PFL apóia Britto e indica Bonow a vice









PFL apóia Britto e indica Bonow a vice
A executiva regional do PFL confirmou, ontem, em reunião realizada na sede do partido, em Porto Alegre, a indicação do deputado Germano Bonow para vice do candidato do PPS, Antônio Britto, ao governo do Estado. Por unanimidade dos 11 integrantes presentes ao encontro, foi decidido que a coligação entre os dois partidos será homologada pelo diretório, na segunda-feira.

O encontro não só deliberou pelo apoio a Britto, como também pela sugestão de nomes para composição da chapa majoritária. É possível que o PFL indique um candidato para a vaga ao Senado, já que o PPS apresentou o senador José Fogaça à reeleição.

Bonow considera praticamente impossível uma mudança de rumos em função das decisões nacionais do partido. "A hipótese de haver um acerto entre o PFL e o PSDB nacionais é remota", disse.

A partir da próxima semana, as duas siglas começam a debater pontos para um programa de governo, bem como a estruturação da campanha e a aliança para as eleições proporcionais. Com o apoio do PFL, Britto ganha 3min26s a mais de tempo na propaganda eleitoral gratuita, além dos somente 30 segundos de que dispunha pelo PPS.


Costa Leite desiste de ser vice de Garotinho
Depois de passar uma semana tentando explicar sua passagem pelo extinto SNI (Serviço Nacional de Informações), o ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Paulo Costa Leite desistiu ontem de se candidatar a vice-presidente da República na chapa encabeçada pelo ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PSB). O ministro aposentado também decidiu se desfiliar do PSB. Com isso não poderá concorrer a nenhum cargo na eleição deste ano. Agora, vai se dedicar à advocacia.

Costa Leite tomou a decisão diante da repercussão dentro e fora do PSB da notícia veiculada pela revista Época de que ele trabalhou no extinto SNI. O ministro aposentado disse que a informação era "requentada", já que foi publicada há dois anos pelo jornal "O Estado de S.Paulo". "Isso é para desestabilizar a candidatura do Garotinho que já passou o Serra nas pesquisas", afirmou o ex-presidente do STJ. "Com o uso dessa informação, eu estaria mais prejudicando do que ajudando a candidatura do Garotinho", completou.

A notícia de que Costa Leite trabalhou no SNI pegou muito mal dentro do PSB. A leitura comum foi de que um partido de esquerda, formado por pessoas que foram perseguidas pela ditadura, como o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, não poderia ficar durante toda a campanha dando explicações para sua própria base.

O PSB não terá pressa para escolha de um novo nome para vice. A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) achou uma "ótima notícia" o afastamento do ex-ministro Costa Leite. Ela já tinha restrições ao nome pela maneira como foi escolhido. "Era o que se esperava, a indicação do vice já teve um equívoco, pois quem escolheu foi o governador (Garotinho), sem passar pelas instâncias partidárias", criticou.


Presidenciáveis mostram programas para o Brasil
A audiência pública com os quatro principais pré-candidatos à presidência da República promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou a distância que a campanha sucessória ainda se encontra do real confronto de idéias e programas. José Serra (PSDB), Ciro Gomes (PPS), Anthony Garotinho (PSB) e Luiz Inácio Lula da Silva apresentaram não mais que esboços daquilo que poderá se tranformar em programa de governo. Embora tenham revelado convergência em relação a temas centrais de políticas públicas - todos defenderam a responsabilidade fiscal, o controle da inflação, a redução dos juros e a reforma tributária - é possível perceber nuances no pensamento de cada um.

Garotinho acredita que estabilidade econômica é incompatível, como base, com desenvolvimento econômico, e que o paradigma ideal é definir o crescimento econômico como base da estabilidade monetária. Ou seja, para ele a ênfase no controle da inflação e da estabilidade dos preços funciona como um freio ao desenvolvimento.

O candidato tucano disse que se empenhará no que chamou de terceira meta-síntese da sociedade brasileira: promover a produção e a geração de empregos. Segundo Serra, a meta-síntese dos anos 80 foi a da redemocratização, a dos anos 90 a da estabilização econômica e a meta agora é o desenvolvimento. A condição para atingi-la, disse ele, é manter rigor fiscal, metas de inflação e câmbio flutuante.

