Parlamentares levam manifestação de desagravo a Paulo Paim



Os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM), José Agripino (PFL-RN), Leonel Pavan (PSDB-SC) e Sérgio Zambiasi (PTB-RS), acompanhados de vários deputados, levaram nesta quinta-feira (5) ao 1º vice-presidente do Senado, senador Paulo Paim (PT-RS), manifestação de desagravo e solidariedade contra o fato de ele não ter sido recebido na terça-feira (3) pelo ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, a quem levaria idéias para a reforma previdenciária.

- Não receber adversário é antidemocrático, injustificável, mas até compreensível. Não receber correligionário não passa pela minha cabeça. E quando um correligionário é a autoridade de um poder, no caso presidente do Senado, é um ato que merece repulsa, razão pela qual estamos aqui - disse o senador José Agripino, líder do PFL.

Ele se referia ao fato de que, exatamente na terça-feira, Paulo Paim estava respondendo pela Presidência do Senado, em razão de o presidente, senador José Sarney, não estar em Brasília. De acordo com José Agripino, Paim foi ao Ministério da Previdência defendendo uma causa justa, com dignidade, equilíbrio, elegância, e cumprindo um dever diante da sociedade.

Agripino também disse que, levando suas idéias para a reforma da Previdência, Paim estava prestando contas àqueles que o elegeram e com quem ele tem compromisso.

- Você está defendendo as idéias que, com certeza, deve ter pregado em praça pública, obtendo os votos que teve. Está portanto praticando coerência, que é uma coisa importantíssima - afirmou o líder do PFL a Paulo Paim.

Já o senador Arthur Virgílio, líder do PSDB, disse que Ricardo Berzoini não teria, -em sã consciência-, desagendado a audiência marcada com Paulo Paim. Em sua opinião, o que houve foi a ação do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, para desmarcar essa audiência.

- Eu vejo uma escalada autoritária. Eu tenho feito alertas e mais alertas a respeito da escalada autoritária que vai tomando conta do cérebro do ministro José Dirceu. Figura afável na Câmara, correto, agradável, fraterno, o ministro empalma hoje um somatório de poderes tão enorme, tão majestoso, que tenho a impressão de que ele começa a sofrer distúrbios interiores e psicológicos, a ponto de imaginar que pode dizer ao ministro para não receber o senador.

Na opinião de Arthur Virgílio, Paulo Paim estaria supostamente -atrapalhando a idéia que o governo tem para a Previdência, idéia que o próprio José Dirceu defendia há bem pouco tempo e que o 1º vice-presidente do Senado continua defendendo-. Arthur Virgílio lembrou que José Dirceu -pregava calote em dívida externa, plebiscito para a discussão da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e defendia que apenas 10% da receita líquida da União pudessem ser destinados ao pagamento de juros e demais serviços da divida-.

- Essas idéias, que o levaram à reeleição e que certamente obtiveram votos para Lula, essas idéias, às quais você tem sido fiel, são motivo para que você seja desagendado - disse o líder do PSDB a Paim. Ele também declarou que, se Paulo Paim, que é governista, recebe esse tratamento de um ministro, imagine-se o tratamento que será reservado a um oposicionista.

Agradecendo a manifestação de desagravo, Paulo Paim disse que, nos últimos dois dias, passaram pelo seu gabinete representantes de todos os partidos, sendo também volumoso o número de mensagens de solidariedade que ele vem recebendo de todo o país.

- Sinto que essa solidariedade que estou recebendo não é só com Paulo Paim, é uma solidariedade com a instituição e com o próprio processo democrático - disse o parlamentar.

Paulo Paim também anunciou que torcerá para que essa audiência agendada e não realizada tenha sido apenas um incidente.

- Eu estou muito tranqüilo quanto à minha posição e, claro que essa solidariedade, vinda da maior parte da sociedade organizada, me mostra que vale a pena continuar defendendo minhas convicções e, em primeiro lugar, o processo democrático e o respeito a todas as instituições.

O deputado Raul Jungmann também discursou no ato de desagravo, em que compareceram, entre outros, o senador Eurípedes Camargo (PT-DF) e os deputados João Correia e Darcisio Perondi. O ato terminou com aplausos.



05/06/2003

Agência Senado


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