Paulo Freire seria imprescindível nos dias atuais, diz Cristovam



 O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) lembrou, em discurso nesta quarta-feira (2), os dez anos da morte do educador Paulo Freire (1921-1997), que se destacou pela criação de um método de alfabetização de adultos, afirmando que ele "seria imprescindível nos dias atuais, pela sua força, carisma e autoridade, para trazer de volta o sonho utópico e o compromisso revolucionário com a educação".

- Eu sinto duas grandes saudades de Paulo Freire: uma, é a saudade pessoal, de quem conviveu com ele; a outra é a saudade cívica de um brasileiro que percebe, hoje, como ele seria importante - afirmou o senador.

Cristovam recordou que ainda muito jovem, em Recife, entrou em contato com Programa de Alfabetização de Adultos, criado por Paulo Freire,dizendo que o programa e as idéias do educador foram decisivos na sua formação como militante e político de esquerda.

Cristovam relatou ainda seu convívio com Paulo Freire no Conselho Diretor da Universidade de Brasília (UnB), à época em que foi reitor da instituição, e o classificou como um "homem da utopia social", por conciliar os seus interesses educacionais com a ideologia socialista.

- No passado, a educação era importante, mas nós tínhamos a utopia, que não era a educação. A utopia era o socialismo. E nós esquecemos que Paulo era um socialista, não era só um educador nem um educacionista. Hoje, diante da forte crise do socialismo no mundo, da divisão dos trabalhadores entre incluídos e excluídos, não mais como um bloco só de proletários, diante da crise decorrente da maneira como se fez o desenvolvimento pela globalização, gerando desemprego estrutural, as utopias parecem fracassadas - disse.

Para Cristovam, a permanência da obra de Paulo Freire se justifica pelo fato de a educação representar atualmente "quase que um objetivo da utopia que a gente precisa no futuro". Em sua avaliação, a igualdade social será decorrente da igualdade do conhecimento.

- O tempo em que Paulo esteve aqui com a gente, ele dizia que a educação era um instrumento libertário, mas a gente sabia que a luta mesmo era a luta entre capital e trabalho. Hoje estou convencido que a luta não é mais entre capital e trabalho, mas, sim, entre quem tem e quem não tem conhecimento. O que diferencia a qualidade de vida de uma pessoa para outra é se tem ou não conhecimento - afirmou.

A viúva do educador, Ana Maria Araújo Freire, estava no Plenário durante o discurso de Cristovam.



02/05/2007

Agência Senado


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