O candidato do PPS também defendeu a responsabilidade fiscal e a retomada do desenvolvimento, mas atacou o modelo de metas de inflação, que orienta o modelo atual. “Inflation target é uma fórmula ruim”, disse Ciro Gomes, “adotada por quem não quer o desenvolvimento econômico”.

Lula imagina que os conflitos que enfrentará, caso seja eleito, se resolverão mediante negociações exaustivas com o objetivo de firmar um pacto social e a partir dele definir as políticas macroeconômicas.

O presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, disse que o discurso de Lula da Silva (PT) está muito próximo do pensamento social-democrata mundial. Johanpeter afirmou que não sabe se essa reflexão é compartilhada pelos filiados do partido, mas que essa aproximação com o processo social-democrata mundial tem sido apresentada por Lula há algum tempo.

Ciro planeja retomada do crescimento
O pré-candidato da Frente Trabalhista (PPS, PTB e PDT), Ciro Gomes, disse que a única saída do Brasil é crescer e que, para isso, é preciso ter um planejamento estratégico que leve em conta os interesses nacionais.

Ele traçou um diagnóstico da economia brasileira e chegou a conclusão de que, se o País não recuperar a capacidade de crescimento, traçará o mesmo caminho da Argentina. “Não há duas alternativas para o País.

Antes que as coisas explodam, seja no campo social, seja na infra-estrutura, seja nos marcos produtivo ou competitivo, seja inclusive no marco financeiro”, afirmou Ciro.

Garotinho prega o fim da CPMF
O pré-candidato à Presidência pelo PSB, Anthony Garotinho, defendeu a reforma tributária. “Reforma tributária tem que ser o ponto número um na agenda do próximo presidente”, disse. No início do seu discurso, Garotinho citou sua experiência adquirida quando era governador do Rio. Ele disse que é preciso acabar com impostos acumulativos, como a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que tiram espaço da indústria brasileira no mercado nacional e inviabilizam a competição do país no exterior.

Lula propõe reforma tributária imediata
O pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que assumirá o compromisso de, caso seja eleito, enviar ao Congresso, no primeiro ano de mandato, uma proposta de reforma tributária construída em parceria com a sociedade brasileira. Ele disse que essa reforma tributária terá alguns princípios como a de que ela promova distribuição de renda e justiça social e desonere exportações e produção, proporcionando mais competitividade dos produtos nacionais no mercado internacional. Ele observou, porém, que no setor empresarial ainda não há consenso sobre a reforma tributária.

Serra quer Alca com interesses nacionais
O pré-candidato do PSDB, senador José Serra, disse que o Brasil tem que reforçar o seu cacife no Mercosul e que precisa negociar a Alca, defendendo os interesses nacionais. Em relação ao Mercosul, Serra considerou um erro fazer em quatro anos o que a União Européia demorou 40. Segundo ele, na prática não se conseguiu concluir nem a integração comercial nem a alfandegária. Segundo ele, não se conseguiu nem a integração comercial nem a alfandegária. E os termos do acordo acabam dificultando os acordos com outros blocos comerciais.


TJ dá prazo para sem-terra deixarem a fazenda Bom Retiro
A 18ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça (TJ) negou ontem o mérito de agravo de instrumento impetrado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) contra a decisão judicial de 1º grau que determinou a desocupação da Fazenda Bom Retiro, em Júlio de Castilhos. Por dois votos a um, ficou decidido que os sem-terra terão um prazo de cinco dias para deixarem a propriedade. A desocupação deverá ocorrer até a tarde de terça-feira. A Bom Retiro foi invadida por cerca de 1,2 mil agricultores no dia 15 de abril.

O prazo de cinco dias para a saída da fazenda foi concedido pelo relator do processo, José Francisco Pellegrini, e pela desembargadora Rosa Teresinha Silva Rodrigues. O desembargador Cláudio Rosa Lopes Nunes votou pela imediata retirada dos invasores, seguindo a decisão de 1º grau da juíza Karen Pinheiro que, no dia 17 de abril, deu 72 horas para a desocupação da área.

