"Postura de João Paulo é equivocada"









"Postura de João Paulo é equivocada"
Parlamentar petista avalia que prefeito tem ajudado marketing do governador

As pressões do PT ao prefeito do Recife, João Paulo, têm, por trás, uma preocupação maior que a simples discordância de pensamentos entre o partido e chefe do executivo municipal em relação ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Um parlamentar petista comenta, em reserva, que ao elogiar Jarbas publicamente, João Paulo está facilitando e antecipando a estratégia de marketing que será usada na campanha do governador rumo à reeleição.

"(Antônio) Lavareda, o marqueteiro de Jarbas, certamente vai usar manchetes de jornais que mostram a aprovação do prefeito à administração jarbista", avalia. "Como o PT vai criticar o governador se a maior liderança petista elogia publicamente o Governo Jarbas?", questiona o parlamentar.

Ele considera que João Paulo está deslumbrado com o poder e, que por isso, estaria confundindo o bom trânsito que tem junto ao Governo do Estado com a aprovação da sua administração. "João Paulo faz que não enxerga as deficiências que existem na Prefeitura e acha que tudo está bem porque temo apoio do Governo do Estado em muitas ações".

O parlamentar acredita que falta perspicácia ao prefeito para que ele tome consciência de que pode estar sendo usado. Afinal, diz, o governador e seu marqueteiro torcem mais que nunca pelo crescimento da crise nos partidos de oposição. "Para o governo, quanto mais desagregação ocorrer, melhor para a sua campanha eleitoral".

O desabafo do petista ocorreu um dia depois de vir a público a cobrança de coerência feita pelo PT ao prefeito João Paulo, na noite da última terça-feira. A cúpula petista, que nunca aprovou os elogios que o prefeito tem feito ao governador, chegou ao seu limite depois de, publicamente, João Paulo tecer comentários positivos em relação à administração jarbista.

Na entrevista, o prefeito, por exemplo, amenizou os altos índices de violência registrados no Estado alegando que o problema é nacional - usando o mesmo discurso que Jarbas apresenta para rebater críticas da oposição. O PT sentiu-se traído porque, entre outros assunto, as falhas na política de segurança pública do governo jarbista é um dos principais motes de campanha do candidato do PT ao Governo do Estado, vereador Humberto Costa. Aliás, há quem veja, na atitude do prefeito, um interesse em prejudicar a candidatura de Costa. Mas o parlamentar petista avalia que João Paulo não quer isso. Para ele, é uma questão de "equívoco de postura".


Joaquim está descartado para o Senado
Cúpula do PFL faz reunião e confirma que candidatos serão Maciel e um tucano

O nome do deputado federal Joaquim Francisco Federal está descartado para disputar o Senado pelo PFL. O anúncio oficial foi feito ontem pelo presidente estadual do partido, André de Paula, depois do encontro realizado na residência do vice-governador, Mendonça Filho, com os caciques pefelistas. Segundo ele, uma das vagas do Senado na chapa governista será ocupada pelo vice-presidente Marco Maciel e a outra caberá a um representante da coligação PMDB/PFL/PSDB/PPB. O nome mais cogitado para a segunda vaga é do deputado federal tucano Sérgio Guerra.

De acordo com André de Paula, o próprio Joaquim Francisco teria reconhecido que Marco Maciel é o candidato natural do PFL para disputar o Senado na chapa majoritária encabeça por Jarbas Vasconcelos e Mendonça Filho. "Joaquim disse que gostaria de concorrer ao Senado. Mas caberá ao partido apenas uma vaga e ele reconhece que o nome é o de Marco Maciel", justificou.

A reunião também definiu a posição do PFL local de apoiar a decisão nacional do partido, que defendea idéia de não lançar candidatura própria para presidente da República. Outro ponto discutido foi a formação do chapão. Segundo André de Paula, a intenção do PFL é de compor, na eleição proporcional, não apenas com os grandes partidos que integram a base de sustentação ao Governo Jarbas. "Queremos juntar tudo que for possível para ampliar a aliança, incluindo ai o PSDC e PSD", disse ele, respaldado pelo líder do PFL na Assembléia Legislativa, Augusto Coutinho, o vice-governador Mendonça Filho.

