PFL ficará livre para alianças
PFL ficará livre para alianças
Decisão beneficia candidato tucano
BRASÍLIA - O comando do PFL se reúne hoje para decidir o destino do partido na eleição presidencial de outubro. Líderes, governadores e prefeitos de capital deverão reforçar o entendimento da bancada de deputados federais, que quer cada diretório regional livre para apoiar quem bem entender. Resultado, que se confirmado, cai como uma luva aos planos do tucano José Serra, que trabalha no plano estadual a reaproximação com o partido da ex-governadora e ex-candidata à Presidência Roseana Sarney. O próprio PFL tem um estudo indicando que o acerto com os tucanos pode acontecer em até 17 dos 26 Estados e no Distrito Federal.
Na reunião de hoje, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, tenta dar a última cartada para pressionar o PSDB a substituir José Serra. Semana passada, 118 dos 126 deputados e senadores liberais foram consultados sobre o rumo que o partido deve adotar nas eleições presidenciais - 90% admitiram renovar a aliança com os tucanos, desde que o candidato não seja Serra. Bornhausen tentará obter o respaldo de governadores e prefeitos à tese. Difícil tarefa. À pressão do PFL, os aliados de Serra reagem com os mesmos argumentos usados por Roseana alguns meses atrás: não há como cogitar a substituição de quem ocupa o segundo lugar nas pesquisas de opinião.
A voz que que ainda tentará desviar o PFL do caminho do PSDB ficará por conta do ex-senador Antonio Carlos Magalhães. Isolado e sem respaldo da bancada do partido na Câmara para apoiar Ciro Gomes, do PPS, o líder baiano não quer saber da possibilidade de o PFL tomar qualquer posição que possa beneficiar o tucano. Mesmo que indiretamente, como é o caso da liberação dos Estados para alianças informais. Roseana foi convidada a participar do encontro, na residência oficial do vice-presidente Marco Maciel. A presença não havia sido confirmada até ontem. Ela já foi informada que são poucas as chances de impedir o partido de ganhar liberdade para fechar alianças regionais como bem entender.
Até porque a defesa da tese será protagonizada pelo prefeito do Rio, César Maia, ex-coordenador da campanha presidencial de Roseana. Ele depende desse decisão para continuar os entendimentos com o PSDB do Rio de Janeiro. Sem contar a atuação do anfitrião do encontro. Marco Maciel trabalha com afinco para que a legenda reacerte os ponteiros com o partido de Fernando Henrique Cardoso. ''Acredito que a conclusão seja pela liberação de bancadas, mas prefiro ouvir todos antes de me posicionar'', afirma Bornhausen.
A aliança informal do PFL com o PSDB já está adiantada em pelo menos dez estados, como Pernambuco e Tocantins. Outros cinco vivem situação semelhante a Minas Gerais, onde o PFL pode trabalhar pelo PSDB se houver alianças regionais entre os dois partidos. Mas a decisão não é unânime. A Bahia tem rixa histórica com o PSDB. Lá ACM e o líder tucano na Câmara, Jutahy Júnior, não se bicam e não há hipótese de acordo. No Maranhão de Roseana, o governador José Reinaldo Tavares admite aiar-se ao PSDB local para conseguir se manter no governo do Estado.
Nos outros quatro Estados em que o PFL ocupa o governo, a situação é bem diferente. Em Tocantins, com Siqueira Campos, e no Paraná, com Jaime Lerner, o apoio a Serra é explícito. Para Hugo Napoleão, do Piauí, e Amazonino Mendes, de Amazonas, a melhor solução é a liberdade para as bancadas.
Semana passada, Jorge Bornhausen divulgou os números da pesquisa feita junto a 118 deputados do PFL. Do total, apenas seis querem apoiar José Serra. 20 defendem o alinhamento a Ciro Gomes. O restante - 85% dos consultados - quer o partido livre.