Ao apreciar o mérito da questão, Pellegrini apontou a "inexistência de pretensão possessória da área invadida, mas apenas intenção dos ocupantes de chamar atenção para a questão social da terra, postulando com o recurso apenas a concessão de maior prazo para se retirarem". O desembargador reconheceu que os sem-terra devem se retirar do local e votou pela concessão de prazo de cinco dias, sob pena de terem de fazê-lo compulsoriamente.

O diretor jurídico da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Nestor Hein, lamentou a extensão de mais cinco dias para a retirada dos sem-terra, mas afirmou que a decisão do TJ vai devolver a confiança dos produtores rurais na Justiça. A advogada Soraia Mendes, que representou o MST na audiência, disse que os agricultores vão decidir hoje se irão cumprir a decisão dos desembargadores da 18ª Câmara ou se vão entrar com novo recurso.

Proprietários da fazenda Ana Paula contratam vigilância particular
Em Hulha Negra, a Brigada Militar desmobilizou o reforço policial formado por 160 homens nas proximidades da Ana Paula Agropastoril. Os produtores deixaram a vigília junto à área invadida pelo MST no dia 3 e contrataram vigilância particular para monitorar a empresa.

O diretor da fazenda, Martim Teixeira da Luz, espera que o governo gaúcho retire os sem-terra de forma pacífica com a saída dos fazendeiros. Ele também anunciou que irá calcular os prejuízos com ocupação do MST no complexo agropecuário. Segundo os proprietários da empresa Ana Paula, o pedido de reintegração de posse só será feito depois que o governo federal identificar os invasores.


Preços caem em três redes de Porto Alegre
A pesquisa semanal de preços da cesta básica do Jornal do Comércio constatou na última coleta de dados uma retração em três das cinco redes. Nacional, Big e Carrefour apresentaram quedas, respectivamente de 1,02%, 1,41% e 3,95%, em relação a semana anterior.

A rede de hipermercados Bourbon manteve-se em estabilidade, com uma variação de apenas 0,03%, que significa R$ 0,02. O Zaffari, por sua vez, atingiu a posição de rede mais cara e foi a única a apresentar aumento real nos custos. A variação foi de 0,12%, o que elevou a cesta básica a R$ 76,95. A diferença entre a rede mais cara (Zaffari) e a mais barata (Carrefour) ficou em R$ 6,42.


Dólar sobe 1,44% e Ibovespa cai 4,08%
A escalada do risco país que atingiu o maior nível do ano ontem. O índice Embi+, medido pelo JP Morgan, subiu 5%, para 943 pontos, maior patamar desde novembro. A desconfiança do estrangeiro fez o dólar encerrar no maior nível desde 30 de novembro. A moeda norte-americana subiu 1,44% e superou a barreira dos R$ 2,473. O C-Bond, um dos principais títulos da dívida externa brasileira encerrou o dia em queda de 1,8%.

O Ibovespa despencou 4,08%, ficando em 12.101 pontos, patamar mais baixo desde 1º de novembro. Apenas três papéis do Ibovespa tiveram alta. A baixa liquidez dos negócios, que somaram no dia R$ 504,53 milhões, ajudou a ampliar o recuo do índice. A queda acumulada no mês é de 7,51%. As ações da Embratel ontem lideraram as perdas. As preferenciais recuaram 11,44% e as ordinárias 10,9%.

O risco soberano reflete a percepção de segurança que os investidores externos têm em relação ao país é medido pelo número de pontos porcentuais de juros que um governo precisa pagar a mais que os Estados Unidos para conseguir empréstimos no exterior. O cenário político, com o crescimento do candidato da oposição, Luís Inácio Lula da Silva é apontado como um motivo da desconfiança dos estrangeiros.

