Pesquisas apontam 11 eleitos









Pesquisas apontam 11 eleitos
No primeiro turno já podem ser definidos futuros governadores do de 10 estados e do Distrito Federal

A eleição para governador pode estar definida no primeiro turno, no dia 6 de outubro, em pelo menos 10 estados e no Distrito Federal, de acordo com os mais recentes levantamentos divulgados pelos instituto pesquisas. Para vencer logo no primeiro turno, de acordo com a legislação eleitoral, o candidato precisa ter percentual superior à soma dos votos válidos dos demais candidatos.

Os estados em que as intenções de votos indicam que não haverá segundo turno são: Amazonas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraíba, Bahia, Pernambuco e Ceará. Nos demais estados, as pesquisas apontam uma disputa mais acirrada, que só será resolvida no segundo turno, programado para o dia 27 de outubro.

O PSDB sai na frente e pode fazer quatro governadores, seguido do PMDB, com dois prováveis vitoriosos, incluindo Joaquim Roriz, do DF. Nos demais estados, o PT, PPS, PSB, PFL e PPB fariam um governador cada.

Os campeões na intenção de voto para o primeiro turno, com 65% da preferência, são Eduardo Braga (PPS), no Amazonas, e Jarbas Vasconcelos (PMDB), em Pernambuco. No Amazonas, o segundo colocado, o ex-governador Gilberto Mestrinho (PMDB), cacique de longa data, tem apenas 15%

Em seguida, aparece Paulo Souto (PFL), na Bahia, com 60%. Na faixa dos 50% estão o tucano Cássio Cunha Lima, da Paraíba, com 57%; Joaquim Roriz, com 51%, e Esperidião Amin (PPB), em Santa Catarina, com 50%.

Na casa dos 40% estão Lúcio Alcântara (PSDB), do Ceará, com 49%; Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul, com 46%; Rosinha Garotinho (PSB), no Rio de Janeiro, com 44%; Aécio Neves (PSDB), em Minas, com 42%, e Antero Paes de Barros (PSDB), em Mato Grosso, com 41% das intenções de voto.

Serra já enche palanque em Minas
Os pontos ganhos nas pesquisas de intenção de voto já produziram reflexo positivo no palanque do candidato do PSDB a presidente, senador José Serra. Foi um sucesso o primeiro comício do tucano depois dos resultados favoráveis das pesquisas, realizado na noite de quarta-feira em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte. Atraiu não só correligionários antes arredios por conta da má performance de Serra, como aliados que já haviam declarado apoio ao adversário do PPS, Ciro Gomes.

É o caso do deputado federal Zezé Perrela, que disputa uma vaga ao Senado pelo PFL. Além de recepcionar Serra no hangar da Líder, Perrela teve direito a discursar no palanque, ao lado do candidato tucano a presidente e da candidata a vice, Rita Camata (PMDB). Serra, por sua vez, não perdeu a oportunidade de pedir votos ao pefelista no discurso a cerca de dez mil populares que lotavam a praça central da cidade, à espera do show da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó.
Isto para não falar da desenvoltura do prefeito de Lagoa Santa, Genesco de Oliveira (PMDB), que guardava pouca semelhança com o autor do discurso entusiasmado em favor de Ciro Gomes, por ocasião da última visita do candidato do PPS a Belo Horizonte.

É bem verdade que o comício ocorreu no embalo de outra pesquisa, dando vitória em primeiro turno ao presidente da Câmara, Aécio Neves, na disputa pelo governo de Minas Gerais. Mas se Aécio foi a grande estrela política do palanque de Santa Luzia, também já parece distante o tempo de palanque melancolicamente vazio, como ocorreu quando Serra inaugurou seu comitê de campanha em Recife, há cerca de 20 dias.

Em Santa Luzia, porém, os seguranças tiveram muito trabalho para conter os chatos, os bêbados e os vereadores do interior, impossíveis com suas máquinas Xeretas à caça de um retrato ao lado do candidato a presidente.

Serra manterá a estratégia de visita semanais a Minas, o segundo maior colégio eleitoral do País.

Lula quer governar com ex-presidentes
O candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que considera importante o apoio recebido do senador José Sarney (PMDB-AP).

"Queremos o apoio de pessoas experientes não só para ganhar as eleições, mas para governar. Acho importante o apoio do Sarney, assim como do governador Itamar Franco", disse.