Garotinho diz que pesquisas o prejudicam
O candidato do PSB à Presidência da República, Anthony Garotinho, criticou as últimas pesquisas de intenção de voto. os resultados divulgados, segundo ele, estariam atrapalhando seu desempenho na corrida à sucessão presidencial. Garotinho participou ontem, num hotem em Copacabana, de uma reunião em torno da candidatura de sua mulher, Rosinha Matheus, ao governo do Estado. ''O segundo turno será entre mim e Lula'', declarou. O candidato afirma que a margem de erro das sondagens, de até 3%, o prejudica, uma vez que seu nome vem aparecendo sempre em terceiro lugar. ''Tenho até um sentimento que há algo além da margem de erro. Mas descarto qualquer possibilidade de eu encomendar uma nova pesquisa'', disse o ex-governador.
Os mais recentes índices divulgados pelo Instituto Vox Populi mostram que Garotinho tem 16% das intenções de voto, logo atrás de José Serra (PSDB), com 19%, e dopetista uoz Inácio Lula da Silva, que soma 39%. ''São índices como estes que estão segurando a minha candidatura'', acredita.
Na reunião, Rosinha Matheus aproveitou para discutir os rumos de sua campanha com o marido, com os candidatos a deputado estadual e federal pelo PSB no Rio, e com o ex-prefeito Luiz Paulo Conde, vice na sua chapa. Ela se mostrou descontente com a atual administração do PT no Estado. ''O PT foi um dos partidos que mais criticaram o cheque-cidadão, mas continua mantendo o benefício'', criticou. ''O problema é que nem eles se entendem. A sociedade não sabe o que seus líderes pensam.'' A candidata disse que se encontrou, na semana passada, com 200 diretores de escolas estaduais de cinco municípios do interior do Rio. Todos, relatou, reclamavam que a distribuição de merenda escolar havia sido interrompida. ''O PT diz que não tem dinheiro em caixa. Mas não tem para nada?'', observou. Rosinha afirmou que muitas escolas não fornecem mais merenda. Disse que as obras de duplicação da adutora de Nova Iguaçu, que, segundo ela, vai melhorar o abastecimento de água na Baixada Fluminense, estão paradas. ''Tudo que conseguimos avançar no governo Garotinho está tendo um retrocesso'', declarou Rosinha. Ela disse que sua intenção é dar continuidade à gestão do marido, com combate à violência e criação de novos empregos. Entre os projetos citou a ''vontade'' de criar farmácias populares, que venderiam remédios produzidos pelo Instituto Vital Brazil por R$ 1 a pessoas com idade acima de 65 anos.
Serra fecha com PMDB
BRASÍLIA - Os comandos do PMDB e do PSDB planejam encerrar nesta semana a novela da escolha do vice de José Serra à Presidência da República. Aconselhado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra está conformado a aceitar a indicação do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). A resistência do candidato ao nome de Henrique está alimentando desconfianças na ala governista do PMDB, que ameaça retaliar, criando toda a sorte de dificuldades para entendimentos nos Estados.
Se confirmadas, as deserções estaduais poderão acabar impedindo a aprovação da coligação com o PSDB em convenção nacional. Na semana passada, FH aconselhou Serra a aceitar o nome que for indicado pelo PMDB para não comprometer ainda mais a aliança com a qual pretende eleger-se presidente da República. Dirigentes do PSDB apostam que a intervenção surtirá efeito. Esperam ter condições de confirmar amanhã para o PMDB um acordo para fechar a chapa. Na bolsa de apostas, há maioria folgada para Henrique Eduardo Alves.
O ex-ministro da Saúde vetou pela segunda vez os nomes de Henrique Eduardo e do ex-prefeito de Joinville, Luiz Henrique. Prefere fazer dobradinha com o senador Pedro Simon (RS) ou com a deputada Rita Camata (ES). Só que Simon e Rita integram a ala oposicionista do PMDB. Além de passarem os últimos sete anos atuando contra o Palácio do Planalto, se opuseram à hegemonia conquistada pelo grupo do atual presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), e do líder na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA).