"O mercado está descontando dos preços o risco político, mas a queda da bolsa e a alta do dólar estão exageradas. É cedo para julgamentos", diz o economista-chefe do Banco Fibra, Guilherme da Nóbrega. Há boatos de que uma nova pesquisa deve ser divulgada nos próximos dias, onde aparece o enfraquecimento do candidato do governo, José Serra (PSDB). "A política acabou sendo um pretexto para a correção do mercado", explica.

Nóbrega afirma que os fundamentos econômicos não estão tão ruins, mas o ciclo para a renda variável é negativo. No entanto, outros analistas defendem que os últimos números apresentados pela economia brasileira deixam a desejar, como a queda da produção industrial no primeiro trimestre.

As bolsas internacionais também devolveram os ganhos do pregão anterior. Nos Estados Unidos, o índice Nasdaq recuou 2,70% e o Dow Jones 1,03%. "Não havia fundamento o lucro da Cisco Systens puxar a alta das bolsas no mundo quarta-feira", justifica o diretor da Diferencial Corretora, Zulmir Tres.

Nóbrega explica que a tendência para o dólar ainda é de alta até que o candidato do PSDB comece a ser mais competitivo. A moeda oscilou bastante nos últimos dois pregões, mas a busca por proteção em ativos reais (hedge) acabou elevando a cotação.


Artigos

Horizonte de dificuldades
Edson Silva

Levantamentos realizados por instituições distintas tanto quanto vários estudos macros de importantes agregados da economia brasileira estão demonstrando, convincentemente, sem "catastrofismos", que se esgotou o ciclo de "prosperidade" do chamado "malanismo". Ou dito da forma que o pensamento progressista tem se expressado, os dados estão comprovando o fiasco do Plano Real - versão tupiniquim do neoliberalismo. Nem os mecanismos de controle da inflação, nem a política monetária, nem tampouco a política de financiamento do Estado até aqui adotados conseguiriam assegurar um desenvolvimento econômico sustentável ao Brasil. Menos ainda com justiça social! A propalada estabilidade confirma-se superficial, além de profundamente danosa aos interesses do País. Não é um dado qualquer, a informação liberada pelo IBGE de que a renda do trabalhador brasileiro continua em queda livre. Em relação a fevereiro do ano passado, o rendimento teve queda de 6,3%, sendo o décimo quarto recuo nesse tipo de comparação anual. Desde janeiro de 2001, a renda média apresenta queda na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A curva tem tudo para continuar descendente. Pesquisa do Seade/Dieese, concretamente, apontou uma retração de 2,4% no rendimento médio e de 1,9% na massa salarial do trabalhador do Estado de São Paulo, no mês de março. A mesma pesquisa apurou uma taxa de 19,9% de desemprego da População Economicamente Ativa, sendo o maior índice dos últimos doze meses e igual ao de março de 1992. Já a Confederação Nacional da Indústria, CNI, comparando o primeiro trimestre deste ano com o mesmo período do ano passado, dá conta de uma queda na produção, no faturamento, no emprego e no uso da capacidade instalada na indústria. A escassez de consumo foi apontada por 40% das grandes empresas como um dos principais problemas.