Lula, que já chamou Sarney de "grileiro", afirmou que, na política, se faz alianças "conforme o momento histórico. Não tem problema (ter chamado o senador de grileiro). No momento que fiz a declaração não achava que estava errado".

Lula disse que o programa da campanha presidencial em 1998 foi alterado para possibilitar alianças com o PL, por exemplo, na atual disputa. Garantiu que não abandonou seus princípios. "Esse documento não é apenas do PT para a sociedade, mas da sociedade para o Brasil".
Criticou o fato de candidatos "se atacarem", pois será necessário fazer alianças no segundo turno das eleições presidenciais. Lula se referiu aos ataques entre José Serra e Ciro Gomes.

Ciro recorre ao TSE
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, voltou a procurar ontem a Justiça Eleitoral para fazer reclamações contra seus dois principais adversários: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB). Em ambos os casos, a reclamação diz respeito ao uso do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV.

Sobre o programa de Serra, Ciro pede que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) obrigue o tucano a criar uma "identificação" para ser veiculada no horário eleitoral, com o objetivo de "não confundir" os eleitores.

Já contra Lula, o candidato apresentou uma representação contestando a aparição do petista no horário eleitoral do Ceará. O PPS diz que Lula apareceu no tempo reservado ao candidato do PT ao governo estadual, José Airton, o que é ilegal.

Ontem, Ciro e Serra voltaram a travar um duelo, desta vez durante campanha no Rio. Ciro, que foi fazer uma visita ao bispo-auxiliar da Diocese do Rio, Filippo Santoro, na igreja de São Judas Tadeu (santo das causas impossíveis), criticou várias vezes Serra e afirmou que o seu concorrente "falta com a verdade" em seu programa de governo como, por exemplo, quando afirma que vai criar 8 milhões de empregos.

Serra rebateu as críticas depois de visitar Paulo Negueba, integrante da banda O Rappa que foi baleado numa favela do Rio. O tucano disse que sabe como fazer a economia crescer e gerar empregos e que Ciro está criando "propostas enlouquecedoras" para as áreas tributária e previdenciária.


Aliado de Collor tem candidatura cassada
O juiz Fernando Tourinho Filho, do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas decidiu ontem negar o pedido de reconsideração interposto pela Frente Popular Trabalhista e manter a cassação da candidatura ao Senado do ex-governador Geraldo Bulhões (PFL), aliado do ex-presidente Fernando Collor, que é candidato ao governo alagoano.

Com a decisão do juiz, fica mantida a sentença do pleno do TRE-AL, que na sexta-feira passada, por 6 votos a zero, indeferiu a candidatura de Bulhões, que ficou conhecido por apanhar de toalha de sua então mulher, Denilma Bulhões. Mais tarde, o casal se divorciou.

Bulhões recorreu também dessa decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Enquanto a questão não for decidida pelo TSE e sua candidatura estiver sub judice, Bulhões poderá continuar aparecendo no horário político eleitoral, pedindo votos para Collor.

O juiz não aceitou o pedido de reconsideração porque a coligação do candidato do PFL não obedeceu ao prazo legal.


Propostas ficam mais consistentes
Enquanto os candidatos a deputado federal caem na mesmice, com propostas evasivas e até mesmo esdrúxulas, os candidatos a cargos majoritários travam a difícil batalha pela preferência do eleitor, apresentando propostas cada vez mais consistentes.

Lula dedicou seu programa de ontem à ger ação de empregos. E, mais uma vez, recorreu à Petrobras para mostrar que investimentos na indústria nacional podem garantir, pelo menos, 25 mil novos empregos para cada encomenda da empresa. É o caso da plataforma que a Petrobras está mandando construir em Cingapura ao custo de 1,5 bilhão de dólares.

José Serra investiu na segurança e apresentou um programa de criação do Ministério da Segurança Pública, do Banco Nacional de Informações, da Polícia Federal fardada, de mais 100 mil vagas em prisões, de novos presídios de segurança máxima; e a proibição da comercialização e porte de armas no País. O lema de Serra: "Emprego no seu caminho e segurança no caminho do seu emprego".

Ciro Gomes teve a ajuda de Patrícia Pillar que, conhecendo-o bem, sabe que ele diz o que pensa, mas, apesar disso, é "honesto, competente e solidário". Ciro apresentou uma proposta de fornecimento de remédios grátis para as famílias de baixa renda. Segundo ele, com investimentos em pesquisa, as pessoas poderão ter acesso a remédios que garantam um mínimo de saúde para elas.

