Para Vanessa, CPI deve começar pela análise de documentos que revelam espionagem



VEJA MAIS

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) acredita que a CPI da Espionagem, que investigará denúncias de monitoramento de e-mails e telefonemas pelos Estados Unidos no Brasil, deve iniciar os trabalhos pela análise de documentos repassados ao jornalista Glenn Greenwald por Edward Snowden, que prestou serviços à NSA, agência de segurança norte-americana. Autora do requerimento para criação da CPI, ela também considera necessário um contato direto com Snowden, que está asilado na Rússia.

Ao lembrar que a Comissão de Relações Exteriores (CRE) já tratou do tema em audiências públicas com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, com representantes da Google, Facebook e Microsoft e com Greenwald, a senadora disse que a comissão de inquérito deve priorizar inicialmente a análise das interceptações.

– Queremos trabalhar muito próximo ao jornalista Glenn, na análise da documentação. Ter um encontro com Snowden também é fundamental. O que precisamos é de mais dados, para depois continuarmos ouvindo essas pessoas. O principal agora é irmos atrás de documentação que nos dê condições de desenvolver a investigação – disse, em entrevista a jornalistas.

Na opinião de Vanessa Grazziotin, não há mais dúvida de que houve espionagem, devendo a CPI buscar a dimensão do fato, o modo como interceptações foram feitas, a identificação das pessoas ou empresas que colaboraram no processo e a compreensão sobre as implicações dos grampos em decisões políticas, comerciais e industriais.

– Precisamos ampliar o leque do conhecimento sobre o fato, entender seu modus operandi e analisar a situação de defesa do Estado, do país, da sua população e das suas empresas – disse.

Questionada sobre possíveis consequências caso fique comprovado que empresas de telecomunicações ou prestadoras de acesso à internet fizeram o repasse de informações aos Estados Unidos, Vanessa não quis se adiantar, mas afirmou que qualquer empresa que pratique ato ilícito deve ser enquadrada conforme a legislação brasileira.

Ela ressaltou que um dos objetivos da CPI da Espionagem deverá ser a apresentação de sugestões para aumentar a segurança da comunicação eletrônica e telefônica no Brasil.

A senadora disse acreditar que o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, deve ser convidado a falar à CPI, mesmo tenho recusado convite para participar de audiência pública na CRE. Frente à denúncia de que comunicações da presidente Dilma Rousseff teriam sido interceptadas pela NSA, divulgadas pela imprensa no último fim de semana, o governo brasileiro cobrou do embaixador explicações por escrito.

Perguntada sobre as implicações políticas caso essas interceptações fiquem comprovadas, Vanessa Grazziotin disse que a CPI da Espionagem não busca desestabilizar as relações com os Estados Unidos, mas saber com clareza o que está acontecendo e buscar os mecanismos para dar maior segurança às comunicações e evitar que sejam monitoradas.

Ela considera que o governo brasileiro, apesar de cauteloso, tem agido com firmeza, dando prosseguimento a inquérito da Polícia Federal para investigar as denúncias e agora cobrando explicações formais do governo americano.

– Os Estados Unidos devem, diante da presidenta do Brasil e diante do povo brasileiro, uma retratação – afirmou.

De acordo com discussões preliminares, a senadora Vanessa Grazziotin deve ser eleita presidente da CPI da Espionagem, ficando o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) com a relatoria da comissão parlamentar de inquérito. A instalação da CPI está marcada para esta terça-feira (3), às 14h30.



03/09/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


Greenwald deve ser ouvido pela CPI da Espionagem

Novos documentos revelam contradições

RELATOR DIZ QUE DOCUMENTOS APREENDIDOS REVELAM FATOS "GRAVÍSSIMOS"

Vanessa reforça necessidade de CPI para apurar denúncias de espionagem

Vanessa apresenta sugestões de CPI da Espionagem para melhorar segurança do país

PARA NABOR, SESSÃO DA SEXTA DEVE COMEÇAR ÀS 10 H