Ora, sem que se queira depreender daí que "o fim do mund o esteja próximo", é possível concluir que a articulação existente entre essas variáveis em baixa aponta para um grau superior de instabilidade socioeconômica, num nível até aqui não visto, cujo desencadeamento é indesejável. Há, de fato, potencial, sobretudo pela vulnerabilidade dos fundamentos da economia, dada, entre outras circunstâncias, pela obediência inominável aos acordos com o Fundo Monetário Internacional (de múltiplas repercussões no comportamento da economia) e pela dependência de recursos externos para o governo fechar as contas do balanço de pagamentos. O risco está nos indícios de esgotamento do modelo. Já não há como falar, por exemplo, das vantagens que o controle da inflação teria para os assalariados, conforme a versão da tecnocracia governamental, uma vez que, a despeito dos ainda baixo índices de inflação, o poder de compra de quem está empregado está diminuindo sucessivamente e a concentração de renda se acentuando. Arma-se um ambiente em que as desigualdades podem se acentuar e, gradativamente, ir se rompendo o pacto sufocante que suporta um conjunto de contradições. Ai serão insuficientes a Lei de Responsabilidade Fiscal, o arrocho nas finanças públicas, o sucessivo corte dos investimentos públicos em serviços essenciais e na infra-estrutura, o draconiano superávit primário para cobrir o pagamento dos juros da dívida, a CPMF, a elevada taxa de juros, a recordista carga tributária que penaliza os assalariados. Não são casuais reações, como a das parciais agências internacionais de classificação de risco, que estão subindo a chamada taxa de risco do Brasil. Foi neste cenário que o candidato tucano à Presidência, José Serra, disse que "há risco" de o Brasil "sair do rumo", como aconteceu com a Argentina. Esse é o horizonte sombrio para onde estamos sendo arrastados pelo descompromisso social e pela irresponsabilidade da elite dirigente brasileira. É esta irresponsabilidade que fez o candidato Serra, na mesma palestra, condicionar o "risco" ao resultado da eleição". O presidenciável preferido pelos monopólios privados se faz de ingênuo para omitir que o "risco" está não num eventual resultado das eleições favorável à esquerda, mas no modelo econômico de subjugação do Brasil e de exclusão social que ele ajudou a implementar


Colunistas

FERNANDO ALBRECHT

Samba na Federasul
O Tá na Mesa da Federasul teve uma atração diferente a tocar os ouvidos dos circunspectos empresários e executivos que foram ouvir o palestrante. Na homenagem à Metalúrgica Morganti, pela passagem dos 60 anos de fundação, o sócio Ênio Piccinini anunciou a presença de alguns dos seus funcionários. Para sua própria surpresa, entre eles havia um grupo de pagode. Cavaco, violão, pandeiro e cubana foram à bancada e tocaram um caprichado Parabéns.

Dia das Mães, Dia do Faturamento. Os lojistas capricham para atrair clientes nesta que é a segunda melhor data para o comércio. A Linha Mestra Eventos montou e o Iguatemi coloca à disposição das mamães quatro ilhas, de energização, massagem oriental para bebês, massagem anti-stress, dicas de numerologia e astrologia.

Além disso, faz uma Exposição especial de arte sobre Maternidade e Fertilidade com artistas como Brito Velho, Gustavo Nakle, Maria Tomaselli, entre outros. Só faltou o gineco.

Tempos estranhos I
O que está diferente no Rio Grande do Sul em relação há alguns anos e até décadas? Simples. Em outros tempos a invasão de uma fazenda produtiva e referência gaúcha, como a Ana Paula, mereceria uma entrevista coletiva do governador do Estado e dos secretários diretamente envolvidos, como os da Agricultura e da Segurança, idem a questão do bloqueio das rodovias pelos agricultores. Contra ou a favor, mas haveria uma manifestação. Melhor ainda, eles seriam cobrados.

Tempos estranhos II
Nem o governador Olívio Dutra nem seus secretários se manifestaram. Quando muito, o da Segurança meteu a lenha nos juízes maçons. E isso que o candidato do PT à presidência garantiu que no seu governo a propriedade rural seria protegida. Nem Lula falou ou se manifestou sobre o assunto. Aliás, nem o prefeito de Bagé, Luiz Fernando Mainardi (PT). E ninguém cobrou isso deles. Tempos muito estranhos. Até parece que nenhum deles tem alguma a coisa a ver com o assunto.

O livro de Galvani
O jornalista Walter Galvani prepara outro livro, depois do enorme sucesso do seu A Nau Capitânea
. Ainda sem título, o jornalista sai da história e adentra o campo do romance. Aguardemos. Galvani promete o lançamento dentro de 90 ou 120 dias, daí a sua ausência no microfone da Guaíba.

Pólo nas escolas
A Pólo RS finaliza projeto para levar as idéias e conceitos de crescimento, trabalho e união que tem espalhado no interior do Estado para as escolas de Porto Alegre e arredores. "Nosso principal objetivo é informar ao jovem que, quanto mais cedo se concentrar para atingir suas metas, mais estará contribuindo para o próprio êxito profissional e também para uma melhor qualidade de vida para a comunidade onde atuará", assegura o presidente Anton Karl Biedermann.

