PDT decide apoiar Amin em Santa Catarina
PDT decide apoiar Amin em Santa Catarina
O PDT de Santa Catarina assumiu sexta-feira o apoio à candidatura do governador e que concorre à reeleição, Esperidião Amin, do PPB. O secretário nacional do PDT e um dos coordenadores nacionais da campanha de Ciro Gomes, Manoel Dias, esteve presente à inauguração de comitê do presidenciável em Florianópolis e pediu empenho pela eleição de Amin. O deputado estadual Ivan Ranzolin representou o PPB na cerimônia e foi conclamado pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, a conduzir o rebanho do seu partido para ajudar na vitória à Presidência. Ranzolin foi indicado para coordenar o comitê suprapartidário de Ciro.
A primeira e última aliança entre o PDT e o PPB em Santa Catarina foi em 1985, com a Aliança Social Trabalhista, derrotada pelo PMDB de Edison Andrino na capital. A aproximação desta vez começou com a divisão da Frente Trabalhista. O PDT e o PTB deixaram em julho de apoiar a candidatura de Sérgio Grando, do PPS. Em seguida, o secretário Dias anunciou a adesão do PDT a Paulo Bornhausen, do PFL, ao Senado. A indicação de Ranzolin na sexta-feira consolidou a aproximação com a chapa liderada por Amin.
Apesar de o governador catarinense ter declarado voto a favor do candidato da aliança PSDB-PMDB à Presidência da República, José Serra, Dias considera possível agendar compromissos de campanha que reúnam Amin e Ciro. O PDT avaliará a postura do deputado federal Fernando Agostini, que declarou voto ao candidato do PMDB ao governo, Luiz Henrique da Silveira.
Com a inauguração do comitê pelo PDT, pelo PTB, pelo PPB e pelo PFL, Ciro conta com dois locais à disposição da sua campanha. 'Isso mostra a consolidação de Ciro junto ao eleitorado de Santa Catarina', comemorou Jorge Bornhausen. Lauro Pruner, do PFL, anunciou que a partir de segunda-feira começará o lançamento de 22 comitês suprapartidários em todo o estado. Os partidos não têm previsão de quando o presidenciável irá a Santa Catarina. Dia 24, ele estará no Rio Grande do Sul.
Palanque eletrônico está pronto
Partidos apostam tudo nos programas de rádio e televisão, que irão ao ar de terça-feira a 3 de outubro
De terça-feira até 72 horas antes das eleições, a população passará a conviver, diariamente, durante 1 hora e 10 minutos, com a propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão. No período dos 45 dias, até 3 de outubro, candidatos à Presidência da República, ao Senado, aos governos estaduais, à Câmara dos Deputados e à Assembléia Legislativa tentarão reverter em votos a visibilidade e os benefícios oferecidos pelo palanque eletrônico. Como grande parte do eleitorado tem a televisão e o rádio como principais fontes de informação, começará a fase decisiva das campanhas.
Os candidatos a presidente e a deputado federal terão 50 minutos três dias na semana para se comunicarem com o eleitor. Os pretendentes ao Palácio Piratini e a deputado estadual, 40 minutos. Os candidatos ao Senado, 30 minutos. Os programas na TV serão veiculados das 13h às 13h50min e das 20h30min às 21h20min. No rádio, serão reservados espaços das 7h às 7h50min e das 12h às 12h50min.
As assessorias dos candidatos ao governo garantem que darão prioridade à apresentação de propostas, mas as acusações, denúncias e críticas já são típicas das campanhas, levando os partidos a verdadeira guerra de pedidos de direito de resposta ao Tribunal Regional Eleitoral, apesar de a legislação limitar os excessos. A principal proibição é o ataque moral. Caluniar, injuriar ou difamar adversários pode dar cadeia. Considerados crimes, são puníveis com penas de detenção de dois meses a um ano. Realizar montagens, edições de má-fé que deturpem declarações e imagens de candidatos e divulgar informações inverídicas também são considerados crimes. A legislação resguarda até a soberania nacional. As propagandas não podem conter informações ou palavras em língua estrangeira. Nenhuma é aceita, por mais simples e inteligível que pareça. A utilização de outros idiomas também poderá levar à detenção dos responsáveis.
