Para relator, votação do salário mínimo é imprevisível



Poucas horas antes da votação, o relator da medida provisória que fixa o novo valor do salário mínimo, senador César Borges (PFL-BA), considera que o resultado da votação é imprevisível. Ele condenou as estratégias do governo para pressionar senadores, da base de apoio ao governo e da oposição, em busca dos votos necessários para rejeitar o seu relatório, que fixa o salário mínimo em R$ 275, e aprovar o valor de R$ 260. - O cenário hoje é imprevisível. Não me arriscaria a fazer um prognóstico do resultado. Vai depender muito da presença e ausência dos senadores em Plenário e das articulações que as lideranças do governo e da oposição farão. Tenho esperança que os R$ 275 possam ser aprovados - afirmou o relator. A avaliação do senador leva em conta que a pressão do governo é forte -e até indevida-, por afrontar a consciência de parlamentares, como o senador Paulo Paim (PT-RS), conhecido por sua defesa de melhoria do salário mínimo. - Vários outros senadores, tanto da base do governo como da oposição, estão sendo pressionados. Estão sendo disparados telefonemas do Planalto e há coisas até inconfessáveis como promessas de liberação de recursos e de cargos. A meu ver, é um esforço que só depõe contra o governo, porque demonstra que não está respeitando o jogo democrático e a consciência dos senadores - denunciou. César Borges considerou que a votação é um momento em que os 81 senadores deveriam estar presentes em Plenário, dando o seu voto, mas, se alguns faltarem, vai ficar claro que a pressão do governo foi muito forte. Sobre o procedimento de votação, depois da leitura do parecer, o relator disse que há possibilidade de um requerimento de preferência pedir a votação da proposta que prevê o valor de R$ 260 para o mínimo em vez do substitutivo. - Esse seria um teste, que poderia ser positivo ou negativo para ambos os lados. Para a oposição, talvez seja mais fácil rejeitar os R$ 260 que aprovar os R$ 275. O governo pode ter uma visão contrária, de que é melhor fazer o teste. Derrotados os R$ 260, partiríamos para a votação dos R$ 275. É praticamente inviável você prever agora como é que vai acabar esse processo - disse o senador, que, nesta sexta-feira (18), participa da convenção do PFL da Bahia que deve indicá-lo candidato do partido à Prefeitura de Salvador. Desgaste político Para César Borges, o governo está arcando com grande desgaste político, já que assumiu o compromisso de, em quatro anos, dobrar o poder aquisitivo do salário mínimo. Se fosse coerente, disse, em vez de R$ 260, deveria propor um mínimo de R$ 295 neste ano. - Está demonstrado que a promessa era apenas uma bravata, uma falácia. O desgaste é inquestionável e não há recuperação. A votação transformou-se em uma questão de afirmação política do governo, que precisa mostrar ao mercado que tem força para aprovar o valor de R$ 260 e não demonstrar fragilidade dentro do Congresso - declarou.

César Borges avaliou ainda que, neste momento, os articuladores políticos do governo, os ministros da Coordenação Política e Assuntos Institucionais, Aldo Rebelo, e o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, apenas tentam afirmar-se e dizer que controlam a base aliada e alguns votos da oposição.




17/06/2004

Agência Senado


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