Paulo Paim: abolição da escravatura ainda não foi concluída no Brasil



O senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou nesta segunda-feira (14) que a abolição da escravatura ainda não foi concluída no Brasil. Depois de passados 124 anos da assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, disse o senador, a população negra brasileira ainda sofre as consequências da escravidão, como a discriminação racial e os diferentes padrões de tratamento e atendimento em setores como a saúde, educação, mercado de trabalho e segurança pública.

- A abolição da escravatura não pôs fim, de fato, à escravidão. Temos uma abolição da escravatura não conclusa há 124 anos. A população negra continua sofrendo com as consequências da escravidão – afirmou.

Segundo frisou Paim, o Brasil é nação com maior número de pessoas negras fora do continente africano. Isso se deve principalmente, acrescentou Paim, ao fato de 40% de todos os africanos tirados da África durante o período do tráfico de escravos terem sido enviados para terras brasileiras.

- Africanos foram arrancados de sua terra e do convívio de suas famílias, atirados em porões de navios negreiros e depois em senzalas, submetidos a torturas, humilhações e trabalhos forçados – disse.

O senador apresentou diversos dados oficiais de órgãos nacionais e internacionais que demonstram a desigualdade racial no Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), citou como exemplo Paim, apenas 37% das mulheres negras grávidas realizam seis ou mais exames pré-natais, enquanto 62% das gestantes não negras passam por seis ou mais dessas consultas médicas.

Paim acrescentou que a taxa de mortalidade de crianças de até cinco anos é de 36 por mil entre os negros e 28 por mil entre os não negros. Além disso, informou o senador, a população negra continua com salários menores se comparada com os ganhos da população branca e as taxas de pobreza e analfabetismo são muito maiores entre a população negra.

- 70% dos 14 milhões de analfabetos brasileiros são negros – pontuou.

O parlamentar afirmou ainda serem raros os negros ou negras em postos importantes, tanto no Legislativo, quanto no Executivo e no Judiciário, bem como nas universidades, grandes empresa e bancos.

Paim aproveitou para renovar seu apoio às políticas afirmativas com viés racial, como as chamadas cotas raciais em universidades, consideradas constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal em recente julgamento.

O senador comunicou ainda a apresentação de projeto de lei para garantir o ensino de combate ao racismo e ao preconceito em todas as escolas e academias militares do país. Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), elogiou e apoiou o pronunciamento do colega.



14/05/2012

Agência Senado


Artigos Relacionados


Sibá comemora 119 anos da abolição da escravatura no Brasil

Começa homenagem aos 124 anos da abolição da escravatura

Senado comemora 120 anos da abolição da escravatura

Senado comemora os 120 anos da abolição da escravatura

Requião questiona comemoração do Dia da Abolição da Escravatura

A abolição da escravatura está incompleta, diz Cristovam