Além de Marco Maciel, também estavam na reunião o senador José Jorge, vice-presidente do PFL, Inocêncio Oliveira, líder do partido na Câmara dos Deputados, e, ainda, deputados estaduais e vereadores. No final do encontro, o vice-presidente fez uma rápida avaliação que, segundo os pefelistas, aconteceu apenas para uma troca de informações entre as lideranças local e nacional do PFL.

"Acho que houve um bom ajuste entre o plano local e o federal. A decisão nacional do partido reflete um certo consenso das nossas bancadas, de não lançar candidato a presidente da República. Isso acontece em função da verticalização e sobretudo porque permite fazer enlaces no plano estadual". Ele considerou que, no momento, essa é a melhor opção que os pefelistas poderiam adotar para o partido. "Por este motivo entendi que o meu nome nem sequer deveria ser cogitado", disse ele, referindo-se à especulação de que seu nome poderia encabeçar uma chapa pefelista para disputar a Presidência da República.


Costa Leite renuncia à vice de Garotinho
RIO - O ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça, Paulo Costa Leite, renunciou ontem à pré-candidatura a vice na chapa do presidenciável do PSB, Anthony Garotinho. Ele também pediu a sua desfiliação do partido "em caráter irrevogável". Costa Leite disse que ficou "magoado" com a "parte do partido" que lhe criticou publicamente, sem ouvi-lo, sobre a sua ligação com o regime militar. O ex-ministro trabalhou no SNI (Serviço Nacional de Informações) entre 1973 e 1984.

"Eu estou saindo porque eu não vou ficar dando explicação. Tenho mais o que fazer na vida. Fui servidor, sim, do SNI, e aí? Roubei? Matei?", questionou. Costa Leite afirmou que, por "algo muito mais grave", o PSDB saiu em defesa de seu candidato, José Serra.

O ex-ministro citou a deputada Luiza Erundina (SP) como uma das pessoas que o criticaram sem antes procurá-lo. Costa Leite lembrou que foi convidado "insistentemente" por Garotinho para ingressar no partido. "Minha presença na chapa agora prejudicaria mais do que ajudaria a candidaturadele. Continuo eleitor de Garotinho, mas minha ação política será como cidadão", disse.

A renúncia de Costa Leite surpreendeu Garotinho, que tentou demovê-lo por telefone. Costa Leite disse ter sido vítima de "forças ocultas" que querem desestabilizar Garotinho, porque ele já ultrapassou o próprio candidato oficial do Palácio do Planalto, o senador tucano José Serra (SP). Garotinho afirmou não ter dúvida quanto à ação de setores influentes do País no sentido de desestabilizar a sua candidatura.

O presidente nacional do PSB e ex-governador Miguel Arraes declarou que nada tem a ver com a desistência de Costa Leite. "O gesto é dele", disse Arraes. O ex-governador teria sido um dos principais responsáveis pela saída do ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo Costa Leite, que nos últimos dias sofreu uma pressão interna violenta por conta do seu passado de ex-aluno, professor e consultor jurídico do extinto SNI (Serviço Nacional de Informação) na ditadura militar.

De bom humor e tranquilo, Arraes enfatizou que a atitude de Costa Leite "não vai influenciar em nada" a campanha do candidato do PSB. "Costa Leite é mais conhecido no Distrito Federal", observou o ex-governador. Arraes fez questão de ressaltar que o ex-presidente do STJ "era apenas alguém falado, cogitado como um possível candidato a vice, mas ainda não havia sido escolhido, não havia nenhuma definição".

Erundina elogiou a decisão de Costa Leite. "Ainda bem que e le teve a consciência de que não teria lugar no PSB", afirmou. Ela disse que estava se sentindo "constrangida" com a presença de "alguém que trabalhou para o órgão de repressão da ditadura militar". A deputada afirmou não ver diferença entre a ação de Costa Leite como consultor jurídico do SNI e o trabalho de torturadores.

A deputada também criticou Garotinho. Para ela, a renúncia de Costa Leite serve como "alerta" para a forma com que ele foi escolhido pelo candidato para ser seu vice, sem antes ouvir o partido. "Garotinho" é o nosso candidato, porque foi escolhido pelocongresso do partido, mas a ele não se delega competência e poder, em nome do partido, para estar definindo isoladamente uma questão dessa importância", disse.


