Presidente da comissão de investigação diz que não foram encontradas falhas nos equipamentos



Ouvido nesta terça-feira (29) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, o presidente da Comissão de Investigação do Acidente Aeronáutico do Vôo Gol 1907, coronel-aviador Rufino Antônio da Silva Ferreira, afirmou que não foram encontrados indícios de falhas nos equipamentos de controle do vôo nem nos equipamentos dos aviões envolvidos na colisão.

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O coronel-aviador, que investiga o acidente ocorrido em 29 de setembro de 2006 entre um Boeing da Gol e um jatinho da American ExcelAire, destacou que o objetivo do inquérito realizado pela Aeronáutica é levantar todos os fatores que contribuíram para a colisão a fim de gerar recomendações de segurança que evitem outros acidentes. Rufino Ferreira, que trabalha há dez anos na prevenção de acidentes aeronáuticos, destacou que o país sempre teve a qualidade de seu controle de tráfego aéreo reconhecida pela comunidade internacional e garantiu que é seguro voar no Brasil.

Segundo o coronel Rufino Ferreira, durante as investigações que vêm sendo realizadas não foram encontradas indicações de deficiência ou ineficiência nos equipamentos de cobertura de radar. Destacou também que a comissão de investigação já terminou as análises dos equipamentos do Legacy e concluiu que o sistema de transponder (equipamento que evita colisões) do jatinho não apresentava "erro de projeto ou integração". Isso, informou ainda, eliminou a hipótese de falha mecânica do equipamento, cujo desligamento foi apontado como um dos responsáveis pelo acidente. O coronel lembrou, no entanto, que o acidente decorreu de uma série de situações alinhadas e não de apenas um erro.

Entre as "barreiras de segurança que foram sendo quebradas" ao longo do transcurso do vôo que terminou no acidente, o especialista apontou uma ordem "incompleta" dada pelo controle de vôo em São José dos Campos. De acordo com Rufino Ferreira, na orientação do vôo, faltou informar aos pilotos americanos até quando o jatinho deveria voar à altitude de 37 mil pés. Da forma como a ordem foi dada, não foi dito que essa altitude precisaria mudar ao passar por Brasília. Sem essa informação, disse ainda, o jatinho voou em rota de colisão com o Boeing da Gol.

Queda

O coronel Rufino Ferreira informou ainda que, quando houve a colisão, o Boeing perdeu quase sete metros dos 17,89 metros de uma das asas. A falta de um pedaço da asa levou o avião a cair "dando voltas no seu próprio eixo", ou seja, numa "queda em parafuso".

De acordo com o coronel, o avião fez dez voltas em parafuso à esquerda até colidir com o solo. Os equipamentos da aeronave gravaram 53 segundos dessa queda, até pararem de funcionar. O especialista também informou que, durante a queda, a pressão dentro da aeronave chegou a 5G, o equivalente a cinco atmosferas, "mais do que o corpo humano pode agüentar", disse.

O relatório da comissão de investigação ainda não está concluído, informou o coronel. De acordo com Rufino Ferreira, os depoimentos prestados a essa comissão são voluntários e nenhum dos controladores que trabalhavam no dia do acidente falou aos investigadores da Aeronáutica.



29/05/2007

Agência Senado


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