RELATOR DIZ QUE DOCUMENTOS APREENDIDOS REVELAM FATOS "GRAVÍSSIMOS"



O relator da CPI que investiga o sistema financeiro, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), disse nesta terça-feira (dia 20) que o exame dos documentos apreendidos pela Polícia Federal no apartamento do ex-presidente do Banco Central, Francisco Lopes, no Rio de Janeiro, revelam "fatos gravíssimos", que chegam a envolver "grande parte do sistema financeiro nacional". Segundo o senador, existem documentos apreendidos que revelam fatos ainda mais graves do que os que já foram publicados pela imprensa, mas que ele só divulgará após exame mais minucioso desse material pela CPI.- Fiquei triste e estarrecido ao tomar conhecimento do conteúdo desses documentos. Até meu equilíbrio emocional foi abalado, pois nunca pensei que nos altos escalões havia esses problemas. Se esses fatos se comprovarem, ele (Francisco Lopes) enganou a todos nós - afirmou o relator, durante entrevista coletiva.Em resposta aos jornalistas, João Alberto disse que não há qualquer documento, de posse da CPI, comprometendo o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e nenhum outro integrante do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.- São documentos que comprometem os que estão sendo investigados pela CPI - afirmou.Apesar de a CPI ter aprovado o envio ao Senado de toda a documentação apreendida pela Polícia Federal, o relator disse que prefere manter os documentos no Rio de Janeiro por questão de segurança. Revelou ainda que deverá ir ao Rio, para examinar os documentos. Segundo João Alberto, a Polícia Federal tem "ambiente mais propício", com depósitos apropriados e seguros, para guardar a documentação.- Estou pronto para ir ao Rio, se for necessário, pois lá existe uma grande quantidade de documentos. Acho que esse material deve ficar com a Polícia Federal. Se esses documentos vierem para cá ficarão sob minha guarda e o Senado terá que providenciar todo um ambiente próprio para guardá-los - observou.Sobre os trabalhos da CPI, o relator disse que a comissão ficou "maior e mais ampla", com a tomada dos primeiros depoimentos e o roteiro de trabalho para as próximas semanas. Disse também que existem ainda muitos documentos para a CPI examinar. Os dois procuradores que apresentaram os documentos apreendidos no Rio, Arthur Gueiros e Lima, estão à disposição da CPI. As diligências feitas até o momento, observou, envolvem oito ambientes fiscalizados, sendo dois em São Paulo e seis no Rio.Para o relator, será necessário fazer um levantamento amplo sobre os controladores da empresa Macrométrica, da qual Francisco Lopes foi sócio, para que a CPI possa decidir sobre a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico dessas pessoas. "Queremos dar clareza aos trabalhos e uma resposta consistente para a sociedade", disse.

20/04/1999

Agência Senado


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