PATROCÍNIO DIVULGA DADOS DA UNESCO E COBRA COMBATE À VIOLÊNCIA



É preciso promover a associação das políticas de desenvolvimento com as de reaparelhamento jurídico-repressivo do Estado no combate à violência, defendeu o senador Carlos Patrocínio (PFL-TO), primeiro secretário em exercício do Senado, ao divulgar dados da Unesco sobre a morte violenta de jovens no Brasil entre 1979 e 1996. Comparando os registros de 1979 com os de 1996, o estudo revela que as mortes violentas de jovens entre 15 e 24 anos cresceram quase 100%, "o que é realmente estarrecedor", disse o senador. Segundo o diagnóstico, no final de 1996, os acidentes de trânsito, homicídios e suicídios vitimaram 24.409 jovens nesta faixa etária, enquanto que, em 1979, 12.271 jovens foram mortos, acrescentou.Conforme Carlos Patrocínio, a Unesco revela também que os homicídios cresceram vertiginosamente e são a principal causa das mortes violentas entre adolescentes no Brasil. Em 1979, 6.943 jovens foram assassinados, enquanto em 1996, foram 15.231, ou seja, 62,4% do total de 24.409 que pereceram por mortes violentas, acrescentou. - Outros dados lastimáveis mostram que os jovens no Brasil correm cinqüenta vezes mais riscos de morrer assassinados do que na Espanha ou na Irlanda - disse Carlos Patrocínio. Ele ressaltou que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, que realizou levantamento semelhante ao da Unesco em 37 países, apenas a Colômbia, Rússia, Venezuela e Estônia apresentam índices de violência contra jovens piores do que os do Brasil. A pesquisa da Unesco aponta que Vitória encabeça a lista de cidades como a mais violenta entre os jovens, seguida por Recife e Rio de Janeiro, concluindo que nestas três capitais os jovens têm mais chances de serem assassinados do que na Colômbia.- Os dados que acabamos de mostrar são reveladores de um verdadeiro filme de horror, de uma macabra carnificina e nos causam, ao mesmo tempo, tristeza e vergonha. A imagem do brasileiro cordial, afável, alegre, hospitaleiro, brincalhão e solidário é parte de um passado remoto e só existe mesmo nas páginas de Raízes do Brasil do escritor Sérgio Buarque de Holanda - lamentou Carlos Patrocínio, ressaltando que o aumento da violência está diretamente associado à falta de emprego, de equipamentos sociais e de atenção dos poderes públicos.

17/06/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


CARLOS PATROCÍNIO QUER FORÇAS ARMADAS NO COMBATE À VIOLÊNCIA

Brasil divulga dados sobre a violência contra gays, lésbicas e travestis

Amir Lando cobra ações de combate à violência

Lúcia Vânia cobra medidas de combate à violência contra a mulher

Ana Rita cobra dos estados 'seriedade' no combate à violência contra a mulher

Collor cobra do governo de Alagoas combate à violência contra mulheres