Parlamentares criam Fórum de Porto Alegre



 





Parlamentares criam Fórum de Porto Alegre
Uma rede internacional reunirá políticos para debater idéias e projetos

Preocupados com a falta de ações unificadas entre os diferentes parlamentos, políticos reunidos no 2º Fórum Social Mundial anunciaram a criação da Rede Parlamentar Internacional e a instalação do Fórum de Porto Alegre.

O evento, que deverá ser paralelo ao FSM, debaterá atividades políticas e buscará a troca de experiências entre os parlamentares.

Concebida com o aval de 1.115 parlamentares que estiveram na Capital, a Rede Parlamentar Internacional passará a divulgar projetos e debater idéias, via internet, ainda no primeiro semestre do ano. O objetivo é amadurecer as propostas que virão a ser debatidas durante o Fórum de Porto Alegre, que será realizado em 2003.

– Não queremos concorrer com o Fórum, mas criar um espaço de trocas e discussões das ações parlamentares – afirma o deputado federal Aloizio Mercadante (PT-SP), um dos incentivadores da idéia.

Ainda em fase de discussões, os dois projetos serão articulados a partir de maio, durante o Fórum de São Paulo. A Rede Parlamentar Internacional será coordenada por quatro parlamentares latinos e três europeus, ainda indefinidos. Da representação latina, estarão presentes México, Uruguai, Cuba e Brasil.


Brizola deverá concorrer a deputado federal pelo Rio
Aliança entre PDT e PPS deve ser anunciada neste mês 11

O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, deverá ser candidato a deputado federal nas eleições deste ano.

O PDT quer fazer de Brizola um “puxador” de votos do partido no Rio e garantir o mínimo de 5% dos votos para escapar da chamada cláusula de barreira.

O quórum de 5% é a votação mínima que cada partido vai precisar atingir este ano, na disputa por vagas na Câmara de Deputados, para manter o direito a um tempo na TV superior a dois minutos por semestre. Esses 5% terão de se distribuir por nove Estados, com um mínimo de 2% dos votos de cada um deles. Nas eleições de 1998, o PDT foi o último colocado dos sete partidos que conseguiram atingir esses índices. Embora a legislação que estabelece esse quórum mínimo seja de 1995, ela só deve vigorar a partir de 2003, com base no pleito deste ano.

Na noite de domingo, Brizola praticamente fechou a participação do PDT na aliança que lançará a candidatura de Ciro Gomes (PPS) à Presidência. No próximo dia 21, em Brasília, uma reunião conjunta das executivas nacionais do PDT, PPS e PTB deverá sacramentar a aliança.

Por volta da meia-noite de domingo, após quase seis horas de reunião, Brizola demonstrava – em entrevista ao lado de Ciro, de Roberto Freire (presidente do PPS), de José Carlos Martinez (presidente do PTB), e do deputado federal Roberto Jefferson (líder do PTB no Congresso) – ter sido seduzido para a aliança.

– O doutor Ciro Gomes é o mais preparado de todos os candidatos que estão aí para tirar o nosso país desse buraco – afirmou.

Na reunião de domingo, teria sido acertado que o ex-governador Antônio Britto não concorreria ao Piratini. A informação é de membros do PDT próximos a Brizola. A candidatura de Britto, egresso do PMDB e filiado ao PPS em outubro, seria um dos empecilhos para um acordo entre os dois partidos, já que o ex-governador é considerado um inimigo do PDT no Estado.

O principal pré-requisito para a concretização da aliança é que os três partidos consigam até lá articular chapas comuns para as eleições majoritárias (governador e senador) em todos os Estados.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, domingo à noite, Ciro Gomes não confirmou a informação de que Britto não seria candidato, mas disse que a aliança só seria possível com candidaturas únicas também nos Estados.

A estratégia seria, ainda segundo os assessores de Brizola, convencer Britto a concorrer a uma vaga na Câmara Federal. Brizola e Britto não foram localizados por Zero Hora até as 21h30min de ontem.

Os pedetistas avaliam que Brizola, que foi governador do Rio por dois mandatos (1983-1986 e 1991-1994), conseguirá entre 500 mil e 600 mil votos como candidato a deputado federal no Estado, conseguindo com isso eleger outros candidatos da legenda no Rio.

