Pedrosa nega venda de TDAs e Tuma diz que vai propor acareação



Em depoimento ao corregedor-geral do Senado, senador Romeu Tuma (PFL-SP), o empresário paraense Vicente Pedrosa negou ter feito qualquer operação com Títulos da Dívida Agrária (TDAs) com Serafim Rodrigues de Moraes e sua mulher Vera Campos. Diante das contradições, Tuma afirmou que vai promover a acareação entre Pedrosa, Serafim e Vera, assim que as informações bancárias e fiscais dos envolvidos, que tiveram o sigilo quebrado pelo Senado esta semana, tiverem sido analisadas.

- A única forma de sabermos se houve a operação é seguir o rastro do dinheiro. Vamos esperar os resultados da quebra do sigilo para então promover a acareação - disse o corregedor, que não descartou a possibilidade de realizar a acareação ainda em julho.

Segundo Tuma, no depoimento, Pedrosa não identificou os depósitos de Vera para ele, mas, para justificar a possível transferência de recursos do casal, Pedrosa disse que pode ter feito transações na época com Vera, que trabalhava como corretora junto à Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F;), nada que dissesse respeito às TDAs.

Pedrosa negou ainda ter se encontrado com o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) no Hotel Hilton no dia 12 de dezembro de 1988 para negociar TDAs, como teria afirmado o casal.

O advogado de Pedrosa, Heraldo Machado, tentou desqualificar a versão apresentada por Serafim e Vera argumentando que o valor da negociação revelado pelo casal é superior ao valor de face dos TDAs, que costumavam ser negociados com deságio de 70% àquela época. "Essa é uma história sem pé nem cabeça", disse Machado.

Ele confirmou que Pedrosa teria autorizado a um corretor a negociação dos TDAs de sua fazenda, que estaria com situação fundiária conturbada, invadida e ameaçada por grileiros. O seu cliente, porém, não sabe se os TDAs foram negociados diretamente com a Portus (fundo de pensão da extinta estatal Portobrás) ou com terceiros que, então, repassaram os títulos para o fundo de pensão. Mais tarde, os títulos foram considerados nulos, frutos de fraude.

Assim, Pedrosa sustentou a versão de que os TDAs da Fazenda Paraíso não seriam fraudulentos. Para isso, disse o advogado, Pedrosa ofereceu todos os documentos que demonstram a cadeia dominial da fazenda localizada no Pará.



28/06/2001

Agência Senado


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