Parlamentares oferecem proteção da CPI para Simeão revelar o que sabe



Durante o depoimento prestado nesta quarta-feira (20) pelo ex-coordenador administrativo-financeiro da Mendes Júnior, Simeão Damasceno, parlamentares ofereceram a proteção da CPI do Banestado para que a testemunha possa revelar tudo o que sabe e repetir o depoimento inicial que deu ao Ministério Público de São Paulo. Para isso, sugeriram que Simeão depusesse em reunião secreta da comissão.

O depoente, porém, disse não precisar de uma reunião reservada, afirmando que falava à CPI -de maneira transparente- à CPI.

- Não teria nada a acrescentar em uma sessão secreta - declarou.

Para o presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), -o depoente é um importante arquivo vivo. A CPI não tem outro interesse senão protegê-lo-.

O deputado Eduardo Valverde (PT-RO) disse que vai apresentar requerimento para que Simeão seja incluído no programa de proteção a testemunhas.

Antero se disse confiante de que Simeão vai voltar para acrescentar informações. Para ele, a testemunha pode ser ainda mais valiosa para desvendar o que chamou de -um dos maiores escândalos do país-. que pode ter desviado até R$ 550 milhões dos cofres públicos.

Com a confirmação de Simeão de que o esquema de pagamento de propinas se tratava de um esquema criminoso, o senador Magno Malta (PL-ES) acredita que o ex-funcionário da Mendes Júnior tem mais para revelar, além da existência da conta Lespan no Citibank de Nova York.

- O que vale é quando o indivíduo passa para o lado da lei, expõe o esquema e contribui para desmontá-lo. A CPI tem obrigação de protegê-lo. Protegemos centenas de pessoas na CPI do Narcotráfico. Não deixei ninguém na mão - disse Magno.

Nessa linha, o deputado Moroni Torgan (PFL-CE) disse ter certeza de que Simeão sabe muito mais do que revelou à CPI, mas -tem receio tremendo- de dizer. O fato, para Torgan, é que o esquema de pagamento de propinas pela Mendes Júnior teria remetido entre US$ 1,5 e US$ 3 milhões por mês aos Estados Unidos e à Suíça.

- Queremos apurar quais os safados que levam o dinheiro do nosso público para o exterior. Quem em vez de fazer dois hospitais faz um e embolsa o outro - disse Torgan, oferecendo a Simeão a possibilidade de realização de uma reunião reservada.

O ex-coordenador financeiro da Mendes Júnior disse que futuramente pode colaborar com a CPI na análise de algum documento novo que venha a ser obtido nas investigações.

Ao senador Heráclito Fortes (PFL-PI), Simeão revelou que, além do apartamento onde reside, possui uma fazenda em Dores de Indaiá (MG), comprada em 1995. Ele disse ainda que as propinas não eram pagas também a pessoas de outras cidades do país.

Já a deputada Irini Lopes (PT-ES) disse que vai requerer que sejam ouvidas as demais testemunhas ouvidas pelo Ministério Público de São Paulo, Joel Guedes Fernandes e Ricardo Augusto Costa. Os dois confirmaram o que Simeão disse em seu primeiro depoimento. As declarações deram condições para que o Ministério Público continuasse investigações inclusive com as autoridades das Ilhas Jersey no Reino Unido. Ela também vai pedir para que a CPI faça uma audiência com o especulador Naji Nahas.

Em resposta ao senador Romeu Tuma (PFL-SP), Simeão revelou alguns dos códigos utilizados para o superfaturamento da obra da avenida Águas Espraiadas, que gerou dinheiro para o pagamento de propinas. Nele, afirmou o depoente, a letra -V- significava -medição de vento-, ou seja, a parte da obra inexistente, superfaturada.



20/08/2003

Agência Senado


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