O tempo de exposição a que os presidenciáveis terão direito foi calculado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Para os candidatos ao governo, ao Senado, à Câmara dos Deputados e à Assembléia Legislativa, o Tribunal Regional Eleitoral dividiu o espaço. No Estado, o candidato ao governo com maior tempo é Germano Rigotto, da coligação União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS). À Presidência da República, o mais beneficiado em termos de espaço será José Serra, da Grande Aliança (PSDB-PMDB).
Agenda dos candidatos
DOMINGO
11 Celso Bernardi (PPB)
10h: Eugênio de Castro. 12h: São Miguel das Missões. 14h: Vitória das Missões. 16h: Caibaté.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
8h30min: Morrinhos do Sul. 11h: Dom Pedro de Alcântara. 12h: Torres. 14h: Arroio do Sal. 15h45min: Maquiné. 18h: Esteio. 19h: Alvorada.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)
9h30min: Augusto Pestana. 11h30min: Cruz Alta. 16h: Carazinho. 19h: Soledade.
22 Aroldo Medina (PL-PSD)
13h: Pelotas.
23 Antônio Britto (PPS-PFL-PT do B-PSL)
Cachoeira do Sul.
40 Caleb de Oliveira (PSB)
Crissiumal, Três de Maio e Horizontina.
Beto diz que Garotinho vai procurar dar o seu recado
O deputado federal Beto Albuquerque, do PSB, disse que o candidato do seu partido, Anthony Garotinho, irá ao encontro para dar o seu recado, não ouvir conselhos. Avaliou que o país está nesta situação porque Fernando Henrique ficou oito anos sendo submisso a grandes bancos e ao capital internacional. 'Ao apagar das luzes de um melancólico governo, ele quer conversa', criticou o deputado.
Busatto aposta que Ciro apresentará alternativas
Para o deputado estadual Cézar Busatto, do PPS, afirmou que a iniciativa do presidente é essencial. Salientou que não pode haver expectativa de comprometimento com o atual modelo econômico, que gerou a dependência do país do capital estrangeiro. 'Ciro Gomes vai ao encontro para manifestar as divergências com a política econômica e apresentar alternativas de correção de rumo para o Brasil', salientou.
Cedência de espaço trará riscos
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esclareceu a dúvida se candidatos aos governos estaduais podem ceder os seus tempos no horário eleitoral gratuito para que algum presidenciável faça campanha. Embora não haja regra específica para esse tipo de situação, o entendimento do TSE é que os que concorrem aos governos podem deixar claro em seus espaços que apóiam um determinado candidato à Presidência da República, mesmo que não faça parte da sua coligação partidária. Porém, se ceder o espaço para um presidenciável, correrá o risco de ter o programa impugnado por reclamação de algum adversário.
O tempo do horário eleitoral de cada candidato às eleições não é definido de forma aleatória. Depende do tamanho do partido e da coligação, focalizando o primeiro dia da legislatura. Um dos principais objetivos das alianças partidárias foi garantir formalmente tempo maior no horário eleitoral gratuito.
De acordo com a lei eleitoral, o cálculo do tempo de cada um leva em consideração os partidos e as coligações que tenham candidato e representação na Câmara dos Deputados. Um terço do tempo total é dividido igualitariamente entre todos. Os dois terços restantes do tempo são divididos proporcionalmente ao número de integrantes que têm na Câmara, considerando, no caso de coligação, o resultado da soma do número de representantes de todos os partidos que a integram.
Caso algum candidato desista da disputa no meio da campanha e o partido não indique o seu substituto, os tribunais regionais eleitorais redistribuem o tempo que ele tinha disponível na propaganda gratuita entre os candidatos remanescentes. A utilização do horário eleitoral pelas coligações informais depende da criatividade e dos recursos dos partidos e dos candidatos.
Ferreira afirma que Lula vai propor desoneração
O coordenador da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva no Estado, Paulo Ferreira, do PT, salientou que o candidato irá ao encontro de Fernando Henrique para propor a desoneração da produção e das exportações. Segundo ele, o convite é forma de dividir o ônus do modelo aplicado no país. Afirmou que é obrigação do PT apresentar alternativas. Lula cobrará também a reforma tributária, 'negada por partidos que sustentam José Serra e Ciro Gomes'.
