Paulo Duque busca apoio para salvar Beneficência Portuguesa



O senador Paulo Duque (PMDB-RJ) denunciou nesta quinta-feira (22), em Plenário, o risco de desaparecimento da Beneficência Portuguesa, um dos mais tradicionais estabelecimentos médicos do país. Explicando a importância histórica da instituição, Paulo Duque disse que o ex-chefe da Casa Civil do governo João Goulart, professor Darcy Ribeiro, estava gravemente doente na Europa, quando um dos médicos que o atendiam no exílio sugeriu-lhe fazer uma cirurgia na Beneficência Portuguesa. Darcy Ribeiro conseguiu com o então ministro das Relações Exteriores, Magalhães Pinto, permissão para viajar da França para o Rio de Janeiro, operou-se na Beneficência Portuguesa, conseguiu recuperar-se e voltou para o exílio.

No esforço para salvar a instituição, Paulo Duque disse que esteve no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas ficou decepcionado com a resposta de que esse tipo de operação não faz parte da programação do BNDES.

- Antes, era BNDE, colocaram um "S" de social, mas na hora mais necessária o social desaparece. Quando se vai buscar apoio para que um hospital não cerre suas portas, não se consegue, porque a programação é outra. Evidentemente que esse hospital não faz parte da programação governamental, mas faz parte da programação do Brasil.

Portas abertas

Com a epidemia de dengue, acrescentou o senador, a Santa Casa e a Beneficência Portuguesa oferecem as portas abertas aos governos municipal e estadual, para abrigar milhares de pessoas que precisam ser atendidas. Agora, disse o senador, "quem precisa de cuidado é a Beneficência Portuguesa, que não pode cerrar as portas, nem destruir a tradição das pessoas que construíram aquele patrimônio maravilhoso, tecnicamente perfeito, referência nacional".

Em busca de solução para o problema, Paulo Duque anunciou que pedirá audiência com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho; com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; e com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

Corrupção

Em aparte, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) considerou "lamentável" o fato de que todos os hospitais filantrópicos do país estejam mais ou menos nessa situação. Ele disse que "o dinheiro da saúde é roubado". Citou como exemplo o escândalo das ambulâncias e a denúncia, feita pelo próprio ministro da Saúde, de que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) é um órgão corrupto.

- Fechar um hospital por falta de recursos ou por falta de socorro do governo federal? Não falta dinheiro para propaganda do governo, para festas, para patrocínios e até para socorrer países distantes. Mas falta dinheiro para a saúde do brasileiro! Falta dinheiro para manter aberto um hospital como a Beneficência Portuguesa, que tem uma tradição de bons serviços prestados não somente ao Rio de Janeiro, mas a todo o país.



22/04/2010

Agência Senado


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