Parlamentares reverenciam memória de Itamar Franco



Está marcada sessão solene conjunta do Congresso Nacional na quarta-feira (10), às 10h, para reverenciar a memória do senador e ex-presidente da República Itamar Franco, morto no dia 2 de julho último. A sessão será realizada no Plenário do Senado.

Itamar destacou-se como defensor da campanha conhecida como "Diretas Já", em 1984, em apoio à emenda do deputado Dante de Oliveira - que pretendia restabelecer eleições diretas para presidente da República - e participou ativamente dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, iniciados em fevereiro de 1987. Foi, no entanto, como presidente da República (1992-1994), que realizou seu maior feito: lançou o Plano Real, considerado o mais amplo e bem sucedido programa econômico já realizado no país, pondo fim à hiperinflação e estabilizando a economia.

Contando com a contribuição de vários economistas, reunidos pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, Itamar determinou que o programa para lançar o Real fosse feito de maneira irrestrita e na máxima extensão necessária ao seu êxito. Esse fato tornou o então ministro da Fazenda o homem mais forte e poderoso de seu governo, fazendo de Fernando Henrique um candidato natural à sua sucessão. Eleito para dois mandatos consecutivos, Fernando Henrique deu continuidade à implementação do Plano Real - dividido em três etapas, sendo as duas primeiras implantadas enquanto FHC era ministro.

Durante a Constituinte, Itamar defendeu o rompimento das relações do Brasil com países que desenvolvessem política de discriminação racial, o estabelecimento do mandado de segurança coletivo, a remuneração de 50% a mais para o trabalho extraordinário e a jornada semanal de 40 horas, entre outras propostas. Manifestou-se contra a pena de morte, o presidencialismo e o aumento do mandato presidencial para cinco anos.

Carreira

Nascido em 28 de junho de 1930 a bordo de um navio no Oceano Atlântico, que navegava entre o Rio de Janeiro e Salvador (BA), Itamar fez sua carreira política em Minas Gerais, e exerceu o cargo de senador em 1975-1978; 1983-1987; e 1987-1991, tendo sido novamente eleito para o período de 2011-2015. Foi o 33º presidente da República, cargo assumido após o impeachment de Fernando Collor, de quem era vice-presidente (1990-1992). Foi também prefeito de Juiz de Fora (1967-1970 e 1973-1974) e governador de Minas Gerais (1999-2003).

Seu registro civil de nascimento foi feito na capital baiana, onde sua mãe, Itália Cautiero, se hospedou na casa de seu tio. O pai de Itamar, Augusto César Stiebler Franco, morreu pouco antes de seu nascimento. Registrado como Itamar Augusto Cautiero Franco, o ex-presidente formou-se em engenharia civil e ingressou na carreira política em 1958, filiando-se ao PTB. Candidatou-se a vereador por Juiz de Fora (MG) - seu berço político e cidade natal de sua família - e, posteriormente, em 1962, a vice-prefeito, mas perdeu ambas as eleições.

Com o início do regime militar, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sendo prefeito de Juiz de Fora de 1967 a 1971 e reeleito em 1972. Dois anos depois renunciou ao cargo e elegeu-se senador em 1975. Destacou-se e exerceu influência no MDB, assumindo o cargo de vice-líder do partido em 1976 e 1977. No início da década de 80, com o pluripartidarismo restabelecido no país, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que sucedeu o MDB.

Eleito novamente senador em 1982, Itamar defendeu as Diretas Já. Como a emenda Dante de Oliveira foi derrotada no Congresso, votou no então candidato oposicionista Tancredo Neves na eleição para presidente disputada em 1985 com Paulo Maluf no Colégio Eleitoral. Em 1986, filiou-se ao Partido Liberal (PL), ano em que concorreu ao governo de Minas Gerais, mas foi derrotado, voltando ao Senado em 1987 pela terceira vez.

Em 1988, uniu-se ao então governador alagoano Fernando Collor de Mello para com ele compor a chapa de presidente e vice-presidente da República pelo então Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Deixou o PRN e voltou ao PMDB em 1992, ano em que assumiu o cargo de presidente. Foi também durante seu período na Presidência da República que ocorreu, em abril de 1993, a realização de um plebiscito para decidir a forma de governo do Brasil. Em função desses resultados, foi mantido o regime republicano e presidencialista. No mesmo ano, ocorreu a Revisão Constitucional, que reduziu o mandato presidencial para quatro anos.

Oposição

Com a vitória de FHC à Presidência da República, Itamar foi nomeado embaixador brasileiro em Portugal e, posteriormente, embaixador junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington (EUA). Depois, no entanto, Itamar passou a fazer oposição ao governo de FHC e chegou a cogitar ser candidato a presidente em 1998 e 2002.

Desistiu da ideia de se candidatar a presidente e se elegeu governador de Minas Gerais em 1998. Em 2002, apoiou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, opondo-se a José Serra, candidato do PSDB, partido de FHC. Em maio de 2009, Itamar filiou-se ao Partido Popular Socialista (PPS). Foi novamente eleito para o Senado em outubro de 2010.

No dia 25 de maio de 2011, o senador foi diagnosticado com leucemia, licenciando-se do Senado para se tratar em São Paulo, onde se submeteu a quimioterapia. Itamar vinha respondendo bem ao tratamento, mas no dia 27 de junho foi internado com uma pneumonia grave e levado para a UTI. Completou 81 anos no dia seguinte a sua internação por pneumonia. Segundo nota divulgada pelo Hospital Albert Einstein, o ex-presidente sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) na UTI e morreu às 10h15 da manhã do dia 2 de julho.

Itamar foi velado em Juiz de Fora até o dia 3 de julho. No outro dia, seguiu para Belo Horizonte, onde foi cremado após receber homenagens no Palácio da Liberdade.



05/08/2011

Agência Senado


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