PATROCÍNIO: REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS DEVE SER OBJETIVO NACIONAL



Sob o modelo econômico vigente desde 1990 a desconcentração econômica atingida na década de 80 foi completamente revertida e as desigualdades regionais aprofundadas, exigindo a retomada de políticas que reduzam essas disparidades, alertou o senador Carlos Patrocínio (PFL-TO), em discurso nesta quinta-feira (dia 16).
- Não é sequer concebível, não pode almejar qualquer espécie de futuro uma República federativa na qual o fosso a separar os estados mais ricos daqueles mais pobres alargue-se progressivamente, ao invés de estreitar-se - disse.
Beseando-se em dados de pesquisa elaborada sobre o assunto pelo economista Márcio Pochmann, da Unicamp, Patrocínio salientou que, na década de 80, a diminuição das diferenças de renda per capita entre as regiões foi assegurada por um crescimento acelerado das regiões mais pobres, aliado a algum retrocesso na atividade econômica nas regiões Sul e Sudeste. Assim, entre 1980 e 1988, o PIB per capita do Norte aumentou 27%, do Nordeste, 21%, e do Centro-Oeste, 18%, enquanto o Sul e o Sudeste registraram uma queda de 1% no seu PIB per capita.
Mesmo após esse período, a renda por habitante do Nordeste não excedia a 49% da média nacional, afirmou o senador, e, em 1995, não ultrapassava 47,5%.
Nas raízes dessa retomada do aprofundamento das desigualdades regionais está a modificação do modelo econômico na década de 90, quando o Estado deixa de fomentar pólos de crescimento e investir em grandes obras de infra-estrutura viária e de telecomunicações, abandonando seu papel de intervenção na economia, como destacou o pesquisador da Unicamp, segundo Patrocínio. Sem o estímulo do poder público à desconcentração da atividade econômica, esse papel passou a ser ocupado pela guerra fiscal, "mas todos sabemos da trajetória suicida que pode estar embutida nessa política", disse o senador.
Carlos Patrocínio fez questão de dizer que, ao apontar as desigualdades regionais, não estaria defendendo que se retarde o desenvolvimento dos estados mais ricos, mas, sim, que é preciso dar um ritmo mais célere ao desenvolvimento das unidades federadas mais pobres.
Em aparte, o senador José Alencar (PDT-MG), em concordância com Patrocínio, disse que "há um equívoco nacional" na adoção de uma política de subserviência crônica. Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), por sua vez, considerou que "o Brasil está proibido de explorar seus recursos naturais por uma ditadura ambiental".

16/09/1999

Agência Senado


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