Em 1962, Brizola era governador do Rio Grande do Sul e, para não ter de se desincompatibilizar do cargo, decidiu concorrer a deputado federal pelo então Estado da Guanabara (a legislação permitia que isso fosse feito). Ele se elegeu com 269 mil votos, a maior votação para deputado federal do país até então.


Um mundo sem guerras é possível?
Participantes do Fórum expõem seus pontos-de-vista sobre as perspectivas de convivência pacífica no mundo

Sob o título Um Mundo sem Guerras é Possível, as conferências mais importantes do 2º Fórum Social Mundial dedicaram-se especialmente à discussão do tema que mais preocupa o mundo desde que a fúria terrorista lançou-se em ataques às torres gêmeas em Nova York, no dia 11 de setembro do ano passado – a paz. Entre as questões que dominaram os debates, destacaram-se, por exemplo, o embate entre palestinos e israelenses, a elaboração de um plano de paz para a Colômbia, a luta pela independência do País Basco, na Espanha, e propostas de solução para os conflitos no estado mexicano de Chiapas. Zero Hora perguntou a 20 participantes do Fórum se um mundo sem guerras é possível.


A Alca na mira do Fórum
Último protesto do evento teve como alvo o bloco econômico proposto pelos EUA

Na véspera do encerramento do Fórum Social Mundial, milhares de pessoas participaram no final da tarde de ontem de uma caminhada contra a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), no centro de Porto Alegre.

A marcha, que reuniu a maioria das organizações e partidos políticos envolvidos nas atividades do Fórum, partiu do Auditório Araújo Vianna e se encerrou no Largo Glênio Peres, onde não havia espaço para acomodar todos os participantes.

O governador Olívio Dutra juntou-se aos manifestantes em frente ao Mercado do Bom Fim, e o prefeito Tarso Genro, na Rua José Bonifácio. Os dois ajudaram a carregar a faixa que identificava a marcha ao lado de João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Na concentração que antecedeu a caminhada, várias banquinhas improvisadas vendiam camisetas com os dizeres “Alca não”, a R$ 6, e buttons, a R$ 1.

Na Avenida Borges de Medeiros, ao passar pelo Edifício Sulamérica, invadido na semana passada por integrantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, os primeiros manifestantes fizeram uma parada e foram aplaudidos pelas pessoas que estavam nas janelas.

Entre os partidos políticos, os mais animados eram os integrantes do PSTU, que gritavam o refrão: “O povo na rua é a solução. Viva a Argentina e a revolução”. A exemplo do grande número de integrantes do MST e da Via Campesina, organizadores da manifestação, a presença de argentinos também foi grande. Além de representantes do Partido Obrero, muitas pessoas ajudaram a carregar uma grande faixa com listras azuis e brancas, cores da Argentina.

Ao chegar ao Largo Glênio Peres, os organizadores da marcha tiveram dificuldades em acomodar os manifestantes. O equipamento do carro de som, cedido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, não foi suficiente para levar os discursos a todo o público concentrado no local. Um outro, do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, foi chamado às pressas para auxiliar. O governador Olívio Dutra foi o último a discursar.

A manifestação teve poucos incidentes. Um boneco representando os Estados Unidos foi queimado. Vinte punks foram presos na Rua dos Andradas, po r volta das 20h, por conduta imprópria e desacato à autoridade. Um deles foi levado para a Central de Polícia para a prisão em flagrante, e os outros 19 foram levados para a 17ª DP, onde foram recolhidas pedras, tijolos e atiradeiras que estavam em poder dos punks. Às 21h todos já estavam liberados.


Cansados e caducos
Não interessava o assunto em debate – a crise do Oriente Médio, a privatização da água, a situação dos índios, o combate à Aids, a especulação financeira, a guerra do Afeganistão. Qualquer conferência do Fórum Social Mundial (FSM) sempre teve alguém para mirar, por algum desvio da palestra, na Organização das Nações Unidas (ONU).

Como esse foi o fórum do julgamento dos organismos internacionais, a ONU pode pelo menos consolar-se por não ter sido um alvo solitário. O Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (Bird) e a Organização Mundial de Comércio (OMC) também levaram bordoadas.

O argentino Adolfo Pérez Esquivel, o americano Noam Chomsky, o português Mário Soares, o francês Jean-Pierre Chèvenement – todos, com dezenas de outros painelistas menos conhecidos, cutucaram a ONU. A instituição tenta cuidar de tudo e não estaria cuidando bem de nada. Tem organismos e programas para alimentos e agricultura (FAO), saúde (OMS), educação e cultura (Unesco), infância (Unicef), drogas e crimes (UNDCP), trabalho (OIT), ambiente (PNUMA), comércio (UNCTAD).

