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncias que envolvem cerca de 40 nomes, entre ex-ministros, políticos e empresários, acusados de corrupção.

12/04/2006

Agência Senado


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