Ponte duvida que iniciativa represente prejuízo a Serra
O ex-deputado Luiz Roberto Ponte, do PMDB, disse ser iniciativa de grande valia do presidente se reunir com candidatos. Argumentou que o país está sofrendo por falta de confiança dos investidores e que a reunião ajudará a elevar a credibilidade do mercado. Acredita que o convite não demostra falta de confiança do presidente no seu candidato, José Serra: 'A equipe tucana pode não ter gostado, mas o presidente tem de ajudar o que for eleito'.
Presidente quer acalmar mercado com reuniões
Na tentativa de reverter a especulação financeira que tomou conta do país, o presidente Fernando Henrique convidou para reunião os quatro principais candidatos à sucessão. Quer debater segunda-feira a crise no mercado financeiro e os acordos internacionais assinados. Ele receberá em horários diferentes Ciro Gomes, Anthony Garotinho, Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra. Políticos gaúchos ligados às candidaturas opinaram sobre o convite.
REJEIÇÃO
Integrantes do PDT de Sarandi rejeitaram a decisão da cúpula do partido de apoiar o PPS nas eleições deste ano. Em nota divulgada na sexta-feira, o prefeito Reinaldo Nicola, o presidente da executiva municipal, Ademir Batistella, e o líder da bancada do partido na Câmara, Ozeno Picollo, argumentaram que 'o conselho político do PDT não possui legitimidade suficiente para tomar decisões que irão provocar graves e incalculáveis conseqüências ao futuro do partido'.
Resumo
FRENTE - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Nelson Jobim, comunicou sexta-feira à Frente Trabalhista que o Pleno negou o pedido para que fosse permitida a divisão das inserções da propaganda eleitoral em períodos de 15 segundos em blocos diversos. Segundo Jobim, o plano de mídia apresentado por PPS, PTB e PDT não conta com a concordância de todos os partidos e emissoras de rádio e TV.
MALUF - O candidato ao governo de São Paulo pelo PPB, Paulo Maluf, elogiou Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, dizendo que é honrado, preserva o patriotismo e poderá fazer bom governo porque está recuperado. 'Ele perdeu o radicalismo e até tem vice que é empresário', observou, referindo-se a José Alencar, do PL. O porta-voz da campanha de Lula, André Singer, comentou que as declarações de Maluf refletem o pensamento de milhões de brasileiros.
IBOPE - Anthony Garotinho, do PSB, tem 29% das intenções de voto no Rio segundo a pesquisa Ibope. Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, fez 27%, Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, 23% e José Serra, do PSDB, 8%. Foram ouvidos 1,2 mil eleitores de 8 a 11 deste mês em 35 municípios. No levantamento anterior, de 28 a 31 de julho, Garotinho atingiu 33% contra 26% de Lula, 21% de Ciro e 7% de Serra.
Yeda elogia a atitude e chama FHC de estadista
A deputada federal Yeda Crusius, do PSDB, entende que o presidente assumiu papel de estadista e por responsabilidade debaterá com os candidatos a situação financeira do país. Segundo ela, qualquer outro presidente dividiria somente com companheiros de partido dados sobre a economia. 'As reações provincianas de alguns candidatos mostram como não estão acostumados com política maior proposta por Fernando Henrique', avaliou.
Artigos
Um voto de confiança
Victor Faccioni
Dentro de dois dias inicia-se oficialmente a campanha eleitoral gratuita, através do rádio e da televisão, grande palanque que chega ao lar de cada brasileiro, mostrando a imagem, a voz e, sobretudo, as idéias e os programas dos candidatos ao Planalto, ao governo dos estados, às vagas no Congresso Nacional e nas assembléias legislativas. O atual momento do país é de muita apreensão, de crise, mas também de confiança. Os antigos gregos definiam a crise - krisis - como o esforço conjunto para discernir, separar e colocar de um lado o que é bom e do outro o que é mau. Essa palavra acabou sendo incorporada, depois, aos diferentes idiomas e culturas até chegar ao sentido atual, que significa o agravamento da situação em qualquer área ou setor, seja individual, seja coletivo.