O colombiano José Antônio Ocampo, por exemplo, que leu a carta do secretário-geral Kofi Annan ao FSM, cuida da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), uma entidade com sede em Santiago do Chile, inquieta e perturbadora nos anos 70, que já abrigou, como pesquisadores, Fernando Henrique Cardoso, Celso Furtado, José Serra, Maria da Conceição Tavares, Paulo Renato Souza, e que hoje não tem nenhuma expressão.

A ONU esvazia-se em várias frentes, mas sua fragilidade estaria exposta mesmo na omissão do cumprimento do propósito número 1. Diz o propósito que é missão da ONU “manter a paz e a segurança internacionais”. Os outros três propósitos são: desenvolver relações de igualdade de direitos entre as nações, conseguir a cooperação internacional para resolver problemas econômicos, sociais e culturais, estimulando o respeito aos direitos humanos, e harmonizar as nações.

Esquivel – membro do comitê executivo para Direitos Humanos da instituição – acha que a ONU militarizou suas decisões, transferindo para o Conselho de Segurança questões que deveriam ser tratadas politicamente pela assembléia-geral, o grande fórum da entidade.

Chomsky entende que a ONU foi esvaziada porque os Estados Unidos “se opõem aos esforços internacionais pelo domínio da lei”. E Mário Soares nota que os EUA demonstram seu desprezo pela organização com o calote, negando-se a pagar a contribuição como sócios. Como última das superpotências, não têm mais interesse em preservá-la.

A ONU foi criada em 1945, um ano depois do FMI e do Bird. Todos são filhos do esforço para que as relações mundiais no pós-guerra fossem reguladas por organismos institucionais. Esclerosados, não seriam inúteis – como defendem os que querem a extinção de todos eles –, mas estariam cansados e caducos.


Jovens agridem ministra da França
A comunista Marie-George Buffet foi atingida por duas tortas lançadas por adolescentes

A ministra da Juventude e do Esporte da França e dirigente do Partido Comunista Francês, Marie-George Buffet, foi alvo da fúria de estudantes franceses, durante a oficina Direitos da Criança e do Adolescente, organizada ontem pela Secretaria do Trabalho, Cidadania e Assistência Social do Estado.

Marie-George foi atingida em cheio por duas tortas no rosto lançadas por dois jovens que falavam francês.

O incidente ocorreu depois do término do encontro sobre políticas públicas na área da criança e do adolescente, que se realizava no teatro do Prédio 40 da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS). A mesa, presidida pelo vice-governador Miguel Rossetto, contou com a participação do secretário estadual do Trabalho, Cidadania e Assistência Social, Tarcísio Zimmermann, do diretor executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Nova York, André Roberfroid, e do vice-presidente da Fundação Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos (Abrinq), Rubens Naves.
Por volta das 12h40min, a pedido de um grupo de adolescentes, a ministra desceu do palco para conversar. Marie-George sentou-se na terceira fila da platéia e foi cercada por cerca de seis jovens que falavam francês. Vários repórteres, cinegrafistas e fotógrafos se aproximaram do grupo para acompanhar o diálogo. Depois de cinco minutos de conversa, dois jovens, aparentando cerca de 15 anos, atiraram as tortas no rosto de Marie-George. Os jovens foram associados ao grupo radical francês Aprendizes Agitadores por uma Rede de Resistência Global (Aarrg), grupo radical francês. Segundo Zimmermann, o protesto seria contra o governo francês, que se manifestou favorável aos ataques dos Estados Unidos ao Afeganistão. Um dos jovens, inclusive, teria dito à ministra que a atitude seria contra o governo.

Segundo Zimmermann, Marie não quis levar o caso adiante e nem pediu reforço na segurança. Depois do incidente, o secretário foi ao hotel Blue Tree Caesar Towers, onde a ministra estava hospedada, levar uma mensagem do governador Olívio Dutra repudiando o fato. Por volta de 15h, a ministra deixou o hotel e retornou à França.

– Foi um incidente isolado de um pequeno núcleo. Isso não faz parte do que tem sido o Fórum – afirmou Zimmermann.

Os jovens saíram correndo aos gritos. Houve princípio de tumulto.

– A platéia recuou pensando se tratar de um atentado – contou uma testemunha, que não quis ser identificada.