Garotinho prometeu gerar 2 milhões de empregos por ano e aumentar o salário mínimo para R$ 280. Uma das formas para se conseguir tanto emprego é fortalecer a agricultura. Ele diz ter a fórmula: empréstimos de médio prazo (cinco anos), a juros baixos (2% ao ano), para pequenos e médios agricultores; e agricultura familiar. Para Garotinho, a questão é simples: se tem terra e gente querendo trabalhar, o que está faltando então é crédito.


$ 400 milhões a mais para o GDF
Orçamento da União antecipa criação de fundo e destina R$ 3,3 bilhões para pagar educação, saúde e segurança na capital em 2003

O Distrito Federal terá R$ 3,3 bilhões em 2003 para custear as despesas das áreas de saúde, segurança e educação. O valor está previsto no Orçamento Geral da União, encaminhado ontem ao Congresso. Os recursos correspondem ao Fundo de Participação do DF, cujo projeto está em tramitação no Congresso, e deverá ser votado ainda este ano, provavelmente após as eleições.

Segundo Hélio Tollini, secretário de Orçamento Federal, do Ministério do Planejamento, o valor previsto no projeto era de R$ 2,9 bilhões (como na previsão orçamentária para 2002), mas foi corrigido em 14% pela variação da receita corrente líquida. Ou seja, o DF terá R$ 400 milhões a mais. "Cumprimos o acordado com o GDF, apesar da austeridade com que o orçamento foi elaborado. Mas essa era uma situação especial, fruto de muita negociação", afirmou Tollini.

De acordo com o secretário, mesmo que o projeto não seja aprovado este ano, os recursos já estão sacramentados e carimbados para as três áreas, que sempre dependeram da boa vontade da União.

O Fundo de Participação do DF é considerado prioritário para o GDF, que não precisará mais negociar mês a mês os recursos necessários para pagamento da saúde, segurança e educação.


Aumento de servidor deverá chegar a 4%
Governo revê índice de reajuste e algumas categorias poderão ter correção de 25%

A proposta orçamentária de 2003 prevê para os servidores públicos um aumento geral que pode chegar a 4%, acima dos 2,5% estabelecidos no projeto original. Essa revisão de salários implicará em despesas adicionais de R$ 1,123 bilhão ao governo. A proposta foi entregue ontem ao Congresso pelo ministro do Planejamento, Guilherme Dias.

Além desse aumento geral, o governo prevê, na proposta orçamentária, algumas reestruturações de carreira que implicarão em ganhos superiores para diversas categorias.

No Poder Executivo, as carreiras de ciência e tecnologia, CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Susep, Grupo de Gestão, auditorias, grupo seguridade e carreira do INSS deverão ter um ganho adicional entre 3% e 25%. Ao todo serão 679,2 mil pessoas beneficiadas, com despesas previstas de R$ 385,6 milhões.

Para o Poder Judiciário e Ministério Público, a reestruturação deve abranger 84,6 mil servidores, que poderão ter um ganho de até 23% no salário, somando R$ 568,1 milhões de despesas adicionais.

Para o Poder Legislativo, o Orçamento de 2003 prevê R$ 131,2 milhões para aumento de salários. Além disso, a proposta orçamentária está levando em conta um passivo de R$ 620 milhões com servidores do Judiciário e Ministério Público, que deve ser liquidado em 2003. Com isso, o total geral das despesas com aumento de salários dos servidores e reestruturação de carreiras é de R$ 2,827 bilhões.


Conta recorde para o brasileiro
Dívida interna dá um salto, por culpa do dólar alto, e vai a R$ 819 bilhões, duas vezes e meia o que se arrecada

A dívida líquida do setor público bateu novo recorde histórico, passando de R$ 750,2 bilhões em junho para R$ 819,3 bilhões no mês passado. Com isso, o que os governos (federal, estadual e municipal) devem representa 61,9% do Produto Interno Bruto (PIB) – tudo que o País produz – e cem vezes mais do que o próprio governo investirá no Brasil no próximo ano (R$ 7,2 bilhões). Dá duas vezes e meia a arrecadação de impostos de 2003, de R$ 327 bilhões.

O crescimento da dívida pública interna, segundo avaliação de economistas, é sinal de que, pelo menos por enquanto, a economia vai continuar em ritmo desacelerado, que menos empregos serão criados, que os juros não vão baixar e que a inflação seguirá pressionando os preços dos produtos.