O Brasil, hoje, atravessa uma crise, talvez de proporções maiores do que no passado, nas áreas econômica, política, das instituições e financeira. Mas parece que não está só. Nossos vizinhos e a América Latina, como um todo, também sofrem os efeitos diretos da crise que, em maior ou menor escala, afeta nações desenvolvidas, como os Estados Unidos e a antes União Soviética, México e Japão. Felizmente, todas as correntes políticas, partidos e seus candidatos concordam que vivemos momentos muito sérios, mas há no fundo um desejo de unir esforços e colaborar para encontrar saídas para nosso país, cada vez mais atingido por influências externas e, internamente, por fatores como fome, desemprego, falta de segurança e até a perda de auto-estima que, como vimos, apareceu em grande estilo na campanha do penta.
É importante, então, dar um voto de confiança na vontade coletiva do nosso povo, que, em vários momentos históricos difíceis, soube reagir e assumir seu papel. Essa mesma confiança deve impregnar tanto os que tratam da res publica, segundo os romanos, como os que defendem um sistema de governo que melhor atenda aos interesses maiores do país.
Assim, nesta hora pré-eleitoral, precisamos aprender as lições da história, avaliar os sucessos e os insucessos, buscando nas reservas sociais, morais e éticas a força para construir a nação que todos sonhamos, através da democracia do Estado de direito e do voto livre, soberano e consciente do povo.
Colunistas
PANORAMA POLÍTICO - A. Burd
MEIO TERMO
1) Leonel Brizola quer que o novo partido, na seqüência da Frente Trabalhista, identifique-se inicialmente como PTB-PDT. Para justificar aos seus companheiros, perguntou esta semana em Porto Alegre: 'Não estamos na época da sopa de letrinhas, como os bancos, por exemplo?'. Sua preocupação se justifica: perder a tradição da sigla PTB seria um equívoco. Ao mesmo tempo, sepultar o PDT representaria capitulação. Levará em banho-maria.
2) Candidatos apostam tudo nas manobras de marqueteiros. Terça-feira, o espetáculo começará com efeitos sonoros nos programas de rádio e recursos visuais nos espaços de TV. Se por dentro da elaborada embalagem vier o recheio de propostas viáveis, vá lá. Senão, será melhor desligar aparelhos.
PREVISÍVEL
Ao retirar subsídio e liberar preço do gás de cozinha, o governo deveria imaginar o que estava por vir. Distribuidores foram com sede ao pote e negociações agora são complicadas. Consumidor que se dane.
COM CALMANTE
1) Preocupado, o comando da Frente Trabalhista tenta conter tom beligerante de Ciro Gomes. Será difícil; 2) A Secretaria Estadual da Fazenda soma e multiplica para chegar a dezembro com 13º em dia.
O OUTRO
Ciro, o Grande, fundou o império persa e reinou de 559 a.C. a 520 a.C. Unificou as tribos persas, tomou Ecbátana e proclamou-se rei dos persas e dos medas. A ascensão repentina inquietou seus vizinhos. Creso, rei da Lídia, articulou contra Ciro, que, em resposta, invadiu a Ásia Menor, despojando-o de seus territórios. Em 20 anos, Ciro conquistou vasto império, mas permitindo que conquistados mantivessem suas culturas.
IMOBILISMO
Não houve, até agora, nenhum movimento do magistério para ouvir os candidatos ao governo do Estado. Das duas uma: a categoria não tem mais o que reivindicar ou já tirou as dúvidas sobre os que concorrem.
VAI POLEMIZAR
O candidato do PSTU à Presidência da República, José Maria de Almeida, chega neste domingo para campanha no Estado. Atirou sem rodeios e com grosso calibre na sexta-feira: 'A verdade é que o PT vendeu a alma para ganhar as eleições'.
CONSERTO
Lucidez do colunista Celso Ming, do Jornal da Tarde, de São Paulo: 'O Banco Central está atuando como encanador e vai providenciando um conserto na rede d'água. Mas, nesse caso, há um princípio de incêndio na casa; o bombeiro está sendo mais necessário do que o encanador'.