Havia pelo menos dois assessores próximos à ministra, mas ninguém conseguiu evitar o ataque. Zimmermann ainda tentou em vão segurar um dos rapazes. Ao ver o ataque, alguns franceses chamaram os jovens de “covardes”. Segundo a testemunha, as tortas haviam sido vistas no auditório durante a realização da oficina.

Marie-George milita no Partido Comunista Francês desde 1969, faz parte do comitê nacional da agremiação e se notabilizou pela defesa dos direitos de mulheres e de jovens.

Também no Centro de Eventos da PUCRS, um grupo destruiu ontem uma sala VIP. O pretexto para o ato de vandalismo foi o fato de a sala, destinada a autoridades em visita ao Fórum e conferencistas, constituir uma suposta medida discriminatória em relação aos participantes comuns, relatou uma testemunha.


Menos ocorrências durante o Fórum
Uma comparação entre os últimos dois finais de semana indica uma redução nas ocorrências policiais durante o Fórum Social Mundial.

A presença do triplo de policiais nas ruas durante os maiores eventos do Fórum é apontada pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC) como causa da queda de até 57% nos registros de furtos de veículos e 70% nos de tráfico de drogas.

Foram confrontadas ocorrências dos dias 25 e 26 de janeiro, quando cerca de 400 policiais militares vigiavam simultaneamente as ruas da Capital, com as do último final de semana, dias 2 e 3 de fevereiro, momento em que o efetivo chegou a 1,2 mil nos principais eventos. O resultado foi um decréscimo de 781 registros para 745 ocorrências.

– A certeza de punição desestimula a prática do delito. Com comunicação policial em vários bairros, escapar do cerco a um carro roubado fica muito mais difícil – exemplifica o coronel Ilson Pinto de Oliveira, comandante do CPC.

A multiplicação do efetivo custou alterações radicais na estrutura do policiamento em Porto Alegre, rotineiramente formado por 450 homens. Para acrescer 850 PMs atuando especialmente nos eventos do Fórum, nenhu m brigadiano teve férias nos últimos dias.

Além disso, foi autorizado pagamento de horas extras para que cada policial pudesse permanecer 10 horas em vigília, em vez das seis horas convencionais. Outra medida foi o deslocamento de pessoal de serviços administrativos e de cidades do Interior.

Delitos ligados ao encontro determinaram o recolhimento de 26 pessoas pela Brigada Militar entre quinta-feira e domingo. Nesses quatro dias, foram registradas 48 ocorrências vinculadas ao evento. Destacaram-se 11 roubos (23% do total), incluindo a tentativa de assalto ao carro-forte na PUCRS, que resultou na morte de um dos bandidos no domingo.

Houve ainda sete furtos simples, entre os quais o sumiço da bolsa da prefeita de Olinda, Luciana Santos (PC do B), na sexta-feira.


Termina Fórum de Nova York
O Fórum Econômico Mundial concluiu ontem sua 32ª reunião anual, a primeira realizada fora da Suíça, com a advertência do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, de que os ataques terroristas do dia 11 de setembro de 2001 ilustraram a enorme brecha que separa os países ricos e pobres.

Annan disse aos 2,7 mil participantes, especialmente empresários e políticos, que dêem um raio de esperança aos bilhões de pessoas que lutam para sobreviver nos países em desenvolvimento.

Annan acrescentou que o mundo corre o risco de colapso ou da submersão das nações pobres em conflitos que sejam “uma ameaça para seus vizinhos e potencialmente – como brutalmente nos recordaram os acontecimentos do dia 11 de setembro – uma ameaça para a segurança global”.

O secretário-geral da ONU pediu aos líderes empresariais que invistam nos países pobres, que em seu conjunto representam um grande mercado potencial. Além disso, pediu aos governos dos países industrializados que dupliquem sua ajuda externa para US$ 100 bilhões anuais.

O discurso de Annan, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2001, concentrou-se nos temas-chave debatidos durante o Fórum, transferido este ano de sua tradicional sede suíça de Davos para Nova York em solidariedade aos ataques terroristas do dia 11 de setembro.


Veto ao Bird causa divisão
Estado receberá este ano R$ 65 milhões da instituição mundial

A orientação dos organizadores do 2º Fórum Social Mundial para que o vice-presidente do Banco Mundial (Bird) Mats Karlsson não se inscrevesse no evento provocou polêmica entre os participantes.

