PARA SUPLICY, ATUAL MODELO DE COMBATE ÀS DROGAS EXAURIU-SE



Com base em documento assinado por 386 lideranças internacionais, publicado no jornal The New York Times da última segunda-feira (dia 9), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) associou-se hoje (dia 12) à posição de que o modelo repressor de combate às drogas exauriu-se. Para Suplicy, a atenção dada a ações punitivas impede as nações de tomar iniciativas efetivas no combate às drogas.

O documento, intitulado "Nós acreditamos que a guerra global contra as drogas, agora, está causando mais malefícios que as próprias drogas" e dirigido ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Koffi Annan, teria sido, segundo Suplicy, ignorado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. "O presidente deveria ter aberto o principal jornal dos Estados Unidos", sugeriu Suplicy. FHC esteve em Nova York para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Drogas, que aconteceu de 8 a 10 de junho.

Conforme dados do documento, as drogas movimentam hoje uma receita anual de US$ 400 bilhões, o que representa 8% do comércio internacional. "Essa é uma indústria que dá poder aos criminosos, que podem corromper governos e gerar violência na sociedade, uma ameaça à juventude", afirmou Suplicy.

Porém, disse o senador, em vez de atacar o problema com eficiência, o combate às drogas tem sido marcado por décadas de políticas "fúteis e falhas". Suplicy lembrou que argumentos "retóricos" teriam sido utilizados inclusive para a aprovação do projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), "uma das principais fontes de endividamento externo do país".

- Aqueles que suscitam um debate sério e responsável acerca do problema são logo acusados de estarem se rendendo. O medo e a inércia levam ao afastamento de ações responsáveis que levem em conta o senso comum, a saúde pública e os direitos humanos - disse Suplicy, inspirado no documento que foi assinado também pelo presidente de honra do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, entre acadêmicos e personalidades de diversos países.

O senador afirmou que até mesmo autoridades ligadas ao governo federal, como o presidente do Conselho Federal de Entorpecentes (Confen), Luiz Matias Flach, estariam de acordo com a postura defendida no documento entregue ao secretário-geral da ONU.

Por fim, Suplicy disse acreditar que ainda há tempo para o presidente Fernando Henrique Cardoso tomar conhecimento do documento, a fim de que, a partir de sua análise, encontre soluções para o combate às drogas que estejam em harmonia com o texto apresentado a Annan.



12/06/1998

Agência Senado


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