PAULO TARSO É APROVADO PELA CRE PARA EMBAIXADOR NA ITÁLIA



O que era para ser a sabatina de um diplomata na Comissão de Relações Exteriores (CRE), nesta terça-feira (dia 23), tornou-se um emocionante ato de aclamação do embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, indicado pelo presidente da República para exercer o cargo de embaixador do Brasil junto à República da Itália. Embaixador em vários países e ex-ministro das Relações Exteriores, Paulo Tarso foi apontado pelo presidente da CRE, senador José Sarney (PMDB-AP), e confirmado pelos demais integrantes, como uma das figuras mais importantes da diplomacia brasileira. O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, também esteve presente à reunião. O nome do embaixador foi aprovado por unanimidade CRE, e a mensagem com sua indicação vai agora ao plenário.José Sarney lembrou que Paulo Tarso foi ministro das Relações Exteriores em várias ocasiões, durante seu mandato como presidente da República, e atestou que o embaixador é dono de um "talento excepcional e de uma grande cultura". Comovido com o exemplo de vida e devoção ao serviço público demonstrados por Paulo Tarso, Sarney disse ainda que, pôde testemunhar o espírito público e a ajuda dada ao Brasil pelo embaixador durante o seu governo. "V. Exª conseguiu ser uma das poucas convergências e unanimidades nesta Casa", afirmou Sarney.O embaixador ressaltou que os problemas de saúde que sofreu há dois anos tiraram-lhe alguma mobilidade física, mas com o apoio dos amigos e um espírito forte estava pronto para cumprir qualquer missão que lhe fosse dada. Ele também destacou a importância do apoio do Senado para o sucesso de qualquer missão diplomática. Demonstrando absoluta lucidez, o embaixador lembrou conversa mantida com o presidente Fernando Henrique Cardoso, quando este lhe disse que, após duas cirurgias na cabeça, era o único auxiliar de seu governo que poderia provar que tem cérebro.Paulo Tarso explicou aos senadores que a Itália é o quinto parceiro comercial do Brasil e que já tem várias idéias e projetos para expandir o relacionamento entre os dois países, não apenas na área comercial, mas nas áreas de esporte, aeronáutica, energia, turismo e, principalmente, na área cultural. O embaixador revelou que pretende realizar um festival de música brasileira em Roma. Ele lembrou que a maior colônia italiana não se encontra nos Estados Unidos, mas no Brasil. São 23 milhões de imigrantes vivendo em sua maior parte no Sul do país.O senador Bernardo Cabral (PFL-AM) lembrou quando conheceu Paulo Tarso e como o tempo conseguiu afirmar a capacidade do embaixador. "Raramente se vê um diplomata dessa categoria", opinou o senador. Cabral destacou ainda da atuação de Paulo Tarso, quando era embaixador do Brasil na Inglaterra, junto ao Iraque. Segundo ele, esse serviço prestado só será reconhecido no futuro, devido à confidencialidade do assunto.Já o senador Romeu Tuma (PFL-SP) disse que sempre recebeu dele todo o apoio necessário quando enfrentou momentos difíceis na diretoria da Polícia Federal. Tuma lembrou que a Itália também é a maior parceira do Brasil no combate ao narcotráfico e à lavagem de dinheiro desde o início da "Operação Mãos Limpas".O senador Djalma Bessa (PFL-BA) argumentou que apenas os títulos apresentados no currículo seriam suficientes para aprovar a indicação de Paulo Tarso, mas o embaixador contava ainda com o depoimento do senador José Sarney. O senador revelou que seu voto seria pela aprovação do embaixador.O senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) afirmou que era um "fato muitíssimo auspicioso" o governo ter escolhido Paulo Tarso para esta missão na Itália, pelo seu talento de desenvolver relações econômicas e de ser um promotor do comércio entre países. O senador observou que tem uma grande expectativa de abertura na relação entre Brasil e Itália, "que ainda não foi devidamente conduzida" e ressaltou a identificação que cria pontos de aproximação entre dois povos que se admiram.O senador Lauro Campos (PT-DF) disse estar feliz por reencontrar Paulo Tarso após quase 50 anos. Lauro Campos revelou que, na juventude, ambos foram "quase vizinhos" em Belo Horizonte e que freqüentavam o Minas Tênis Clube. "Eu estava no quarto ano de Direito, quando Paulo Tarso entrou na faculdade", informou o senador. Lauro Campos lembrou também que foi o sogro do embaixador, o médico Amílcar Martins, quem o curou de uma esquistossomose.O senador Pedro Simon (PMDB-RS) confessou estar alegre e emocionado em ver a garra de Paulo Tarso e que tem acompanhado a competência do embaixador na luta contra as seqüelas do acidente vascular cerebral sofrido há dois anos. Simon destacou que o embaixador tinha todo o direito de gozar uma boa aposentadoria, mas preferiu continuar trabalhando e alimentando sonhos. O senador lembrou ao embaixador que a força econômica da Itália reside nas pequenas e médias empresas e que o Brasil poderia aprender muito com essa experiência.

23/03/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


PAULO TARSO VAI SER EMBAIXADOR TAMBÉM NA ALBÂNIA

Aprovado voto de pesar pela morte do embaixador brasileiro

Embaixador da Itália no Brasil vai a Roma para prestar esclarecimentos sobre Battisti

CRE aprova nome de Andrea Matarazzo para o cargo de embaixador do Brasil na Itália

SENADO APROVA VOTO DE PESAR PELA MORTE DE PAULO DE TARSO FLECHA DE LIMA JR

Mesquita Junior critica declarações de Tarso Genro sugerindo haver fascismo na Itália