Para Sarney, crise atravessada por Mercosul é natural na construção de blocos econômicos



No momento em que a cúpula do Mercado Comum do Sul (Mercosul) prepara-se para reunião a realizar-se no Rio de Janeiro, na próxima quinta-feira (18), quando o Brasil passará a presidência pro tempore do bloco para o Paraguai, a situação dessa união econômica não é das melhores. A avaliação é do senador José Sarney (PMDB-AP), ex-presidente da República e idealizador do bloco, para quem a iniciativa vive uma fase de dificuldade perfeitamente administrável.

- Eu acho que o Mercosul atravessa uma fase de crise, mas toda união econômica, nos termos da que nós buscamos, tem problemas a solucionar. Não achamos que iríamos ser exceção. Temos atravessado alguns períodos difíceis, como atravessamos no presente, mas a idéia desse bloco é tão forte, tão necessária ao nosso continente, que tenho certeza de que será vitoriosa.

A reunião de cúpula ocorre um mês depois de realizar-se, no Plenário do Senado, a instalação do Parlamento do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Devem participar do encontro os presidentes da Bolívia, Evo Morales, cujo pedido de ingresso no bloco já foi aceito, e do Equador, Rafael Correa, que na ocasião deve formalizar pedido semelhante.

A proposta de ingresso da Bolívia já conta com o apoio dos cinco sócios do bloco, que são Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. E, desde 1996, a Bolívia e o Chile fecharam acordos de livre comércio com o Mercosul, desfrutando atualmente do status de membros associados.

Para o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, Roberto Saturnino (PT-RJ), as iniciativas da Bolívia e do Equador reforçam a consolidação do bloco econômico. "Meses atrás, havia muita gente agourando, prevendo o desmoronamento do Mercosul. E o que a gente vê agora são novos países querendo aderir, o que significa o fortalecimento desse bloco, o que reforça enormemente esse projeto de integração", disse Saturnino à Rádio Senado.

Com o mesmo otimismo, expressou-se o presidente do Senado, Renan Calheiros, quando da instalação do Parlamento do Mercosul, no dia 14 de dezembro passado. Para Renan, o Parlamento será o fórum ideal "para legitimar a integração dos povos, debater os grandes temas regionais e vencer as desconfianças que todos os processos de integração provocam". Na oportunidade, Renan também deixou claro que "o Brasil não tem qualquer pretensão hegemônica na América Latina, como alguns países chegam a suspeitar".

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também presente à solenidade de instalação do Parlamento, recomendou que o Brasil ajude os países menos desenvolvidos da América Latina, medida que ele considera fundamental para a maior integração econômica da região.

Para Lula, a instalação do Parlamento foi mais uma demonstração da vitalidade do Mercosul, que desmente as vozes pessimistas que freqüentemente anunciam o próprio desaparecimento do bloco. "Nosso Parlamento regional já foi uma aspiração, um sonho. Hoje, graças ao trabalho de muitos, tornou-se uma realidade, uma conquista da vontade coletiva dos cidadãos do Mercosul", disse Lula em dezembro.



12/01/2007

Agência Senado


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