DOS LEITORES
- Vanda Lorimar: 'Não sei por que demoram tanto para tocar a reforma tributária. Para mim, como pequena empresária, bastaria simplificar. Não sonego e pago em dia, mas é tudo complicado e preciso de contador, que envolve custo, para poder ficar dentro do que exige a lei'.
- José Stringelli: 'Em campanha à Presidência da República, quem tem Pillar tem tudo. Sustenta-se com naturalidade e desenvoltura'.
- Rosa Bartholomeu: 'Volto a cobrar o distanciamento que os candidatos mantêm dos grandes problemas do Estado. Será que irá assim até o final da campanha? Lamento'.
- Ervandil Loureiro: 'A proibição de candidatos à Câmara dos Deputados e à Assembléia Legislativa de participarem de entrevistas em rádio e TV ressuscita a Lei Rolha. Como é que vamos conhecer o que pensam e o que farão se forem eleitos?'.
APARTES
Neste sábado, PPS anunciou que aceita sugestões do PDT ao programa do governo estadual. Seria diferente?
Itamar Franco decide abrir contas do governo do Estado a todos os candidatos à sua sucessão. Bom exemplo para ser seguido no RS.
Pedro Parente, que não dorme de botas, foi a Salvador 6a-feira, em nome do Planalto, e fez agrado em ACM.
Candidato que faz campanha vapt-vupt no Interior pagará caro.
Vereador Marcelo Danéris propõe projeto de lei para impedir a venda de empresas públicas da prefeitura.
Novos tempos: socialite Vera Loyola entra na campanha de Lula.
Revista Time pergunta: os executivos irão para a cadeia pelos escândalos contábeis nos Estados Unidos?
Deu no jornal: 'Instável, bom humor do mercado dura pouco'. E dói muito no bolso da população.
Outra do jornal: 'FHC diz que o Brasil está acostumado com crises econômicas'. Pois um dia vai cansar.
Editorial
O tráfico e seus mentores
A declaração do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Alberto Cardoso, no sentido de que traficantes do quilate de Elias Maluco e de Fernandinho Beira-Mar são apenas intermediários no mundo dos negócios do tráfico é algo que contrasta inteiramente com a versão que é costumeiramente repassada à sociedade por todos aqueles que, de uma forma ou de outra, transitam no meio de tal problemática. Segundo ele, os verdadeiros mentores do crime organizado 'estão lá em cima', dando a entender que os verdadeiros responsáveis por esses negócios escusos e lucrativos são pessoas que desfrutam de prestígio e de poder na sociedade. Sendo assim, é lícito supor que o crime organizado, sob uma face de aparente respeitabilidade, tenha também se incrustado dentro do aparelho estatal, dificultando sobremaneira seu combate e se beneficiando de sua camuflagem.
Tais constatações de maneira nenhuma significam que se deva arrefecer o combate em curso contra os traficantes, integrantes mais visíveis do crime organizado. Todavia, há que se ter consciência de que a atuação deles representa apenas a ponta do iceberg. Enfrentá-los e, eventualmente, submetê-los às penas da lei de maneira nenhuma levará à extinção do tráfico, posto que a engrenagem que os gera permanecerá intocada e outros Elias Malucos virão. Para uma ação efetiva e eficaz é preciso coordenar os esforços e atingir todos os escalões da bandidagem, desde os ditos intermediários até os verdadeiros 'barões do crime', beneficiários da lavagem de dinheiro que é feita a partir desse comércio ilegal de drogas.
Para atingir tais objetivos, é preciso que o Estado não seja paquidérmico, mas que possa ter a destreza necessária. E inteligência, claro. Órgãos como o Ministério Público, a Polícia Federal, a Receita, o Judiciário têm de somar esforços para atingir o máximo de eficiência. Além disso, faz-se necessário que esse mesmo Estado desenvolva políticas sociais abrangentes, de modo a que as carências das comunidades periféricas não sejam usadas por inescrupulosos para recrutar a mão-de-obra do crime organizado. Para vencer essa guerra, há que se usar de todos os recursos e enfrentar todos os inimigos, tanto os visíveis como os da quinta-coluna, estes travestidos de gente de bem.
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08/18/2002
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