Em vez de picanha...
Alguém tem que enviar um fax para o ativista francês José Bové e para seus companheiros gaúchos para dar um alerta. Na próxima vez que visitarem Porto Alegre, podem não comer mais a bela picanha Ana Paula no Barranco, carne que eles tanto gostaram quando estiveram no Fórum Social Mundial.

...filé de garrão...
Ocorre que o empresário Ernesto Correia, da Ana Paula, está repensando seriamente o seu investimento em plagas gaúchas. Azar de Bagé, azar do Rio Grande do Sul e azar dos consumidores. Mas o campesinato revolucionário e Bové certamente não se incomodariam de, na próxima visita, comer um belo filé de garrão ou um churrasquinho de gato em lugar de uma carne de novilho super-precoce.

...para os revolucionários
Ontem, falando na Assembléia Legislativa a propósito da invasão da fazenda em Hulha Negra, o deputado Frederico Antunes acabou citando esta página que tem demonstrado preocupação com o que está acontecendo num dos projetos agropecuários mais interessantes do Estado. Mas os revolucionários parece que não estão preocupados com o que pode acontecer na Ana Paula.


ADÃO OLIVEIRA

O tom dos presidenciáveis
Com a presença de mais de 200 jornalistas, entre eles 20 das agências estrangeiras, os pré-candidatos à presidência participaram ontem do encontro na Confederação Nacional da Indústria, aqui em Brasília. Todos eles procuraram mostrar um discurso palatável aos empresários. Todos passaram a idéia de que sabem tudo de Brasil e que estão prontos para salvar o País.

Renan Proença, da Fiergs, foi um dos 27 presidentes de federações de indústrias presentes ao encontro. Para Proença, o encontro foi importante porque "pela primeira vez na história moderna uma entidade reúne os quatro presidenciáveis mais importantes para discutir suas propostas para o País".

Foi um encontro elegante. Não houve ataques pessoais. Farpas, muitas farpas foram lançadas de lado a lado. Apenas isso. Na opinião da maioria dos jornalistas lá presentes Ciro Gomes foi o que se apresentou melhor, seguido de Lula, Serra e Garotinho, nessa ordem.

O pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, foi o primeiro a falar à platéia formada pelos principais empresários do País. Mostrou um discurso "light" e aparentou tranqüilidade. Para o presidente da Fiergs, Lula mostrou-se um craque na arte de representar: "Lula não pensa no que diz. Ele diz uma coisa e faz outra. Para os empresários ele faz um discurso light e depois ficar por aí elogiando o modelo cubano, acobertando as ações do MST, pregando o descumprimento de decisões judiciais. Enfim, estimulando o desrespeito à ordem Constitucional. É um Lula fashion! Modelito Duda Mendo nça".

Já o candidato José Serra afirmou ser o mais capaz de continuar os avanços do governo Fernando Henrique, porém, com ênfase nas áreas sociais e correções pontuais na política econômica. Na opinião de Renan Proença, Serra, sim, fala o que pensa: "Sem demagogia, sem populismo. Serra mostrou-se o candidato mais técnico de todos. Ele tem mantido uma postura de candidato oficial ressalvando que há coisas por fazer e que ele avançará. É preparado".

Ciro Gomes, o candidato do PPS, melhorou muito, na avaliação de Renan Proença: "Antes ele era virulento, tinha uma linguagem muito forte. Agora não! Ele mostrou ser, na CNI, um democrata, Foi sempre um candidato com comportamento elegante. Melhorou muito!"

Anthony Garotinho, que pouco depois do encontro dos presidenciáveis na CNI, soube da renúncia do ex-ministro Paulo Costa Leite, como vice da chapa encabeçada por ele, defendeu a reforma tributária como ponto número um da agenda do próximo governo. Essa prioridade do ex-governador do Rio não bastou para agradar o presidente da Fiergs. Renan Proença achou que, ao falar aos empresários, Garotinho se fixou muito na atuação que teve como governador: "Pelo menos uma coisa do que ele disse foi interessante. Ele limpou a pauta com a indústria carioca. Não ficou devendo nada. Mostrou que tem sensibilidade".

