Preocupação com aumento de presença militar americana leva senadores a encontro com Uribe
Preocupados com a ampliação da presença militar norte-americana na Colômbia, cinco integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) encontraram-se, no início da noite desta quinta-feira (6), com o presidente colombiano Álvaro Uribe, na Base Aérea de Brasília. Os senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Pedro Simon (PMDB-RS), Heráclito Fortes (DEM-PI), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA) manifestaram seu temor a respeito de uma possível corrida armamentista na América do Sul.
O presidente da CRE, Eduardo Azeredo, solicitou o encontro com Uribe no final da manhã, depois que diversos integrantes da comissão demonstraram sua apreensão, durante reunião realizada nesta quinta-feira, com a notícia de utilização, por militares dos Estados Unidos, de sete bases militares na Colômbia, dentro de um esforço, segundo o governo colombiano, de combate ao narcotráfico.
O pedido foi feito no momento em que o presidente colombiano viajava de Montevidéu para Brasília. E o encontro foi confirmado pela Embaixada da Colômbia logo depois da chegada do presidente a Brasília. Essa foi a sétima escala de uma viagem de Uribe por diversos países sul-americanos, para explicar o acordo. Em apenas uma semana, ele visitou Peru, Chile, Paraguai, Bolívia, Argentina e Uruguai.
- Nós manifestamos a preocupação com a chegada de uma guerra fria à América do Sul. O presidente Uribe nos disse que não há bases americanas em seu país, nem tropas ou aviões dos Estados Unidos, mas sim um apoio americano. Além disso, manifestou o interesse em que o Brasil se integre nessa luta contra o narcotráfico - relatou Azeredo, que, ao receber o presidente colombiano, ressaltou o fato de estarem ali presentes senadores de quatro partidos políticos diferentes.
Uribe chegou à Base Aérea pouco depois das 18h, após um encontro de mais de duas horas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando expôs a ele detalhes a respeito do acordo firmado por seu país com os Estados Unidos. Ele conversou por aproximadamente vinte minutos com os senadores, antes de partir de volta a Bogotá.
Primeiro a comentar o tema durante a reunião realizada pela manhã na CRE, Pedro Simon lembrou que o presidente norte-americano Barack Obama retomou o diálogo com a Rússia e tem promovido um esforço de distensão política em regiões como o Oriente Médio. Por isso, a seu ver, não faria sentido provocar maior tensão política e militar na América do Sul.
- Precisamos buscar uma fórmula (para o combate ao narcotráfico) que não seja a utilização de bases militares. Em Obama a gente confia, mas o que ocorreria com outro presidente? - questionou Simon.
Eduardo Suplicy disse ter expressado a Uribe seu temor de uma corrida armamentista no continente. Ressaltou ainda, durante o encontro, a importância de se buscar a paz social na Colômbia e a instituição, naquele país, de um programa de renda básica de cidadania. Flexa Ribeiro, por sua vez, afirmou que o Brasil deve se preocupar igualmente com acordos para a compra de armamentos firmados pela Venezuela, vizinha da Colômbia, com a Rússia.
Marcos Magalhães / Agência Senado
06/08/2009
Agência Senado
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