Patrícia vê contradições em depoimentos de acusados de exploração sexual



A audiência pública que a CPI da Exploração Sexual promoveu em Campo Grande, na quinta-feira (3), terminou sem que os vereadores César Disney (PT) e Robson Martins (PSDB) conseguissem convencer as integrantes da comissão de sua inocência.

- Nós acreditamos no que as meninas nos contaram. Não vimos nenhuma incongruência nos depoimentos delas. Em compensação, os depoimentos dos vereadores estão cheios de contradições - declarou a senadora Patrícia Saboya (PPS-CE), presidente da CPI.

A relatora da comissão, deputada Maria do Rosário, concordou com a senadora.- Nosso trabalho se deu no sentido de investigarmos as contradições dos depoimentos [dos acusados] com o que ouvimos das meninas - disse.

Na opinião da senadora Fátima Cleide (PT-RO), que também integrou a comitiva em Campo Grande, é responsabilidade de toda a sociedade zelar, acima de tudo, pela proteção dessas crianças.

Além dos vereadores e de três vítimas adolescentes, a comissão ouviu outros depoentes, entre eles, duas das mães das adolescentes e uma quarta menina apontada como agenciadora de outras garotas menores de 18 anos.

Os trabalhos da Comissão em Campo Grande começaram às 13h com reuniões com entidades representativas da sociedade civil organizada, vereadores de diferentes partidos e membros do Poder Judiciário responsáveis pelos inquéritos e pela guarda das adolescentes. As oitivas, no Plenário da Assembléia Legislativa, tiveram início às 14h diante de um público de mais de 300 pessoas, entre jornalistas, advogados e representantes de entidades não governamentais.

A audiência em Campo Grande só terminou por volta das 2h desta sexta-feira (3), quando uma depoente da cidade de Corumbá denunciou a existência de uma rede de tráfico sexual de mulheres para Bolívia. O próximo passo da CPMI é a produção de um relatório detalhado sobre os depoimentos coletados para que se possa avaliar se será preciso chamar para depor, em Brasília, outros personagens envolvidos na exploração sexual no estado.

A comissão vai analisar, na próxima quarta-feira (8), a possibilidade de convocar para prestar esclarecimentos, em Brasília, o atleta Zequinha Barbosa e um de seus assessores, citados nos depoimentos das vítimas como participantes do esquema de exploração sexual em Campo Grande.

Ao encerrar os trabalhos, a senadora Patrícia Saboya fez questão de lembrar que o presidente Lula está sensível à gravidade dessas situações expostas pela CPMI nos diversos estados brasileiros.

- O que vai ser definido a partir da CPMI é fruto da orientação que o próprio presidente transmitiu em sua primeira reunião ministerial, quando afirmou que o Brasil não pode conviver com o fenômeno do abuso e da exploração sexual de crianças - disse Patrícia.



03/10/2003

Agência Senado


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