O encontro dos presidenciáveis com os maiores empresários do Brasil - mais de 300 grandes empresários - talvez não tenha dado condições para tomadas de decisões. "Muita água ainda vai rolar", disse o presidente da Fiergs. Mas o encontro funcionou, na sua opinião, como uma fotografia digital. Ela estará em constante movimento e, ainda, vai mudar muito, mas será fundamental na solidificação de posições"
E é verdade, mas segundo jornalistas presentes ao encontro, se sabe quem ganhou e quem perdeu. Para muitos, Ciro foi o grande vencedor, Lula perdeu e Serra e Garotinho empataram. Provocado sobre em quem votaria, Proença foi taxativo: "Saí do encontro mais convicto em quem não votar".


CARLOS BASTOS

PTB gaúcho enfrenta situação delicada
O PTB gaúcho se defronta com uma situação muito delicada, pois o partido no Rio Grande do Sul está identificado com a candidatura do PPS, de Antônio Britto, e está sendo enquadrado pela direção nacional, para o cumprimento de um acordo com o PDT, que objetiva a fusão dos dois partidos trabalhistas após o pleito. A vinda a Porto Alegre, na segunda-feira, do presidente nacional, deputado José Carlos Martinez, é a derradeira tentativa para se chegar a uma solução para o impasse. A dificuldade dos petebistas gaúchos é que os dois partidos estão aliados em quase todos os Estados. Os únicos problemas ocorrem no Rio Grande, de parte do PTB, e em Minas Gerais, de parte do PDT, que é identificado com o governador Itamar Franco. São os dois estados em que há ameaça de intervenção de parte do comando nacional.

Diversas
  • Sérgio Zambiasi terá que usar de toda sua capacidade de negociar, e de sua habilidade política para chegar a uma fórmula que satisfaça os dirigentes nacionais do PTB, e não afronte a base trabalhista no Estado.

  • O presidente da Assembléia é um político moderado, que procura sempre evitar o confronto, mas o impasse com a direção nacional do PTB pode levá-lo a uma atitude radical, caso não sejam atendidas as reivindicações de seus companheiros de partido daqui.

  • A principal pedida dos petebistas gaúchos é que não haja coligação nas nominatas para as representações na Assembléia Legislativa e na Câmara Federal.

  • Atendida esta pretensão, abre-se um caminho para o apoio do PTB gaúcho à candidatura de José Fortunati, inclusive com a indicação do candidato a vice.

  • A prioridade do PTB nacional é a fusão com o PDT, e daí o conflito de interesses com a secção gaúcha. E os pedetistas, como é óbvio, não aceitam uma aliança de "faz-de-conta" e vão insistir na indicação pelo PTB do vice-governador na chapa majoritária.

  • O líder partidário do PDT na Assembléia, Ciro Simoni, será homenageado em duas grandes festas. Amanhã, sábado, o deputado estará em Osório, onde lideranças políticas e comunitárias do Litoral Norte organizaram um almoço no Salão Paroquial Arroio das Pedras. No dia 16, quinta-feira, a comemoração será em Porto Alegre, em jantar no Restaurante Chopão do Estádio Beira Rio.

  • No lançamento da candidatura à reeleição do vice-governador Miguel Rossetto, na boate Liquid estiveram presentes as principais lideranças do PT, inclusive o governador Olívio Dutra e o prefeito João Verle. Chamou a atenção, entretanto, a presença de diversas lideranças de setores empresariais.

    Última
    Deputado Germano Rigotto, candidato a governador pelo PMDB, fez uma visita de cortesia ao vereador José Fortunati, presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, e candidato do PDT ao Palácio Piratini. Preparam uma campanha sem hostilidades entre os dois partidos, reservando a munição para o candidato do PT, Tarso Genro, e o candidato da oposição melhor situado nas pesquisas, Antônio Britto, do PPS.


