Paulo Paim: calçados da China já eliminaram 50 mil empregos no Brasil
Em nome de trabalhadores de indústrias de calçados, de móveis e de tecelagem, o senador Paulo Paim (PT-RS) fez um veemente apelo ao governo para que examine a situação das indústrias de todo o país, que enfrentam "uma das maiores crises de sua existência" por causa da entrada de produtos baratos da China.
Paim disse que já foram eliminados no Brasil 25 mil empregos de carteira assinada na área calçadista e outros 25 mil indiretos, pois as fábricas vêm fechando unidades inteiras de produção, por causa do baixo preço do produto chinês. Em 2005, 60 fábricas de calçados foram fechadas ou extintas no país, com a demissão de 5 mil trabalhadores em Franca (SP) e 18 mil no Vale do Rio dos Sinos (RS), dois pólos calçadistas do Brasil.
O golpe final, continuou, vem sendo dado pelo dólar desvalorizado frente ao real. Acrescentou que os empresários sustentam ser impossível competir no mundo com os produtos da China. Em 2005, o Brasil importou 13 milhões de pares de sapatos da Ásia, fabricados por empregados de baixos salários e sem direitos trabalhistas mínimos.
Paulo Paim disse o Grupo Reichert, do Rio Grande do Sul, deve desativar 20 unidades em 11 municípios. Como estratégia de sobrevivência, muitas empresas estão transferindo suas unidades para a Ásia e a Argentina. Na Ásia, além de salários mais baixos, não enfrentam a carga tributária do Brasil. Na Argentina, os tributos cobrados sobre os calçados mal chegam à metade comparando-se com o Brasil.
O senador disse ainda que a gaúcha Kunz, maior exportadora brasileira de formas de sapatos, já fechou duas fábricas no Brasil e começa a produzir em uma unidade construída na Índia. A Azaléia passou a entregar aos importadores calçados que saem de fábricas terceirizadas da China. A Paramount está o mesmo caminho, ao passo que a West Coast já planeja sair do Brasil, instalando fábricas na Ásia e na Argentina. A Vulcabrás já está operando na Argentina. Paulo Paim disse o Brasil já deixou de exportar nos dois últimos anos pelo menos 7,5 milhões de pares de sapatos.12/06/2007
Agência Senado
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