PFL pressiona e Carazzai pede demissão da Caixa






PFL pressiona e Carazzai pede demissão da Caixa
Após rompimento do PFL com Governo FHC, presidente da Caixa Econômica havia sido convidado a ficar no cargo. Ontem, porém, atendendo a um pedido de Marco Maciel, ele pediu demissão

BRASÍLIA - O presidente da Caixa Econômica Federal, Emílio Carazzai, não resistiu às pressões do PFL e divulgou, no início da noite de ontem, um comunicado anunciando sua demissão do cargo. No documento, ele informa que encaminhou o pedido ontem mesmo ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, atendendo a um apelo do vice-presidente Marco Maciel (PFL), por quem diz ter “enorme respeito e antiga amizade”. Malan concordou com a demissão, mas pediu a Carazzai que permaneça no cargo até que seja escolhido o seu substituto.

“Por lealdade, revejo minha decisão de continuar no cargo que ocupei, durante três anos, com espírito público e total dedicação”, diz Carazzai na nota, lembrando que apesar da decisão do PFL nacional de romper com o Governo FHC e entregar todos os cargos federais, recebeu, na quinta-feira (7), um convite pessoal de Malan para permanecer à frente da Caixa, e aceitou, contrariando a decisão do PFL. “Meus sentimentos de admiração genuína, de profunda gratidão e de disciplina pelo apoio e deferência com que sempre me brindou levaram-me a acatar sua decisão”, justificou Carazzai, um técnico que, apesar de indicado por Maciel, não é filiado ao PFL.

O presidente da Caixa diz ainda na nota sentir-se honrado por ter feito parte do Governo e sensibilizado pelas manifestações de reconhecimento e apreço, lembrando que FHC reafirmou a confiança em seu nome por meio de seu porta-voz. “Com este gesto (a demissão), espero contribuir para a harmonia política e para o engrandecimento do País”, conclui a nota. Segundo a assessoria do presidente da Caixa, o apelo de Marco Maciel foi feito na manhã de ontem.

Na última sexta-feira, o vice-presidente havia dado seu aval a Carazzai para que atendesse a Malan e permanecesse no Governo, mas a cúpula do PFL insistiu na entrega do cargo. O presidente nacional do partido, Jorge Bornhausen, havia deixado claro que o único pefelista autorizado a ficar era o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel. E num recado direto ao presidente da Caixa, Bornhausen disse que entrega de cargos era “uma questão de caráter”.


Tasso pede trégua e nega ser opção para reunir PFL e PSDB
FORTALEZA - O governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), advertiu ontem que o rompimento do PFL com o Governo e o clima de hostilidade entre pefelistas e tucanos beneficia os adversários. “Claro, quanto mais desagregado, mais fortalece a oposição”, disse. O tucano voltou a defender mais diálogo e enfatizou a importância de evitarem-se radicalismos. Segundo ele, “é preciso abrir portas.”

Tasso negou enfaticamente a possibilidade de vir a ser o candidato presidencial de consenso, capaz de reunir o PSDB e o PFL, numa espécie de plano B, diante dos crescentes atritos entre os pré-candidatos Roseana Sarney (PFL) e José Serra (PSDB). “Não passa pela minha cabeça essa hipótese. Nunca conversei com ninguém sobre isso, nem pretendo conversar”, afirmou, descartando também que um eventual plano B estivesse sendo cogitado em torno do presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que seria supostamente indicado para a vice em uma chapa do PFL.


FHC busca apoio do PMDB e PPB para Serra
BRASÍLIA - A presença do PMDB e do PPB no governo Fernando Henrique será reforçada na reforma ministerial que será realizada em abril, quando vários ministros deixam seus cargos para disputar as eleições. A idéia de que os ministros seriam substituídos pelo critério técnico perdeu espaço com a necessidade de consolidar a aliança em torno da candidatura do senador José Serra (PSDB-SP) à Presidência da República. Nos últimos dias, FHC conversou com o presidente nacional do PSDB, José Anibal, e com o líder do PMDB na Câmara, deputado Geddel Vieira Lima (BA), sobre a estratégia política das mudanças. “O presidente vai procurar agradar o PMDB e o PPB na reforma”, afirmou Anibal.

Foi para tratar disso que FHC chamou Geddel, no sábado, ao Palácio da Alvorada. Os dois avaliaram a força que a ala governista do PMDB ganhou depois que cancelou as prévias. “Quando o presidente definir o espaço do partido, vai nos chamar e indicaremos os nomes”, disse Geddel.

A decisão de FHC de tentar atrair o PMDB, no entanto, pode provocar novo confronto com a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL). No sábado, ela anunciou que pretende conquistar o PMDB para uma aliança na sucessão presidencial, agora que o partido decidiu cancelar as prévias. “Tenho uma boa aliança no Maranhão, e quero fazer essa e outras alianças no Estado e a nível federal”, disse Roseana.

