PRESIDENTE DA TRANSBRASIL QUER REVER ABERTURA A EMPRESAS ESTRANGEIRAS



O presidente da Transbrasil, Paulo Enrico Coco, pediu ao governo que reveja sua "política de céus abertos", que permitiu maior presença de empresas aéreas estrangeiras no Brasil, especialmente as norte-americanas. Para ele, essas empresas têm custo mais baixo "por causa de seu poder financeiro e da baixa carga tributária nos Estados Unidos", o que lhes permite "comprar pacotes de aviões, enquanto as companhias brasileiras são obrigadas a praticar leasing, elevando seus custos". Coco disse que a carga tributária sobre o setor é de 7% nos EUA, enquanto no Brasil chega a 35%.Durante audiência pública das Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Serviços de Infra-Estrutura (CI), convocada para discutir os problemas das empresas aéreas, o presidente da Transbrasil afirmou que "o Chile reviu sua política" e só voltou a abrir seu mercado depois de criar condições favoráveis à LanChile. Paulo Coco disse ainda que as empresas norte-americanas estão dominando "os céus de todos os países latino-americanos", e adiantou que vem negociando um acordo operacional com a TAM e não uma fusão.O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos Baptista, outro convidado, defendeu que o governo preste socorro às empresas aéreas, caso seja necessário. O diretor do Departamento de Aviação Civil, brigadeiro Venâncio Grossi, questionado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), garantiu que a Vasp não apresenta qualquer problema de segurança aérea, apesar de seus problemas financeiros. Ele disse que o DAC vem fazendo até duas vistorias por mês na empresas e em seus aeronaves. Grossi defendeu a política de liberação gradual de preços cobrados pelas empresas aéreas e observou que "não houve uma guerra nociva de tarifas em 98, como se noticiava, mas um ajustamento do mercado". Para ele, não há mais sentido o governo fixar preços de tarifas aéreas "se não controla mais nem o preço do feijão com arroz", lembrando que já existem no Brasil, além das grandes companhias conhecidas, cerca de 500 empresas de táxi aéreo e 400 de aviação agrícola. Elas transportam por ano 30 milhões de passageiros, um número ainda pequeno se comparado com os EUA, onde ocorrem 600 milhões de embarques anuais. O Brasil possui 10.665 aeronaves.Já o presidente da Infraero, Eduardo Bogalho Pettengill, outro convidado dos senadores, apresentou números para mostrar que preços dos serviços aeroportuários no Brasil estão na média de outros países, exceto para a taxa de embarque dos vôos internacionais, "que aqui é mais alta por uma questão de política do governo" - 30 dólares contra cerca de 20 nos EUA e na Europa. Pettengill informou que a Infraero administra no país 67 aeroportos, enquanto os estados ficam com 121, os municípios com 131 e a Aeronáutica outros 392. O presidente da Vasp, Wagner Canhedo, convidado para falar sobre os problemas financeiras da empresa, não compareceu ao Senado, enviando fax onde afirma que não podia viajar porque tinha um "compromisso vital" para sua empresa, marcado antes do convite dos senadores.

14/03/2000

Agência Senado


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