O Bird financia atualmente dois grandes projetos no Estado: o RS Rural, para erradicação da pobreza no campo e administração de recursos naturais, e a recuperação das rodovias sob jurisdição do governo no Estado.

Karlsson chegou à Capital na quarta-feira e assistiu ao encerramento do Fórum de Autoridades Locais. Num comunicado anterior a sua chegada a Porto Alegre, enviado por carta e e-mail, a organização do evento recomendou que ele não acompanhasse as atividades do Fórum, temendo que os participantes encarassem sua presença como provocação ou que o próprio Karlsson sofresse constrangimentos.

– As pessoas poderiam achar uma provocação a presença dele (Karlsson). Se um grupo de oposição ao Banco Mundial reconhece ele aqui, seria muito desagradável. Existem outros locais para o debate – explicou Francisco Whitaker, membro do comitê organizador do Fórum e da Comissão Brasileira de Justiça e Paz.

O Bird e o governo do Estado investirão, juntos, cerca de R$ 130 milhões nas áreas de transporte e agricultura em 2002 – metade dos recursos é repassada pelo banco. O RS Rural, com investimento total de quase R$ 80 milhões, vai auxiliar agricultores familiares, pescadores artesanais e povos indígenas. Os R$ 54 milhões destinados à área dos transportes serão empregados na recuperação das estradas administradas pelo governo do Estado em todo o Rio Grande do Sul.

O governador Olívio Dutra ressaltou a autonomia do Fórum Social Mundial e disse que os empréstimos obtidos junto ao Bird não têm qualquer relação com a participação de Karlsson.
– O Fórum é das entidades não-governamentais. Os organizadores têm critérios e os respeitamos. Os recursos desses bancos não são propriedade dos executivos desses bancos. Não é dinheiro de graça, nós pagamos, o povo gaúcho paga – afirmou.

Entre os participantes do Fórum, Karlsson encontraria opiniões contra e a favor de sua presença.
– Creio que um representante do grande capital não pode participar de um evento para o povo, para o mundo – avaliou o psicólogo salvadorenho William Hernández.

– Deveria ser permitido que ele participasse, mesmo que para criticá-lo – retorquiu o engenheiro químico italiano Aldo Zanchetta.


Cerimônia marca encerramento
Os participantes do 2º Fórum Social Mundial poderão assistir ao encerramento do evento, hoje, em três locais da Capital.

A cerimônia, no Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), às 9h30min, será transmitida simultaneamente por meio de telões instalados no Acampamento da Juventude (Parque da Harmonia) e no Anfiteatro Pôr-do-Sol. Dois animadores distribuirão lenços brancos, simbolizando a construção de um mundo de paz.

Em seguida, haverá a apresentações do grupo de hip-hop da Fundação de Bem-Estar do Menor (Febem) e da Companhia de Dança Genesis B’Boys. Na seqüência, será encenado um poema de Pedro Tierra feito para a ocasião.

Outro destaque será a leitura de um texto que o escritor português e Prêmio Nobel de literatura José Saramago enviou para a cerimônia. Para finalizar o ato, está prevista uma apresentação da cirandeira Lia de Itamaracá.


Índia pretende ser sede em 2004
A Índia quer ser a sede do próximo Fórum Social Mundial (FSM), em janeiro de 2004.
Um grupo de trabalho apresentou ontem a candidatura do país ao comitê brasileiro organizador do evento.

Orepresentante indiano Vijay Pratap, identificado como “facilitador” do grupo, disse que há várias sugestões de cidades para abrigar o evento. Mas o processo está em fase preliminar e será necessário aprofundar a discussão interna. Nova Délhi, Bhopal, Calcutá, Bangalore e Ahmedabad são algumas das candidatas. Em 2003, o evento será realizado novamente em Porto Alegre.
A Índia também anunciou sua disposição em organizar um encontro regional para a Ásia e a África no final deste ano ou no início de 2003. Outras áreas pensam em promover reuniões regionais, entre elas, países do Mediterrâneo, do Leste Europeu, do Oriente Médio e da África, que planeja sediar o Fórum em 2005.


Jornada ecológica atrai poucos participantes
Em iniciativa promovida pela Ceasa, 18 excursionistas visitaram áreas agrícolas e cooperativas no Litoral Norte

Faltaram ecologistas nos quatro roteiros de visitas a agricultores familiares promovidos pelas Centrais de Abastecimento (Ceasa) durante o 2º Fórum Social Mundial.

