Parlamentares cobram análise de requerimentos sobrestados



Depois de realizar diversas diligências nos estados e no exterior, os parlamentares da CPI mista do Banestado cobraram do presidente e do relator da comissão, respectivamente, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e deputado José Mentor (PT-SP), a análise de requerimentos apresentados e que ainda não receberam parecer da relatoria.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e o deputado Eduardo Valverde (PT-RO) pediram que seja dada continuidade à investigação sobre fundos de investimentos nacionais que teriam feito depósitos em contas suspeitas no exterior, especialmente o Banco Opportunity.

Em seguida, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) pediu que a CPI não conduza suas investigações com base apenas em especulações ou em informações que representam interesses políticos ou empresariais -inconfessáveis-. Ele manifestou sua opinião, por considerar que requerimentos que pedem investigações do Banco Opportunity podem representar esse tipo de interesse, como a disputa entre o banco e fundos de pensão que vem da época da privatização da Telebrás.

- Há uma briga empresarial por trás da questão do Opportunity. Não vamos querer crucificar um fundo que briga com o Previ (fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil). Remeter recursos por meio de contas CC-5 não é privilégio de pessoas do governo passado. Não se vai crucificar ninguém do meu partido - avisou Heráclito, sugerindo que, se a tendência é tratar como irregular qualquer transferência de recursos para o exterior, as investigações devem se ampliar para membros do atual governo, como o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Valverde disse que concorda com Heráclito que não apenas um, mas todos os envolvidos devem ser investigados, desde que a partir de indícios de irregularidades, como no caso do Opportunity. Acusada por Heráclito de se mover por interesses políticos locais, Ideli disse que o nome do senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) não apareceu na CPI por sua -boca-, mas em depósitos numerados do Opportunity.

Antero esclareceu que uma das primeiras providências da CPI foi solicitar informações sobre os fundos e cruzar informações. Apenas os dados relevantes e consistentes, disse o presidente da CPI, continuarão a ser investigados.

O deputado Robson Tuma: (PFL-SP) também pediu que o relator coloque em votação requerimentos de convocação e de informações de sua autoria baseados em dados apresentados por Nicéa Camargo, ex-esposa do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Ele também se disse preocupado com a necessidade de a CPI concentrar seus trabalhos para que não se perca em tanta informação.

Diligências

O deputado Dr. Hélio (PDT-SP) pediu que a relatoria da CPI divulgue sumários das diligências realizadas nos estados para informar os parlamentares que não participaram das audiências. Em Belo Horizonte, disse, faltou ouvir um representante da empresa Seculus Jóias e Comércio Ltda., suspeito de ser proprietário de uma factoring que pode ser subsidiária da conta Beacon Hill.

- Essa pessoa não pode deixar de ser ouvida. Sem uma comunicação a esse respeito, fica a impressão de que o assunto caiu no esquecimento. É preciso ficar claro que essas pessoas serão ouvidas no momento oportuno - sugeriu.

José Mentor disse que existem outras pendências das diligências nos estados, como no caso de pessoas que não foram encontradas pela CPI. Ele comunicou que serão feitos os ajustes necessários e a CPI pode, inclusive, voltar aos estados .

Enquanto a deputada Iriny Lopes (PT-ES) sugeriu que a CPI realize uma reunião para definir o método de trabalho da segunda fase das investigações, o deputado Paulo Kobayashi (PSDB-SP) considerou que os parlamentares devem dar prioridade à conclusão da etapa atual. Antero disse que vai marcar reunião com esse objetivo, provavelmente na quinta-feira (13).



06/11/2003

Agência Senado


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