Parlamentares, artistas e ativistas sociais cobram sensibilidade ao protesto de dom Cappio
Um grupo de parlamentares, artistas e representantes de diversos movimentos sociais esteve no gabinete do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), na tarde desta quarta-feira (19) para cobrar sensibilidade à greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio. Dom Cappio jejua há 22 dias em protesto pela transposição do Rio São Francisco.
Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) cassou a liminar que suspendia as obras de transposição do rio. Logo em seguida, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, anunciou que pretende levar adiante a execução do projeto.
O senador José Nery explicou que a transposição, nos moldes em que o governo pretende executá-la, não serve aos interesses do povo nordestino "que hipoteticamente seria beneficiado".
- A obra beneficia quase que exclusivamente o agronegócio. Apenas de 4% a 5% do volume da água do rio vai servir ao pequeno agricultor. O povo exige ser ouvido e apresenta um projeto alternativo que deveria ser trabalhado e respeitado - disse o senador.
A atriz Letícia Sabatella destacou que dom Cappio conhece como ninguém a luta do povo do semi-árido.
- A sociedade deveria olhar com atenção para projetos alternativos que garantam sustentabilidade e não desgastem ainda mais o rio. Esse projeto vai atender muito mais à indústria e muito pouco à população que mais precisa - observou.
Já o ator Osmar Prado explicou que, com seu gesto, dom Cappio não pretende barras as obras, mas somente alertar para os interesses por trás de um projeto de tamanha envergadura, que, em sua opinião, deveria ser "exaustivamente discutido". Ao ser questionado sobre o suposto caráter "chantagista" da atitude do religioso, o ator o comparou a Mahatma Gandhi em sua luta pela libertação da Índia do Império Britânico.
- Gandhi foi chantagista quando colocou a arrogância do Império Britânico de joelhos? - questionou Osmar Prado.
19/12/2007
Agência Senado
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