Ontem, das 18 pessoas que embarcaram rumo ao Litoral Norte, apenas seis não estavam envolvidas na organização da excursão ou na cobertura de imprensa da viagem.

A Ceasa havia previsto 40 participantes no deslocamento para Três Cachoeiras, Dom Pedro de Alcântara e Torres. Três uruguaias, integrantes de uma cooperativa de produtores de fungos que ainda não entrou em atividade, dois fotógrafos canadenses e uma professora, proprietária de um sítio em Triunfo, subiram no ônibus da Auto Viação Putinga.

O ônibus e os dois intérpretes (inglês e francês) à disposição dos eventuais interessados foram contratados pela agência de viagens Fazbitur, de Canela. O grupo partiu às 7h30min da Praça da Matriz, na Capital, com três assessores do governo do Estado, jornalistas e a representante da organização não-governamental (ONG) Centro Ecológico, Ana Meirelles. Um táxi conduziu um jornalista a serviço do programa Palavra de Gaúcho, que divulga realizações do Executivo estadual. O Centro Ecológico participou da produção dos roteiros para o Litoral e para a Serra.

No sábado, o ônibus com destino a Ipê, Caxias do Sul e Antônio Prado subiu a serra com oito pessoas a bordo. Foi o passeio de menor público. O custo dos roteiros variou entre R$ 8 (para a Ilha da Pintada) e R$ 15 (Litoral, Serra e Vale do Rio Caí).

Um passeio de uma hora e meia por um bananal, em Dom Pedro de Alcântara, foi o ponto alto da jornada realizada no Litoral. Alto também é o morro em cuja encosta está localizada a plantação ecológica de bananas, mantida por Antônio Borges Model, 46 anos.
– Não tem escada rolante? – perguntou um dos excursionistas, antes de iniciar a subida, às 10h55min.

A uruguaia Lucia Divenuto, 35 anos, que sofre de vertigem, passou mal, desceu e foi aguardar o retorno do grupo na beira da estrada. Aranhas dos mais diversos tamanhos causaram alguns sustos. Os animais foram alvo das máquinas fotográficas e das câmeras de vídeo. A caminhada no bananal teve a participação de técnicos agrícolas e de consumidores de produtos ecológicos de Torres.

O bananal parece um jardim botânico. Inúmeras espécies de árvores podem ser encontradas nos três hectares da plantação. Com a ajuda da mulher, Noema, 43 anos, e das filhas Valquíria, 19 anos, e Vanusa, 20 anos, Model colhe mensalmente três toneladas de banana. Parte da produção é vendida aos sábados na Capital. No total, 180 famílias atuam na região sob a supervisão do Centro Ecológico.

A ONG recebe recursos da Suécia, do governo estadual e de prefeituras para orientar atividades no Litoral e na Serra. À tarde, os excursionistas conheceram cooperativas de consumidores ecológicos de Três Cachoeiras e de Torres. Nos estabelecimentos, a banana-prata plantada por famílias como a de Model pode ser adquirida por R$ 0,50 o quilo.


PT e PSB desmentem rompimento de aliança
Assédio de Garotinho ao PL seria motivo para fim de acordo

O presidente estadual do PT, David Stival, negou ontem a existência de orientação da cúpula da sigla para congelar os entendimentos com o PSB nos Estados.

J á o secretário dos Transportes, Beto Albuquerque, representante do PSB no governo do Estado, se disse surpreso com a nota publicada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, com a informação de que a direção nacional petista teria orientado os diretórios a “congelar as negociações com o PSB nos Estados”.

De acordo com a nota, o gesto seria uma resposta ao assédio do candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, ao PL, potencial aliado do PT na eleição presidencial. Albuquerque afirmou desconhecer movimentos para romper a aliança entre os dois partidos em nível nacional ou estadual.

O secretário dos Transportes disse não acreditar na possibilidade de rompimento, apesar de não ter conversado com os petistas:
– Se o PT quebrar os pratos no primeiro turno, não há como colá-los para o segundo.
– A candidatura de Garotinho deve diminuir a votação de Lula no Estado no primeiro turno, mas no segundo esses votos devem ser revertidos para o PT – reforça Stival.


Tasso critica Serra e tranqüiliza investidores em relação a Lula
Governador lamentou desempenho de ministro nas pesquisas

À vontade diante de uma platéia de mais de 200 acadêmicos e investidores, o governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), esquentou ontem os debates do Fórum Econômico do Brasil, paralelo ao Fórum Econômico Mundial, em Nova York.