Hoje, os quatro candidatos à presidência que lideram as pesquisas de opinião participam de um debate com a Força Sindical. Luiz Inácio Lula da Silva, José Serra, Anthony Garotinho e Ciro Gomes confirmaram presença. Investidores estrangeiros também estão interessados em ouvir as opiniões dos candidatos à sucessão de FH. A exceção de Garotinho, os líderes das pesquisas foram convidados para um debate, na quinta-feira, em Washington, nos Estados Unidos. Ciro Gomes não só confirmou presença como já solicitou ao Itamarati uma nota com explicações sobre as relações Brasil-EUA.
'A candidatura de Serra está ameaçada'
BRASÍLIA - Timoneiro do velho Partidão, o senador Roberto Freire (PE) tem nas mãos agulha e linha para manter costurada a Frente Trabalhista, com o PDT e o PTB, em torno da candidatura de Ciro Gomes. ''Não vamos queimar caravelas'', diz o presidente do PPS, que completou há duas semanas 60 anos de idade e 40 de militância política. Freire administra há quase um mês as contradições da coalizão. Enfrenta disputas em Estados importantes, como o Rio Grande do Sul, e trocas de farpas com o aliado Leonel Brizola.
Apesar das tormentas, ele não teme o racha. ''Os obstáculos serão superados, até pelo peso político das lideranças envolvidas'', acredita. Em entrevista ao Jornal do Brasil, o senador diz que os percalços de Ciro Gomes na campanha são menores do que os problemas encarados pelo candidato oficial, José Serra, do PSDB. ''Ele está isolado'', avalia.
Para Freire, a direita nacional não aceita Serra e está mesmo é preocupada com a consolidação dos nomes de Ciro e do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Ele prevê que as regras eleitorais, obrigando Estados a repetirem as coligações nacionais, terão efeito devastador para o tucano. ''Se alguém pensou que a norma iria ajudá-lo, está arriscado a vê-la transformar-se no instrumento que vai sepultar sua candidatura'', diz.
Assentamentos sem escola
62% do dinheiro previsto em 2001 para educação no campo morreu na praia
BRASÍLIA - O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) ficou mais pobre. Um relatório divulgado na última semana pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostra que em 2001 estava previsto um investimento de R$ 24 milhões, mas apenas R$ 9 milhões foram repassados ao programa. Um corte de 62%.
No ano passado, o Incra gastou R$ 6,2 milhões em comunicação e publicidade. O valor corresponde a 68% do dinheiro investido no Pronera. O presidente do Incra, Sebastião Azevedo evita confrontar os números. ''Não tenho como analisar isso''. A coordenadora de projetos de Educação do Movimento dos Sem-Terra, Elfi Fenske, explica a discrepância. ''A educação no campo não é prioridade do governo''.
De acordo com o levantamento, 21 convênios de alfabetização foram iniciados e 35, concluídos. Juntos, beneficiam 54 mil alunos. Os recursos do Pronera, principal projeto de alfabetização de jovens e adultos nos assentamento da reforma agrária, financiam materiais pedagógicos e treina professores.
O presidente do Incra confirma os cortes no Pronera e reconhece que o dinheiro liberado não atendeu nem convênios em andamento. ''Estamos no esforçando para liberar o orçamento'', diz. O número de assentamentos sem atendimento escolar, no entanto, é uma incógnita. ''Estamos fazendo um recadastramento'', afirma Azevedo.
O Pronera não é o único órfão do dinheiro público. Nos últimos cinco anos, o Incra viu seu orçamento reduzir quase que pela metade. Passou de 2,6 bilhões em 1997 para R$ 1,3 bilhão em 2001. Para Azevedo, a redução foi compensada com menores pagamentos de dívidas do Incra.
