Pescadores de Itaqui enfrentam concorrência no rio Uruguai



A comunidade pesqueira também debateu hoje pela manhã, em audiência do Fórum da Pesca, as ações de fiscalização na região

A concorrência desleal de pescadores de outras regiões é um dos principais problemas que a comunidade pesqueira de Itaqui enfrenta no desenvolvimento de seu trabalho. De acordo com o presidente da Colônia de Pescadores Z-12, de Itaqui, Marciano Alves Filho, o cuidado que os pescadores da comunidade têm com os peixes do Rio Uruguai, não realizando pesca predatória e respeitando a sua reprodução, atrai os “pescadores de fim-de-semana” de outros centros, ocasionando um sério problema social na região. Segundo ele, uma das soluções seria a formação de um Fórum que envolvesse a regionalização de todas as colônias de pescadores da região, fechando um círculo e fortalecendo a atividade dos produtores.O tema foi abordado hoje pela manhã na reunião do Fórum Democrático da Pesca, realizada na Câmara de Vereadores de Itaqui.

Outra questão levantada por Alves é a falta de representatividade dos órgãos federais na Fronteira Oeste. Ele aponta que para conseguir os documentos necessários para regulamentar a sua profissão, o pescador precisa se deslocar cerca de 90 quilômetros, o que representa custos para a comunidade. A delegação de poderes para representantes do município poderia encurtar as distancias e desburocratizar a atividade do pescador.

O vice-prefeito de Itaqui, Mogar Silva Beregarai, fez um apelo para que sejam buscadas soluções concretas para os problemas dos pescadores da região e do Rio Grande do Sul. Segundo ele, uma das maiores dificuldades enfrentadas é no relacionamento com o Ibama, e com autoridades da Argentina. “A fiscalização é eventual mas descriteriosa, não há instrução nem orientação, apenas punição”, lamentou. Beregarai também lembrou que autoridades argentinas invadem as águas brasileiras e apreendem o material dos pescadores do Rio Uruguai.

O deputado Adilson Troca (PSDB), relator da Subcomissão da Pesca e Piscicultura, lembrou que um dos objetivos das audiências públicas é elaborar uma proposta de emenda ao projeto de lei que tramita na câmara dos Deputados sobre o assunto. O documento vai sugerir algumas alterações na proposta e indicar algumas reivindicações dos pescadores gaúchos. A deputada Cecília Hypolito (PT), integrante da Subcomissão, apresentou algumas ações desenvolvidas pelo governo estadual para o setor pesqueiro. Segundo ela, o Executivo compreende a tradição e a cultura da categoria pesqueira gaúcha. A presidenta Câmara de Vereadores, Claudete Bruck; o presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) da Fronteira Oeste, Hildebrando Santos; e o secretário da Federação dos Pescadores do Rio Grande do Sul, Ari Sanhudo, também participaram da abertura da audiência.

Os pescadores de Itaqui também trocaram experiências com pescadores de outras regiões. O coordenador do Fórum da Lagoa dos Patos e presidente da Colônia de Pescadores Z2, de São José Do Norte, Carlos Simões, e o presidente do Conselho Cooperativo para as ações nas lagoas Mirim e Mangueira no Âmbito Pesqueiro, João Carlos Caldeira, falaram sobre seus problemas e as ações que estão sendo tomadas nas suas comunidades. O diretor do Centro de Pesquisa Rio Grande (Ceperg), Hamilton Rodrigues, abordou as principais dificuldades enfrentadas pela categoria. O representante da Secretaria de Agricultura pelo programa RS Rural, Luis Fernando Brutto, representou o governo do Estado, apresentando a política estadual para o setor da pesca artesanal.




04/30/2002


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