Perillo critica governo por continuar gastando mal



"Comemoramos a baixa de juros, ainda que tardia, mas lamentamos profundamente que a economia de recursos oriundos desses mecanismos seja usada não para investimentos públicos, mas para uma gastança sem limites". A observação foi feita pelo senador Marconi Perillo (PSDB-GO) que, da tribuna do Plenário, disse que enquanto as famílias brasileiras reavaliam o orçamento doméstico para adequá-lo à crise, o governo continua gastando mal e se beneficiando da queda dos juros para fechar suas contas.

O senador assinalou que no atual momento de crise na economia mundial, o dinheiro que será economizado com a redução na taxa de juros poderia ser de grande utilidade para o reaquecimento da economia brasileira, através de investimentos públicos. Porém isso não ocorrerá porque o governo, aproveitando-se do superávit primário dos últimos anos, "aparelhou a máquina e favoreceu politicamente os apadrinhados", aumentando de forma substancial os gastos públicos.

Marconi Perillo também reclamou que a postura excessivamente otimista assumida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, retardou as medidas que deveriam ter sido adotadas muito antes para proteger a economia brasileira. Ele citou como exemplo o fato de a redução de juros e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a indústria automobilística só terem sido adotados após o declínio das vendas registrado no último quadrimestre de 2008.

- É difícil crer que no primeiro momento da crise tenha-se falado em blindagem da economia brasileira, como se fosse possível escapar dessa onda devastadora que tem empurrado para a recessão economias poderosas como a da Holanda. Recentemente o ministro Mantega chegou a declarar que o Brasil sairia da crise antes dos outros países e não chegaria a ser atingido de forma significativa - disse Perillo.

Na avaliação do senador, a crise exige uma radiografia aprofundada da situação de todos os setores produtivos do país para a identificação de um cenário e a consequente formulação de políticas públicas para cada segmento. Se um cronograma de ações não for definido, acrescentou, os efeitos de medidas emergenciais poderão se tornar inócuo.

Em aparte, o senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA) receitou que não adianta apenas o Banco Central baixar a Selic (taxa média de juros incidente sobre os financiamentos). É necessário também que haja uma queda no spread (diferença entre os juros que os bancos pagam na captação do dinheiro e o que cobram para emprestá-lo).

- Se os bancos não estão fazendo a sua parte, é preciso que o governo faça a dele para forçar a redução do spread. Há uma supervalorização da taxa de risco que os bancos utilizam para analisar os pedidos de financiamento das pessoas físicas. Essa situação se reverteria se fosse aprovado o cadastro positivo - avaliou Antonio Carlos Júnior.



15/04/2009

Agência Senado


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