Presidente da Comissão de Orçamento vai pedir a Fraga que baixe os juros domésticos



O presidente da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), deverá questionar o presidente do Banco Central do Brasil, Armínio Fraga, nesta terça-feira (2), sobre as altas taxas de juros praticadas no país, que, observou, vêm criando sérias dificuldades para um melhor desempenho da produção agrícola e industrial. Carlos Bezerra é o autor do projeto de lei regulamentando dispositivo constitucional que estabelece um limite máximo de 12% reais (descontada a inflação) para a cobrança dos juros domésticos anuais.

Vários outros parlamentares que integram a Comissão Mista de Orçamento, entre eles o deputado Sérgio Miranda (PC do B-MG), pretendem interpelar o presidente do BC não somente sobre as altas taxas de juros praticadas no país mas também sobre o seu elevado custo, que contribui para aumentar o valor da dívida pública interna, obrigando o governo a reduzir os gastos com as áreas prioritárias para, assim, arcar com o serviço da dívida (juros mais amortizações) dentro dos limites acertados em acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

No seu pronunciamento, segundo ficou acertado com a comissão, Armínio Fraga deverá abordar o comportamento da política monetária em 2001, devendo ainda comentar os resultados dos primeiros meses deste ano, dentro das metas fixadas pelo governo e que têm como objetivo básico a manutenção da estabilidade econômica. Parlamentares da Comissão de Orçamento querem saber também de Fraga quais são as perspectivas do governo com relação à política cambial, diante, principalmente, da crise da Argentina.

Segundo dados do Banco Central, o resultado primário para o setor público consolidado não-financeiro foi superavitário em R$ 3,1 bilhões em fevereiro de 2002, obtendo-se um valor acumulado, no ano, de R$ 8,5 bilhões (4,3% do Produto Interno Bruto -PIB), o que significa praticamente o mesmo patamar de idêntico período de 2001 (R$ 8,9 bilhões).

Nos últimos 12 meses, o superávit primário (receita menos despesas exclusive os gastos com juros) atingiu R$ 43,3 bilhões (3,7% do PIB), mantendo-se no mesmo nível do mês de janeiro. Os juros nominais pagos pelo governo totalizaram R$ 8,3 bilhões, contra R$ 8,1 bilhões em janeiro.

O governo central apropriou despesas de juros de R$ 6 bilhões contra R$ 1,7 bilhão dos governos regionais e R$ 487 milhões das empresas estatais. Os gastos com juros nos dois primeiros meses do ano alcançaram R$ 16,3 bilhões, equivalentes a 8,2% do PIB, contra os R$ 13,5 bilhões (7,4% do PIB) registrados no mesmo período de 2001. Nos últimos 12 meses até fevereiro deste ano, o governo pagou R$ 89,3 bilhões de juros (7,4% do PIB), contra R$ 86,2 bilhões (7,2% do PIB) verificados em janeiro último.



01/04/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


Iris de Araújo sugere que governo baixe os juros com cautela

Armínio Fraga faz balanço da política econômica na Comissão de Orçamento

Armínio Fraga fala nesta 4ª à Comissão de Orçamento sobre política econômica

FRAGA CONCORDA: TAXA DE JUROS CONTINUA INACEITÁVEL

Há espaço para reduzir mais os juros, diz Fraga

COMISSÃO DE ORÇAMENTO VOTA NESTA QUARTA GASTOS COM JUROS E AGRICULTURA