Em junho, a dívida representava 57% do PIB. Esta é a terceira alta consecutiva e, desta vez, o motivo principal é a crise cambial – o dólar cresceu 20% sobre o Real de junho para julho. A dívida líquida do setor público é com o sistema financeiro como um todo, sendo os principais credores os bancos, os cidadãos e as empresas.

O dólar influenciou nesta alta por ser o indexador de 35% do total da dívida. Em apenas um mês, ela aumentou em R$ 69,118 bilhões, dez vezes mais do que a União destinará para a educação no próximo ano.

Para pagar suas dívidas, os governos não abrem os cofres, mas lançam títulos no mercado, que funcionam como uma nota promissória. Quando se aplica em fundos de investimentos, por exemplo, passa-se também a ser um credor do governo. "O problema é que a dívida está muito alta e vence muito rápido", diz o professor Jorge Arbache, do Departamento de Economia da UnB.
Numa economia turbulenta, como a nossa, se o governo lança títulos para vencer, a longo prazo, o mercado não aceita por medo do calote, mostram os economistas . Como tem pouco prazo para pagar, o governo faz a rolagem da dívida, pagando juros altos para os credores.

O problema é que os pagamentos coincidem com períodos turbulentos da economia. Miguel Ribeiro, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Anefac, lembra que houve seis crises dessas entre 1995 e 2002 (crise cambial e eleição). Assim, de 1994 até agora a dívida do setor público passou de R$ 147 bilhões para R$ 819,376 bilhões. A principal
conseqüência deste crescimento, a seu ver, é a manutenção da alta taxa de juros. "Com isso, o crédito ao consumidor fica caro, as empresas não investem, não contratam e a renda das pessoas não cresce", ressalta Miguel Ribeiro.

Calote é o temor permanente
Quanto maior a dívida pública, maiores são os juros. Com isto, aumentam as dificuldades de pagamento, lembram os economistas Jorge Arbache e Miguel Ribeiro. É o que se chama de calote – que já foi dado, em 1990, pelo então presidente Fernando Collor. No caso do governo não honrar a dívida, a não ser quem tem dinheiro fora do País, todos perdem.

O economista Raul Veloso, também especialista em contas públicas, acha que o risco do calote é inexistente. "Não faz sentido se falar sobre isto quando se trata de dívida interna", garante.
De qualquer forma, em sua avaliação, o crescimento da dívida líquida do setor pública é um mau sinal para a economia. "Significa que vamos continuar com esta situação, especialmente porque o mercado fica desconfiado", explica. Dívida crescente é um indicador negativo para os investidores externos, ressaltam os especialistas.

Desde o início do ano, a dívida aumentou R$ 158 bilhões, cinco vezes o ajuste fiscal imposto pelo governo à população no mesmo período. De janeiro a julho, o setor público conseguiu arrecadar R$ 32,8 bilhões a mais do que os gastos previstos, sem incluir o pagamento de juros. No mês passado especificamente, esse ganho, conhecido como superávit primário, somou R$ 3,9 bilhões. Esse dinheiro serve para abater a dívida e tentar evitar que ela assuma comportamento explosivo.


Artigos

O exercício da desconfiança
Ricardo Mendes

Noite de terça-feira, horário nobre. A apresentadora Ana Maria Braga aluga o sorriso para a propaganda de uma rede de lojas de eletrodomésticos. Olhos na câmera, tom de intimidade na voz. Ana Maria mostra um pequeno aparelho de som num quarto cenográfico de adolescente. Em seguida, insulta a inteligência do público. Diz que comprou o som (preço: R$ 378) para o filho, em 12 prestações. O espectador tenta imaginá-la entrando na loja e conversando com o vendedor, entre incrédula e entusiasmada. "Vocês dividem em 12 vezes? Que ótimo!", diria a apresentadora, aliviada por comprar o produto sem comprometer seu orçamento de estrela da Globo.