Programa do PT aposta na emoção
SÃO PAULO - O PT deu o aval e o publicitário contratado para fazer a campanha eleitoral do partido, Duda Mendonça, ousou. O programa foi exibido em rede nacional de TV, ontem, e mostrou a história de vida do pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, procurando emocionar o telespectador. Durante 20 minutos, o programa repassou a vida do petista desde o seu nascimento, no Agreste de Pernambuco, há 56 anos. Lula chorou ao contar trechos de sua história, como a morte de sua primeira esposa grávida de 8 meses. A carreira dele no movimento sindical também foi lembrada por meio de fotos e imagens de assembléias de trabalhadores nas décadas de 70 e 80.

O programa do PT não explorou a crise no PSDB, em função das denúncias de propina no processo de privatização da Vale do Rio Doce, envolvendo o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio. Muito menos fez alusão à iniciativa de algumas agências e bancos estrangeiros de rebaixar a classificação do Brasil no mercado de investimentospor causa da possibilidade de vitória da oposição nas eleições.

Depoimentos de lideranças políticas do partido e de familiares também apareceram na peça publicitária, que custou cerca de R$ 300 mil, pagos pelo partido. Além do resgate da vida pessoal do pré-candidato, o programa mostrou obras que o PT tem feito nos estados e cidades que administra. O objetivo, segundo Duda Mendonça, foi mostrar que a legenda não faz apenas obras sociais.

De acordo com Mendonça, o programa não tem mágica. "Não tem uma vírgula que alguém possa dizer que foi fabricada", garantiu. Ele contou que não foi criado um texto para o programa. "Lula disse as coisas que vieram à sua cabeça. Ele nunca foi tanto Lula", disse. O publicitário chamou a atenção para o fato de que a estrela vermelha, símbolo do PT, ao contrário de campanhas anteriores, não apareceu pequena e escondida. Muito pelo contrário, apareceu enorme e foi a "vedete".

A peça publicitária terminou com a seguinte frase: Quero um Brasil decente. Possivelmente, este seráo slogan a ser adotado na campanha, que começa oficialmente em 6 de julho.


Programa do PT aposta na emoção
SÃO PAULO - O PT deu o aval e o publicitário contratado para fazer a campanha eleitoral do partido, Duda Mendonça, ousou. O programa foi exibido em rede nacional de TV, ontem, e mostrou a história de vida do pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, procurando emocionar o telespectador. Durante 20 minutos, o programa repassou a vida do petista desde o seu nascimento, no Agreste de Pernambuco, há 56 anos. Lula chorou ao contar trechos de sua história, como a morte de sua primeira esposa grávida de 8 meses. A carreira dele no movimento sindical também foi lembrada por meio de fotos e imagens de assembléias de trabalhadores nas décadas de 70 e 80.

O programa do PT não explorou a crise no PSDB, em função das denúncias de propina no processo de privatização da Vale do Rio Doce, envolvendo o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio. Muito menos fez alusão à iniciativa de algumas agências e bancos estrangeiros de rebaixar a classificação do Brasil no mercado de investimentospor causa da possibilidade de vitória da oposição nas eleições.

Depoimentos de lideranças políticas do partido e de familiares também apareceram na peça publicitária, que custou cerca de R$ 300 mil, pagos pelo partido. Além do resgate da vida pessoal do pré-candidato, o programa mostrou obras que o PT tem feito nos estados e cidades que administra. O objetivo, segundo Duda Mendonça, foi mostrar que a legenda não faz apenas obras sociais.

De acordo com Mendonça, o programa não tem mágica. "Não tem uma vírgula que alguém possa dizer que foi fabricada", garantiu. Ele contou que não foi criado um texto para o programa. "Lula disse as coisas que vieram à sua cabeça. Ele nunca foi tanto Lula", disse. O publicitário chamou a atenção para o fato de que a estrela vermelha, símbolo do PT, ao contrário de campanhas anteriores, não apareceu pequena e escondida. Muito pelo contrário, apareceu enorme e foi a "vedete".

A peça publicitária terminou com a seguinte frase: Quero um Brasil decente. Possivelmente, este seráo slogan a ser adotado na campanha, que começa oficialmente em 6 de julho.