A presença de escolas, para o presidente do Incra, ''não é indicador que influencie a evasão dos assentamentos''. O ex-assentado Renato Ferreira, no entanto, diz que abandonou a terra que tinha por falta de escola e posto de saúde para os cinco filhos. ''A escola ficava longe. Quando chovia, os meninos chegavam com cadernos molhados''.
Roubo de cargas será mapeado
BRASÍLIA - Um crime que movimenta R$ 500 milhões por ano está prestes a ser desmascarado pelo governo. A Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça quer instalar em todo o país, até julho, um banco de dados de roubo de carga nas rodovias federais e estaduais. O projeto piloto funciona em Brasília e, a partir do início de maio, será estendido para o Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Pernambuco, Pará e Goiás.
Os campeões de roubo de carga no país - São Paulo e Rio de Janeiro - estão fora dos testes. Juntos, os dois estados representam 73% das 8,5 mil ocorrências registradas em 2000. São Paulo lidera o ranking com 4,42 mil roubos. No Rio, 1,78 mil. A região Sudeste é responsável por 76% dos casos, seguida pelo Nordeste, Sul, Centro-Oeste e pelo Norte, com apenas 0,5% das ocorrências.
Assim que o banco de dados estiver instalado, os governos estaduais poderão identificar não só a carga roubada, como também as vítimas e o local do assalto. A recuperação das cargas também poderá ser monitorada. ''Existem casos em que elas ficam no depósito por meses'', declarou o assessor da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Luis Mauro Gomes Ferreira. ''Os donos simplesmente não sabem que estão lá.''
O Programa também permitirá que as delegacias especializadas identifiquem as rodovias com maior incidências de crimes, podendo, com isso, reforçar o policiamento nos locais. ''Essa prática está sendo adotada pela Secretaria de Segurança do Rio, que vem mapeando os pontos mais perigosos da cidade'', lembrou o assessor.
O tipo de carga roubada no Brasil varia de acordo com a região. Em alguns locais há preferência por produtos alimentícios. Em outros, os mais visados são os eletrônicos. Roupas e produtos de couro são alvo certo em todo o país.
FH quer fim da exclusão digital no país
BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem à noite que o Brasil é uma ilha de estabilidade na América Latina. Em cadeia de rádio e televisão anunciou que o Ministério da Educação distribuirá este ano 60 milhões de livros infantis de autores como Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meirelles, Ruth Rocha e Ana Maria Machado para alunos do ensino fundamental. ''O século 21 é o século do conhecimento e da informação'', declarou.
O objetivo é desenvolver o hábito da leitura, ''que vai abrir para o seu filho, o seu neto as portas de um mundo novo''. Só assim, argumentou o presidente, o país impediria a brecha digital que separa os que sabem dos que não sabem lidar com computador. ''Com isso, o Brasil realiza um avanço maior do que inaugurar um milhão de estradas ou um milhão de pontes.''
Artigos
Dengue e desacertos
Gilberto Linhares
Não há exagero na afirmação de que boa parte da culpa pela falta de controle inicial da epidemia de dengue se deveu a decisões equivocadas, resultantes, entre outros fatores, da falta de conhecimento - ou abandono deliberado - dos recursos disponíveis para esse tipo de desafio.
Ainda bem que as autoridades brasileiras não se sensibilizaram com o oferecimento, feito por Fidel Castro, da ajuda de Cuba para reduzir os altos níveis de infestação pelo mosquito registrados em alguns dos nossos Estados. Só por brincadeira alguém de bom senso pensaria em recorrer à ajuda, pelo menos nesse tipo de emergência, de um país que até há pouco enfrentava uma da maiores epidemias de dengue de que se tem conhecimento.
Quem, como nós, já visitou Cuba e ali participou de alguns congressos sente-se à vontade para dizer que, nessa matéria específica, o Brasil tem mais a ensinar aos cubanos do que a aprender com eles. O que não lhes tira o mérito do bom uso que fazem dos recursos humanos nas ações de Saúde. Com um detalhe: o próprio ministro de Saúde daquele pa
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