É razoável acreditar que a fala pobre em verossimilhança tenha sido obra de um brilhante publicitário. Dá até para imaginar o sujeito – de óculos Armani e visual casual chic – defendendo o texto: "Se a Ana Maria disser que ela comprou o aparelho, estabelecemos uma cumplicidade maior com o público". A justificativa pode ter saído assim, em português coloquial, ou permeada de jargões publicitários. Em qualquer hipótese, não elimina o ridículo da propaganda. Só falta chamarem o milionário Chiquinho Scarpa para fazer anúncio da Caixa Econômica e aparecer exultante por conseguir uma carta de crédito para fazer um puxadinho em sua mansão.
Não é preciso mentir para se fazer propaganda, seja para promover uma loja ou um candidato a deputado. Mas há quem pense o contrário e desafie nossa capacidade de desconfiar de uma mensagem desprovida de compromisso com a verdade. No horário eleitoral gratuito, há muitos exemplos dessa atitude desafiadora. Mas nem todos prestam atenção nas contradições embutidas em certas campanhas.

Esta semana, um candidato a deputado federal pelo Partido dos Aposentados da Nação (PAN) bradou que, se eleito, não permitirá qualquer mudança "constitucional ou infraconstitucional" que mexa nos direitos dos aposentados. Ocorre que seu partido está coligado em Brasília com o PPB de Delfim Netto e Francisco Dornelles, legenda que sempre defendeu no Congresso a reforma da previdência – e aqui não vai nenhum juízo de valor sobre a reforma ou a ação do PPB: é só uma constatação.

Em outro momento, um candidato do Partido Social Cristão fez apologia da pena de morte. Ora, o que esse sentimento de vingança tem a ver com aquele que, há 2 mil anos, entrou para a História por defender o perdão? Sua bandeira e a sigla parecem ser inconciliáveis.

A propaganda eleitoral na TV pode ser enfadonha, mas é uma vitrine capaz de exibir as contradições dos candidatos. Não basta assistir aos programas. É preciso exercer o saudável exercício da desconfiança.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Brasil acusado em trama macabra
A ONG californiana Organs Watch denunciou ontem que Brasil, China, Taiwan, Filipinas, Índia e Argentina "lideram o tráfico internacional de órgãos humanos". Cita presos liberados em troca de doações, o caso ainda insolúvel dos olhos roubados do doente mental Olívio Oliveira, em Porto Alegre, e afirma que a ditadura militar encobriu vasta rede de venda de tecidos, corpos e órgãos das vítimas do regime.

Pensando bem...
...Garotinho virou presidenciável porque é o verdadeiro fenômeno El Niño.

Gates no PCO
No guia eleitoral da TV, o programa do candidato do PCO a presidente utiliza como fundo musical os sons do sistema operacional Windows, produzido pela Microsoft. O bilionário americano Bill Gates deve estar apoiando o xiita Rui Costa Pimenta. Ou é vítima de pirataria mesmo.

Tetra
Adesivo que circula em automóveis de Brasília: "Lula – rumo ao tetra!".

Olacyr no sal
Olacyr de Moraes perdeu mais uma. O Superior Tribunal de Justiça negou provimento ao recurso que tentava anular decisão do Tribunal de Alçada de São Paulo no caso do empréstimo ao BNDES às suas Usinas Itamaraty S/A, no valor de R$ 931.200,00, a ser pago em dez parcelas semestrais. Só foi paga a primeira parcela, vencida em março de 1996.

Fomos subornados!
Segundo a Transparência Internacional, o Brasil é 45 (que baita coincidência) no ranking dos países mais corruptos. A Argentina ficou no 70º lugar. Alguém está roubando aí...

Cada um por todos
A atriz Cissa Guimarães aparece em campanha inédita no mundo sobre a hepatite C feita pela ONG Grupo Otimismo. A Rede Globo exibirá o primeiro filme, de 27", mostrando o estigma contra a doença, ignorada pelo governo, que atinge até oito vezes mais brasileiros que a Aids. Todos os participantes trabalharam de graça. O Ministério da Saúde jamais produziu um só cartaz.

Sem comemorações
É grave a crise: por falta de verbas, várias embaixadas do Brasil mundo afora estão cancelando o tradicional coquetel anual de 7 de Setembro, oferecido ao corpo diplomático e brasileiros residentes no exterior. Até a importante embaixada em Washington reclama da pindaíba geral da Nação.

Muito estranho
Muita gente anda desconfiada da súbita mudança dos números, nas pesquisas para presidente. Até porque continua muito difícil encontrar quem admita que vai votar no tucano José Serra, ou quem pelo menos aceite colar um adesivo do candidato em seu automóvel.

Vixe, que baixaria
Desafeto do governador Jorge Viana (PT-AC), o ex-deputado do PCdoB e atual cantor Sérgio Taboada faz sucesso em Rio Branco com o forreggae "Vixe! Que Chique!". Rima com "ele só anda de Mitsubishi", depois de "quando eu o conheci, ele não tinha nem onde cair, mas agora meu irmão, o cara só anda num carrão", um dos sinais exteriores de riqueza dos petistas.