Luiz Estevão, Lalau e Incal são multados
SÃO PAULO - O Tribunal de Contas da União entregou à Advocacia-Geral da União (AGU) acórdão para imediata execução de multa de R$ 10 milhões imposta ao Grupo OK, presidido pelo ex-senador Luiz Estevão. Dono do Brasiliense, surpresa da Copa do Brasil, Estevão é acusado de envolvimento no esquema de desvio de verbas e superfaturamento das obras do Fórum Trabalhista de São Paulo.

O TCU também condenou a recolher o mesmo valor da Incal Incorporações, responsável pelo empreendimento inacabado, e do juiz Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho. O tribunal impôs à empreiteira do fórum e ao juiz - que está preso na Polícia Federal desde dezembro de 2001 - reposição solidária de R$ 169 milhões ao Tesouro, valor histórico apurado em agosto de 2001 que, atualizado, chega a R$ 230 milhões.

"Estamos dando uma resposta à sociedade diante de um dos casos mais escabrosos de corrupção no País", definiu o procurador Lucas Furtado, do Ministério Público do TCU. O acórdão tem força de títuloexecutivo e permite à AGU fazer a cobrança. Se o pagamento não for efetuado em 24 horas após a citação, a AGU pode requerer à Justiça Federal penhora de bens móveis e imóveis dos envolvidos. O encaminhamento à AGU foi decidido por unanimidade, em sessão plenária dos 9 ministros da corte de contas que concluíram o julgamento dos recursos da defesa.

Por meio desses recursos, denominados embargos de declaração, o Grupo OK, a Incal e o juiz Nicolau pretendiam derrubar decisão do TCU que não acolheu pedido de reconsideração da condenação, ocorrida em agosto de 2001. A decisão do TCU é definitiva. Eventual apelação da defesa não têm efeito suspensivo sobre a execução.

Estevão está sendo processado criminalmente, acusado de corrupção passiva, peculato, formação de quadrilha, falsidade ideológica e estelionato. Segundo o Ministério Público Federal, o ex-senador era o verdadeiro proprietário da Incal, vencedora da licitação supostamente fraudulenta para construção do fórum. Estevão detinha 90% das ações da empreiteira.


Artigos

Duas cartas fradiqueanas
Dagoberto Carvalho

Duas cartas ao gosto de Eça de Queiroz, marcaram o mais recente Jantar Eciano do Recife. A primeira, datada de 16 de abril - dia do evento - foi lida pelo juiz Hélio Coutinho Filho. É de caráter confessional e afetivo, como o foram muitas das cartas de Carlos Fradique Mendes.

"Meu caro Dagoberto:
Conforme lhe falei, há vários meses desejo afastar-me da presidência de nossa querida Sociedade Eça de Queiroz, a qual venho exercendo desde 1995. Em várias oportunidades tenho dito que, na verdade, é você, secretário-executivo, o grande timoneiro do nosso grêmio. Peço-lhe comunicar aos nossos consócios, que me afasto da presidência, mas continuarei a freqüentar, enquanto a saúde me permitir, as reuniões da Sociedade. Não me conformaria em ficar privado da convivência dos queridos companheiros. A todos, envio afetuosos abraços. Pelópidas".

Eleito presidente, Dagoberto Carvalho Jr. convidou, para a secretaria, a professora Zuleide Duarte que, coincidentemente, era portadora de bem-humorada e reveladora "carta" do próprio Eça de Queiroz. Segura e inspirada intérprete do escritor - na linha de novos heterônimos como José Eduardo Agualusa (Angola) e Evaldo Costa, do DIARIO DE PERNAMBUCO - muito contribuiu, com sua carta (transcrita em parte), para enriquecer o encontro lítero-gastronômico.

