PLENÁRIO APROVA VINCULAÇÃO DE RECEITAS PARA A SAÚDE



O setor de Saúde está próximo de ter recursos fixos nos orçamentos federal, estaduais e municipais. O Senado aprovou nesta quinta-feira (dia 29), em primeiro turno, com 62 votos favoráveis, três contrários e uma abstenção, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que assegura recursos mínimos para o financiamento dos serviços de saúde. A matéria altera seis artigos da Constituição de modo a permitir a vinculação de recursos orçamentários para o setor, definindo percentuais de impostos para o seu financiamento. A proposta deverá ser discutida e votada em segundo turno após o recesso parlamentar de julho.
O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), que é médico, defendeu a PEC, mas acredita que o Senado perdeu uma boa oportunidade para estabelecer o critério de gasto per capita na distribuição dos recursos da União para a Saúde. Segundo ele, hoje, os estados mais ricos recebem maior volume de recursos per capita que os estados mais pobres.
Um dos senadores contrários à proposta, o senador Paulo Souto (PFL-BA), afirmou que a PEC abala o princípio federativo, pois retira dos estados possibilidade de dispor de suas receitas. Ele afirmou que não tem dúvidas quanto à inconstitucionalidade da matéria. Na mesma linha, o senador Gerson Camata (PMDB-ES) definiu a PEC como "um crime contra a autonomia dos estados e municípios".
O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) contestou os argumentos de Souto, lembrando que o Senado aprovou outras vinculações de orçamentos dos estados e da União, como a PEC que institui o Fundo de Combate à Pobreza e o projeto de lei que fixou as regras para a transferência das dívidas dos estados para a União.
Como líder do PMDB, o senador Jader Barbalho (PA) recomendou a aprovação da PEC, defendendo a necessidade de que o governo estabeleça políticas de compensação em favor dos mais pobres. Ele lembrou a luta e as dificuldades encontradas pelo ex-senador João Calmon, para incluir na Constituição a vinculação de recursos para a Educação.
Para o senador Roberto Freire (PPS-PE) o Estado até hoje não demonstrou competência para garantir atendimento médico à população. Para ele, Saúde e Educação não podem obedecer à lógica de mercado, mas à da solidariedade. Ele defendeu projeto que determina que os médicos recém-formados devam cumprir estágio em localidade definida pelos conselhos de saúde.
Ao anunciar o voto favorável do Bloco Oposição, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) ressaltou que o setor da Saúde necessita de mais recursos para cumprir o seu papel na sociedade. Na sua opinião, os recursos só deveriam ser destinados a hospitais conveniados como forma complementar, e não como principal.
Como líder do PSDB, o senador Sérgio Machado (CE) destacou que alguns estados terão que aumentar em 7% ou até 8% os seus investimentos em Saúde, pois hoje estão gastando muito pouco com ações do setor. "É hora de dizer que é preciso investir em Saúde para garantir eqüidade no acesso. Sem inclusão nos direitos sociais, não teremos democracia", disse, ao pedir a aprovação da PEC.
Para o senador Sebastião Rocha (PDT-AP), a PEC vai dar mais responsabilidade aos gestores de recursos públicos com a Saúde. Ele reconheceu o esforço empreendido pelo Ministério da Saúde na área de prevenção e em programas como o de saúde da família e o de agentes comunitários de saúde.
O senador Arlindo Porto (PTB-MG) declarou a posição de seu partido que entende que a vinculação não é ideal, mas apresentou resultados positivos para a Educação. Assim, ele declarou seu voto favorável à PEC. O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) anunciou o voto favorável da bancada de seu estado, apesar do risco de desequilíbrio nas contas estaduais.
O relator da PEC, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), reafirmou pontos de seu parecer que eliminam quaisquer dúvidas sobre a constitucionalidade da PEC. Segundo ele, a proposta que mais vinculou recursos orçamentários foi o Fundo de Estabilização Fiscal (FEF), aprovado por ampla maioria na Câmara e no Senado.

29/06/2000

Agência Senado


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