O pai da governadora, o senador José Sarney (PMDB-AP) pode ser o principal artífice das articulações para que os peemedebistas venham a indicar um vice para a chapa do PFL. Até hoje, Sarney e os governistas do PMDB atuaram em conjunto para sepultar a candidatura própria do partido, mas agora os caminhos divergem. O PFL sonha até em trazer o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), para seu lado, consciente de que o rumo mais provável de Itamar, após a derrota interna no PMDB, será o apoio a Ciro Gomes (PPS).


Mendonça diz que não há motivo para “pânico”
Apesar das tentativas de lideranças do PFL de demonstrar que está tudo bem na aliança PMDB/PFL/PSDB no Estado, a situação não é tão tranqüila. A prova disso é o café da manhã convocado para amanhã pelo vice-governador Mendonça Filho(PFL), com a bancada estadual pefelista. De acordo com o vice, não existe motivo para pânico. “Vamos apenas conversar e trocar algumas idéias. Afinal, estamos tentando nos acostumar a uma nova realidade. Isso leva tempo”, minimizou.

Fontes ligadas ao pefelista, no entanto, admitem a gravidade da situação e que o partido em Pernambuco tem um problema pela frente e não deve colocar panos mornos. Há quem defenda a saída imediata de Mendoncinha do cargo para cuidar da candidatura à Câmara Federal ou ao Senado, caso contrário seria impossível recuperar o tempo perdido.

Mesmo com o tumulto causado pelo rompimento do PFL com o Governo Fernando Henrique (PSDB), o presidente estadual da legenda, André de Paula, é um dos que preferem acreditar em uma solução pacífica. “Não há nenhuma orientação do partido de suspender o trabalho desenvolvido por aqui. É claro, teremos que fazer alguns ajustes, mas a aliança em Pernambuco vai continuar”, afirmou.

De acordo com o presidente pefelista, a legenda só deixaria o Governo Jarbas em duas hipóteses: se a executiva nacional do PMDB mantiver a decisão de não ter candidato próprio e coligar-se com o PSDB, ou no caso do governador decidir disputar o Senado. Nessa hipótese, o PFL admite lançar uma chapa pura para concorrer ao Palácio do Campo das Princesas, e Mendonça Filho é um dos nomes cotados para o cargo.

Mesmo após a perda de vários cargos federais no Estado - indicados por políticos do PFL - André de Paula afirma que não haverá prejuízo eleitoral para a legenda. O secretário, que possui ligações estreitas com o vice-presidente Marco Maciel, diz que o rompimento não trará efeitos negativos à candidatura dele ao Senado. “Maciel está em uma posição difícil, mas sabe tratar desse assunto. O mais importante é saber que ele está solidário ao PFL e a Roseana. No mais está apenas cumprindo seu papel, com a altivez e responsabilidade de sempre”, argumentou.


PT e PSB discutem estratégias eleitorais
A resolução do Tribunal Superior Eleitoral, que determinou a verticalização das coligações, é tema da reunião das executivas estaduais do PT e do PSB, marcadas para hoje à noite. Na dos petistas, além da executiva participam o secretário municipal de Saúde e pré-candidato ao Governo, Humberto Costa, o prefeito do Recife, João Paulo, os vice-prefeitos da legenda, deputados e vereadores.

De acordo com o presidente da Câmara dos Vereadores do Recife, Dilson Peixoto, o PT quer aproveitar a volta de Humberto, que retornou ontem ao Brasil, de uma visita de 15 dias aos Estados Unidos, para ampliar as discussões diante do novo cenário, criado a partir da resolução do TSE, e traçar estratégias para colocar a campanha petista na rua. “Vamos discutir o assunto nesse fórum ampliado e esperamos tirar elementos que ajudem o partido a tomar algumas definições. Estamos buscando formas de minimizar os efeitos negativos da resolução do TSE para a legenda”, avaliou.

O encontro da executiva do PSB não terá a participação de deputados ou outras lideranças, exceto o pré-candidato ao Governo, deputado Eduardo Campos. “A verticalização das eleições não está oficialmente na pauta, mas é evidente que deverá ser um dos assuntos mais conversados. Além disso vamos repassar informes da executiva nacional e tratar de outros assuntos de interesse do partido”, comentou.


GAROTINHO QUER BRIGA COM O TSE
O governador Anthony Garotinho (PSB) anunciou ontem que o PSB vai à Justiça, esta semana, contra a resolução do TSE que verticalizou as alianças. Ele disse ainda que deixa o cargo em 4 de abril para disputar a Presidência, reagindo à pressão de setores do PSB que preferem uma aliança com o PT e sua reeleição para governador do Estado.


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03/11/2002


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