"Prezados Ecianos: depois de um século do sono que me possuiu no distante 16 de agosto de 1900, vim pasmacear por aqui ressuscitando o velho hábito lisboeta da minha juventude. Para minha surpresa vejo que as coisas não mudaram tanto assim e sinto-me perfeitamente à vontade depois do mortal salto sobre um século. Mas espantoso mesmo foi saber de um grupo de senhores e senhoras que, a pretexto de apreciarem os meus livros reúnem-se para ajantarados e bebedeiras onde se come bom bacalhau, bebe-se bom vinho e cavaqueia-se bastante. Não lhes reprovo o bom gosto pelas comezainas pois também eu como se sabe não desprezava um bacalhau de cebolada, um arroz de matança ou um apetitoso doce d'ovos. Como tudo isto sabe bem! Vivesse eu agora e as enfermidades gastrointestinais seriam tratadas com generosas doses de "omeprazol". Poderia então comer e beber à grande e à francesa. Em meio ao progresso de um século constato, para meu gáudio, que sempre estive na vanguarda. A desordem financeira que vivi, a dificuldade em harmonizar o nosso alto gosto com a parca bolsa são problemas bastante conhecidos dos amigos ditos ecianos; "de política não se fala: tudo cada vez pior - uma choldra". E por último, esta é mesmo de rir: as pessoas adoecem e morrem de dengue, enfermidade que acometeu o meu papá em junho de 1890. Companheiros da devoção eciana, coisa que enche de orgulho: ecianos ora essa. Isso tudo tem um quê de chique como diria o Dâmaso Salcede: tenho ou não assento entre vós para cavaquear um pouco e recordar com saudade a canjinha da Miló, os jantares com os "Vencidos" e os carinhos de Milinha? Vossa companhia me foi muito agradável. Não me esqueçam para o próximo jantarinho. Do limbo cumprimenta-vos Eça de Queiroz".n P.S. - Prestigiaram o jantar do Restaurante Recanto Lusitano, entre outros, o conselheiro Antônio Correia, que representou o governador Jarbas Vasconcelos; o cônsul de Portugal, dr. Rui Gomes; o deputado Pedro Eurico e o vereador Paulo Dantas.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO – Divane Carvalho

O candidato ideal
No debate promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), ontem, com todos os presidenciáveis, a novidade não foi Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Serra (PSDB), muito menos Anthony Garotinho (PSB) ou Ciro Gomes (PPS). A atração foi a presença de Feliciano Brasileiro, o candidato virtual à presidência da República, que deixou seus colegas de carne e osso em desvantagem. Pois enquanto eles obedeciam a regras e cada um tinha só 25 minutos para falar sobre suas propostas, Feliciano estava ali, on line, à disposição de qualquer eleitor que desejasse saber sua opinião. Criado pela ONG Coração Brasileiro, o candidato virtual é cheio de boas intenções e o melhor, não tem vestígios de corrupção. Além de ético, sempre alertando que é preciso elevar o nível do debate político nessas eleições. Tudo que deseja o eleitor comum, como bem sabe o site Diga-me, especializado em pesquisa, onde Feliciano pode ser encontrado a qualquer hora do dia, da noite, de madrugada, outra vantagem que ele tem. Porque sendo virtual atende todo mundo o tempo todo, não tendo necessidade de arrumar desculpas para fugir de cabo eleitoral, de ninguém. E se alguém imagina que ele não tem propostas para melhorar o Brasil, está enganado. Seu programa de governo é completo, centrado em Educação porque sem ela, diz, não há progresso muito menos ordem no País. Pena que Feliciano não seja de verdade. Mas vale a idéia, para estimular a discussão dos candidatos sobre os rumos do Brasil. Quem quiser conhecer mais sobre Feliciano Brasileiro, o e-mail dele é: [email protected]

Arraes (PSB) começou a andar pela periferia do Recife na corrida por uma vaga na Câmara dos Deputados. Conhecido por ser bem votado nos grotões do Estado, as caminhadas do ex-governador pela área urbana não vai agradar nem um pouco aos seus adversários

Pressa 1 Inocêncio Oliveira (PFL-PE), que adora uma conversa e longas entrevistas, estava bem apressado quando deixou a reunião dos caciques pefelistas com os deputados estaduais, ontem, na casa de Mendonça Filho

Pressa 2 Tanto que vestiu o paletó de outra pessoa e só notou na hora de ir embora, porque sentiu que a roupa estava apertada. Ou o deputado não gostou da reunião ou o PFL está mesmo deixando todo mundo louco.

Clima 1 Foi o maior bate-boca na Câmara do Recife, ontem, entre Luiz Helvécio (sem partido) e Roberto Andrade (PFL), durante a audiência pública sobre o projeto de lei que disciplina postos de combustíveis na cidade.