No evento, realizado no The University Club, Tasso mostrou confiança na estabilidade política brasileira, criticou o candidato presidencial de seu partido, José Serra, e tranqüilizou o público em relação a Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT.

Tasso disse que o programa econômico do PT é semelhante ao dos tucanos:
– O PT não passará por cima dos contratos nem dará calote na dívida. Uma parte muito importante do PT, hoje, é social-democrata.

Em caso de vitória de Lula, Tasso afirmou que, no Brasil, não há preocupação com transformações profundas na economia ou quebra de contratos. Para ele, a preocupação com Lula está concentrada no Exterior:
– Pelo programa econômico apresentado, o PT deixou de ser um partido exótico. O programa do PT é muito parecido com o do PSDB e não assusta ninguém.

Sobre a atitude do PT diante da Lei de Responsabilidade Fiscal, foi explícito:
– Nenhum governo vai alterar radicalmente essa lei. Não existe clima na opinião pública brasileira, nem nos setores econômicos, nem na sociedade organizada para isso. O que pode acontecer é se mudar um ponto aqui ou ali, mas sempre para melhor.

Mais insólitos foram os ataques a Serra. Tasso disse que o ministro da Saúde dará muita dor de cabeça ao partido se não decolar nas pesquisas.

– Nem é bom pensar nisso.

Afirmou que o prazo para o ministro da Saúde mostrar que sua candidatura é viável será a convenção do PSDB, em abril ou maio. E se Serra não decolar?

- Será preciso passar por cima dos projetos pessoais – aconselhou Tasso.

O governador do Ceará pregou a manutenção da aliança governista para as eleições deste ano.

– Se quisermos ganhar as próximas eleições, temos que fazer o maior esforço para manter a aliança que une o PSDB, o PMDB e o PFL – disse.


Testemunha de Catanduva pode ajudar a esclarecer crime
Morador diz ter visto um carro e uma moto seguirem prefeito Félix Sahão

Uma nova pista que surgiu no município de Catanduva, região noroeste de São Paulo, pode ajudar na investigação sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT). Três dias depois da morte do político, o prefeito de Catanduva, Félix Sahão, também do PT, foi procurado por um motociclista da cidade.

Segundo Sahão, que ontem prestou depoimento à Polícia Federal, a testemunha afirmou que, na véspera de Natal, viu o carro do prefeito ser seguido por um veículo e uma motocicleta, com dois ocupantes.

Um Santana, ao parar numa sinaleira, deu sinal para que a moto continuasse seguindo o automóvel do prefeito. Tanto o veículo como a motocicleta tinham chapas de Santo André, afirmou o morador de Catanduva. A perseguição aconteceu numa rua do centro da cidade.

De acordo com a testemunha, os homens da moto desistiram de seguir o prefeito quando perceberam que haviam sido vistos. Logo depois, se aproximaram de um terreno e arremessaram um objeto que seria um maço de cigarros. O prefeito se lembra de ter feito o trajeto descrito pelo motociclista naquele dia, mas não percebeu que estava sendo seguido. O rapaz prestou depoimento à Polícia Civil, na última terça-feira.

Segundo o prefeito, ele chamou policiais civis para fazer uma busca no terreno onde disse ter visto os dois homens jogarem o pequeno embrulho. Lá, ele encontrou um maço de cigarros que foi entregue à polícia. Trata-se de um maço vindo da Indonésia e, entre as iniciais da marca, existem as letras “PT”. Dentro, foi encontrado um bilhete com uma ordem de números e cinco nomes, todos de prefeitos do Partido dos Trabalhadores – Antônio da Costa Santos (Campinas), Celso Daniel (Santo André), Geraldo Cruz (Embu) e Marta Suplicy (São Paulo), além do próprio Sahão. Os dois primeiros foram assassinados.

No fim, consta a frase: “Aguarde a ordem, assinado JB”. No depoimento prestado ontem na Polícia Federal, em São Paulo, Sahão entregou à Polícia a cópia de uma carta com ameaças que recebeu pelo correio há uma semana, supostamente enviada pela organização clandestina autodenominada Frente de Ação Revolucionária Brasileira (Farb). A correspondência, postada em Ribeirão Preto (SP) no dia 28, e assinada com as iniciais “JB


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