    Editorial

    FUNDAMENTOS MACROECONÔMICOS E UM GOVERNO DE ESQUERDA

    Após as palestras na CNI, em Brasília, criou-se consenso entre os candidatos a presidente da República, o de que o Brasil deve manter, por muitos anos, o superávit primário das contas públicas, receitas totais menos despesas de custeio e investimento, exceto o pagamento dos juros e o principal das dívidas. Com superávits constantes, o País mantém a estabilidade e, depois, consegue a redução da dívida pública, podendo investir e crescer. Também deve ser mantido o regime de metas da inflação, pelo qual os juros são elevados quando a inflação sobe, e o câmbio flutuante. Além disso, manter relações amistosas com a comunidade financeira internacional, pois necessitamos de financiamento para cobrir o crônico déficit em conta corrente do País, estimado, em 2002, em US$ 22 bilhões. Mas, a reavaliação do risco Brasil, para pior todos os dias, tem uma mistura da falta de maior consistência nos fundamentos macroeconômicos brasileiros, e os bons índices, nas pesquisas, de Lula, tendo em vista o passado do PT, pela negação dos acordos com o FMI e a banca internacional. Igualmente, existe a falta da CPMF, que será de, pelo menos, dois meses, o rombo nas contas federais está em R$ 3 bilhões e subirá, alertou Pedro Malan. No primeiro trimestre, o superávit federal foi de R$ 11,4 bilhões, somente R$ 150 milhões além do acertado com o Fundo, que é de R$ 34,1 bilhões até setembro. Isso, mais a Taxa Selic em 18,5% e o crescimento de Lula leva alguns bancos e agências de classificação de risco a rebaixar a posição da dívida nacional. Neste ano, o gasto anormal está sendo provocado pelas empresas públicas da União e pelo INSS.

    Em 2002, as despesas do Instituto foram maiores em R$ 3,2 bilhões do que a arrecadação, contra R$ 1,96 bilhão, em 2001. É o resultado do aumento do salário mínimo o ano passado, quando o piso passou de R$ 151,00 para R$ 180,00, mais o repasse para as aposentadorias e pensões de dois terços dos 20 milhões de beneficiários da Previdência Social. Aliás, através do INSS o governo federal pratica um programa de renda mínima no campo, eis que paga aposentadorias e pensões a 6,6 milhões de ruralistas e que jamais contribuíram. Por isso a despesa do INSS com os campesinos foi de R$ 3,6 bilhões no primeiro trimestre, enquanto a arrecadação ficou em parcos R$ 387 milhões. Este fato, mais a falta da CPMF a partir de 17 de junho e não resta opção à equipe econômica em reprogramar, eufemismo para cortar, gastos e elevar impostos, cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal e dando sinais ao exterior de que podemos cumprir as metas acertadas com o FMI. As estatais são o ponto fraco neste an o, o déficit ficou em R$ 2,7 bilhões em janeiro, R$ 1,6 bilhão em fevereiro e mais R$ 543 milhões em março, contrastando com o superávit previsto, de janeiro a abril, em R$ 1,1 bilhão. Daí que o movimento de Lula para o lado moderado da social-democracia e o centro político não condena o ajuste fiscal com superávit primário, metas de inflação, contas externas pagas e câmbio flutuante, mas no XII Encontro Nacional do PT, em dezembro, o programa do PT foi radical, citando uma ruptura necessária com tudo o que vem sendo feito pelo governo Fernando Henrique Cardoso, "neoliberal, que atrasa o Brasil, traz pobreza e enriquece os bancos, beneficiando os grandes grupos empresariais, nacionais e estrangeiros, rompendo com o FMI e o capital financeiro globalizado". Ou seja, é uma guinada total na política econômica e são estes grupos financeiros que estão colocando as barbas de molho, de olho nas pesquisas. Além disso, depois de errarem tanto nas crises do México, da Ásia e da Rússia, eles preferem cautela. Com ela, não erram para baixo, somente para o melhor e, aí, ninguém criticará os bancos, menos ainda os seus clientes que investirem nos países emergentes.


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    05/10/2002


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