Obituário
Faleceu no Rio o radialista Paulo Fernando, que, cego, falava aos portadores de deficiências por meio dos microfones da Rádio MEC. Em janeiro de 2001, seu programa foi retirado no ar, mas, após registro do fato na coluna, o então ministro Andrea Matarazzo desfez a violência. A missa de 7º dia será terça (3), às 19h, na Igreja de N. S. de Fátima, no Rio.

É só factóide
O Banco do Brasil continua desautorizando os factóides do ministro Sérgio Amaral (Desenvolvimento) na área de exportações. Pequena empresa do Recife entregou dois imóveis para garantir um adiantamento de câmbio de US$ 50 mil. Usou só US$ 20 mil, e, ao necessitar de outros US$ 15 mil, para viabilizar uma exportação de pescados, o BB não honrou o contrato assinado, exigindo "reforço de garantias". E inviabilizou o negócio.

Show na TV
Os programas eleitorais do governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, na TV, têm merecido elogios – pela qualidade e eficácia – de um telespectador atento: o presidente Fernando Henrique. O show de bola é do publicitário Orlando Pacheco, irmão de outro Pacheco da área, o Agnelo.

Triunfo da minoria
ACM não tem todo esse cartaz na Bahia. Nos últimos 12 anos, o seu grupo obteve no máximo 31,7% do votos - num segundo turno, em 1994. "A maioria dos baianos não o quer", conclui Jacques Wagner, candidato do PT ao governo estadual. Quando foi eleito governador em 1990, ACM obteve apenas 1,6 milhão de votos, num universo de 6.019.317 eleitores.

Vídeocassetadas
A briga entre Ciro e Serra, nas próximas semanas, não terá vencedor nem vencido. Deverá terminar em... patada.

Marinheiros de última viagem
Após denúncia da coluna, o subcomandante do batalhão Humaitá, na Ilha do Governador (RJ), avisou que "vai piorar" o tratamento. Ignora ordem superior, como interromper atividade física por falta d’água, e faz o pessoal se lavar na piscina imunda, após "aquecimento" de bater no próprio corpo.

Poder sem pudor

Quanta diferença
Mudou muito o comportamento de Lula do PT, na campanha de 2002. Em 1994, quando ele somava mais de 40% nas pesquisas, o então governador do Paraná, Mário Pereira, sinalizou que queria declarar-lhe apoio. Lula se animou, mas cometeu o erro de levar para a reunião com Pereira o coordenador da campanha, Rui Falcão (atual secretário de Marta Suplicy).

- O senhor não tem mesmo outra opção - desdenhou Falcão, para constrangimento do governador e perplexidade do candidato.

Quinze dias depois, FhC chegava ao Paraná para receber o apoio de Mário Pereira. Festivamente. E iniciar a reviravolta que o levou à vitória.


Editorial

JUSTIÇA PARA OS SERVIDORES

Os servidores públicos federais receberam, com decepção, a notícia de que o reajuste previsto no Orçamento para o ano que vem não vai passar dos 4%. Como no início deste ano tiveram correção de 3,5%, era de se esperar que, com projeções maiores de inflação, o governo fosse conceder índice maior. Isso porque a inflação projetada para 2002 ultrapassa os 7%.

Para a economia local, a notícia ganha ares ainda mais graves. Embora, felizmente, o sistema econômico brasiliense não dependa mais dos servidores públicos federais, aposentados e pensionistas, é importante para a circulação de dinheiro no DF que essas categorias tenham melhor renda. Só o executivo tem 143 mil entre ativos e inativos morando em Brasília. Somados aos servidores do Legislativo e do Judiciário, o número chega a quase 200 mil.

O arrocho no servidor público é sentido principalmente no comércio, que faz projeções de aumento de vendas baseado na expectativa de reajustes para servidores.

A projeção de parcos aumentos deveria ser tratada em conjunto pela bancada parlamentar do Distrito Federal. Seria uma boa hora de provar que as diferenças partidárias são esquecidas na hora de defender as pessoas que os elegeram. Quanto mais renda circulando em Brasília, melhor. E os benefícios são sentidos por todos, de taxistas a empresários, de advogados a vendedores de cachorro-quente.


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08/30/2002


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