Pesquisa com células-tronco de câncer de osso vai auxiliar no tratamento da doença



Tumor maligno ósseo atinge principalmente crianças e jovens e exige amputação em 27% dos casos

 

O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), vinculado ao Ministério da Saúde, iniciou em agosto uma pesquisa com células-tronco de osteossarcoma, tumor maligno do osso que atinge, principalmente, crianças e jovens entre 10 e 20 anos, em fase de crescimento. O estudo vai auxiliar no tratamento da doença e reduzir o número de amputações, necessária em 27% dos casos.

As células-tronco tumorais representam cerca de 1% da massa do tumor, mas são mais resistentes às terapias. São chamadas de células-mãe do câncer, pois têm o potencial de formar as células que compõem os tumores. “Apesar de o efeito da quimioterapia ser capaz de eliminar ou diminuir o tamanho de grande parte do tumor, as células-tronco tumorais são bem mais resistentes”, explica a pesquisadora Suzana Kahn.

O estudo consistirá no isolamento e expansão em laboratório de células-tronco tumorais em duas fases: no momento da biópsia, realizada para a confirmação da doença; e após o tratamento com quimioterapia. Os pesquisadores irão identificar a quantidade de células existentes nessas duas fases e compará-las.

Será possível verificar a agressividade do tumor, os efeitos da quimioterapia, sobrevivência e invasão das células no organismo do paciente, além de saber se houve melhora com o tratamento e se aumentará ou não as chances de ocorrer metástase. Também serão realizados testes em camundongos estéreis para provocar a doença e acompanhar o desenvolvimento do tumor in vivo.

“O resultado é que poderemos fornecer mais um elemento importante para tratar o paciente e será possível identificar se houve resposta ao tratamento. A partir daí, os médicos poderão programar melhor o tratamento baseado nas características individuais de cada tumor”, explica a chefe da Divisão de Pesquisa, Maria Eugênia Duarte.

A expectativa do ortopedista Walter Meohas, cirurgião especializado no tratamento do osteossarcoma, é de que os resultados possam contribuir para reduzir a necessidade de amputações. “É uma pesquisa inédita que vai revolucionar o tratamento. Estou otimista para que dê certo e que possamos preservar mais as crianças”.

 

Osteossarcoma

O osteossarcoma é um tumor maligno dos ossos. Sua incidência é maior em crianças e jovens, mas pode ocorrer em adultos. O tumor atinge o aparelho locomotor, como pernas, braços e coluna, e acomete os pulmões com frequência, em decorrência de metástase. O primeiro sinal é dor e aumento rápido de volume no local, como no joelho e no úmero, por exemplo.

Em 27% dos casos é necessária a amputação. Os outros 73% precisam passar por cirurgia e colocação de prótese ou enxerto para substituir a articulação. Por se tratar de um tumor altamente maligno, o  índice de mortalidade da doença também é muito alto. Menos de 5% sobrevivem com osteossarcoma. A taxa de sobrevida do paciente é de 64% em cinco anos e cai para  50% quando ocorre metástase.

 

Terapia celular

A pesquisa inaugura uma nova linha de estudo e será a primeira realizada com células-tronco tumorais no Centro de Pesquisa em Terapia Celular e Bioengenharia Ortopédica (CTCel) do Into. Criado em 2006, o centro é o primeiro laboratório de pesquisa do País especializado em terapia celular e medicina regenerativa, voltado exclusivamente para o tratamento das doenças do aparelho locomotor.

Trabalhando em colaboração com institutos de pesquisa nacionais e internacionais, o CTCel tem como principal missão estabelecer tratamentos inovadores em Ortopedia e Traumatologia para atender, através do Sistema Único de Saúde (SUS), a demanda nacional.

 

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Fonte:
Ministério da Saúde
Into
Inca



27/08/2012 15:13


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