Clima 2 Andrade acusou a PCR e a comissão de terem um discurso democrático mas uma prática centralizada, porque não permitiram a participação de todos na discussão da elaboração do referido projeto.

Clima 3 Aí Helvécio, que faz parte da comissão, disse que não ia permitir que Andrade fizesse da audiência um palanque político para atingir a gestão petista. E certamente credenciou-se para entrar no PT.

Convenção O PDT faz convenção domingo, Dia das Mães, para eleger o Diretório Estadual, Conselho Fiscal e a Comissão de Ética Partidária das 8h às 10h. Das 11h às 13h os pedetistas escolhem a Comissão Executiva, o Corregedor, o Ouvidor Geral, o Consultor Jurídico e os Secretários Especiais. Filhos ingratos, esses do PDT.

Encontro Pelópidas Silveira, Fernando Coelho, Germano Coelho e Miguel Batista, que participaram da antiga Frente do Recife, se reuniram, ontem, com o pré-candidato do PT ao Governo do Estado, Humberto Costa. Um encontro nostálgico, onde relembraram a ditadura militar e as cassações políticas.

Debate Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil precisa recuperar a auto-estima e não deixar que agências internacionais dêem palpites na economia do País, como se ele fosse uma republiqueta de bananas. A platéia que assistia ao debate dos presidenciáveis, na CNI, adorou.

Debate As eleições francesas - A extrema direita: uma nova ameaça? é o tema do debate que se realiza, hoje, no auditório do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFPE, a partir das 9h30.


Editorial

ESTATÍSTICAS REAIS

Alguns dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística relativos ao Censo Demográfico realizado em 2000 mostram que o Brasil permanece na condição de verdadeiro arquipélago econômico, social e cultural. A um só tempo, houve na última década do século passado avanços consideráveis na melhoria geral nas condições de vida do povo e aprofundamento das relações injustas entre pessoas e regiões.

O suprimento de energia elétrica chegou a 93% dos domicílios. As linhas telefônicas cresceram 113,4%, apesar de servirem apenas a 40% das residências. Consolidaram-se as tendências de universalização da educação na faixa dos 7 a 14 anos (95%). Reduziu-se a proporção de pessoas menos instruídas. O acesso ao automóvel particular avançou 41,6%. Dos 44,7 milhões de moradias existentes no Brasil em 2000, 14,6 milhões dispunham de carros. E m 1991, eram oito milhões.

Há outros informes estimulantes no Censo 2000. As estatísticas não mentem, todavia são incapazes de superar avaliações de simples conteúdo numérico. No caso da educação, sabe-se que sobrevivem áreas significativas contaminadas por ensino de má qualidade. Entre grupos saídos dos primeiros graus de instrução, mais de 50% se revelam analfabetos funcionais. Sabem ler, mas não entendem o que lêem.

Os levantamentos do IBGE demonstram que os abismos sociais entre regiões não só permanecem como, em muitos casos, tornaram-se mais profundos. Na Região Sudeste, em 2000 eram 15,9% os trabalhadores em atividade com renda de até um salário mínimo. Já os situados na faixa de mais de vinte salários formavam contingente de 3,3%. No Nordeste, somavam 46,2% os assalariados com ganhos de até um salário mínimo. E só 1,4% alcançavam remuneração acima de 20 mínimos. Outro indicador perverso: no Sudeste há três vezes mais microcomputadores nos lares (12,9%) do que no Nordeste (4,3%).

Os níveis de escolaridade também exibem graves desequilíbrios. No Sudeste, 5,5% do contingente escolar alcançam 15 ou mais anos de estudo. No Nordeste, o percentual é quase três vezesmenor (2%). No Norte, situação ainda mais dramática: 1,8%. Em razão do empobrecimento crescente, entre 1995 e 2000, 1.457.360 pessoas emigraram do Nordeste para outras regiões do País. Houve aumento de 7,6%, em relação a 1991, dos nordestinos tangidos de sua região pela miséria.

No balanço geral, é indispensável reconhecer que houve conquistas significativas e refletir sobre o que fazer para resgatar as renitentes injustiças na distribuição dos bens da vida. A educação, se elevada como estratégia para qualificar o fator humano, poderá no tempo de poucas gerações fazer do Brasil um País justo, afluente, solidário.


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05/10/2002


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